RETROSPECTIVA, UMA PALAVRA UM TANTO TEMEROSA, afinal o ano acabou mais uma vez...E o que dizer sobre ele, o que dizer sobre os sorrisos, sobre as lágrimas, sobre as mudanças, sobre as pessoas que entraram em nossa vida (tantas), sobre as que saíram da nossa vida (sabe, que nem me dou conta da falta de algumas, enquanto outras quanta falta trago aqui comigo), sobre nossas falhas (tantas), sobre nossos fracassos (alguns), sobre nossas conquistas (sempre muitas)...sobre as estrelas, as constelações, os eclipses solares, as alucinações (e que ano alucinado).
Ser um ser em constante perturbação não é nada fácil. Choramos demais nos erros, choramos mais ainda nos acertos. Comemoramos pelos inimigos e amamos sem limites os amigos. Conversamos longas horas sem sentido, e por minúsculas vezes nos calamos silenciosamente, só ouvindo as abóbodas cerúleas dos pneus do príncipe encantado que parte. Deliramos por horas a fio tentando entender a vida, e então sobre a mais lúcida consciência só com um toque resolvemos todos os problemas.
Somos seres contraditórios: clamamos aos mil ventos que somos os melhores amigos, e fugimos no momento que o melhor amigo precisava de ti. São os pesos da vida. Em alguns momentos pesamos, em outros continuamos a gritar falsamente aos milhares de ventos que inventamos. A sei lá, dia de vento norte, não to legal!!
Somos seres ambíguos: não gostamos de frutas, mas gostamos de limão (na caipirinha, claro). Acreditamos que a matemática rege todo o universo, mas não conseguimos calcular a subjetividade. 2+2 = 4, sim isso é exato. Mas o que me leva a soma-los, quem poderá dizer, creio que nem mesmo a matemática.
Somos seres alucinados: Em dia solitários saímos para dançar salsa com a solidão. Em dias conturbados saímos para tomar trago com os falsos calados da madrugada. Sei lá, somos seres imperfeitos, ou perfeitos demais para tantas alucinações nos privamos dos maus constumes, mas costumamos fazer tudo errado. Mas o que seria o errado para um ser alucinado.
Olho para a janela do meu quarto, vejo fios do poste de luz ao lado, vejo um bafo escaldante da enconsta de geleira que derrete. Vejo mulatos carregando latas e vejo Neruda explicando metáforas. E o que é uma metáfora mesmo: O ano - uma onda que bate na areia. Vem – vai. Estás ouvindo? É hora de partir, é hora de admitir que somos alucinados, e que mais um ano hipócrita passou diante de nossos olhos de argila que não vêem nada, que não sentem nada, que apenas vivem, vegetam, fedem, se contradizem.