martedì, dicembre 20, 2005

Percebo-te, mesmo sem aqui tê-lo...

Percebo teus passos
Como a penumbra da noite que chega
Percebo teu cheiro
como o desabrochar da primavera
Percebo tua voz
Como os cânticos da natureza
Percebo teu corpo
Como a sensualidade da árvore de ébano
Percebo tudo isso...
Mas acima de tudo percebo a falta que me faz
Não ter teus passos, teu cheiro, tua voz e teu corpo
Aqui nesse momento...
Por isso fico com a presença das noites de primavera
E da árvore de ébano que enfeita a beleza da natureza....

Não a explicação para as palavras tristes, de um coração com saudades...

sabato, dicembre 17, 2005

Um novo natal, mas a velha espera pelo Papai Noel...

As ruas enfeitadas, os bons velhinhos em todos os cantos da rua. As ruas cheias e as sacolas também estão cheias. É natal? Será? Dizem que é natal, dizem que o bom velhinho virá, e dizem que as sacolas têm que estarem cheias e as ruas enfeitadas.

E nós? Nos enfeitamos de alegria, nos vestimos de paixão, estamos cheios de amor...Será que vivemos o natal?

Pois com a missão de escrever algo que sintetizasse esse espírito natalino, cá estou buscando um fato pitoresco, aliás uma conversa sem sentido, para descrever um pouco sobre esse momento que se aproxima.

Entre palavras fortuitas ele me falava do presente que daria ao filho e do acordo que assim foi feito, tudo para que o papai Noel lhe trouxesse o presente desejado. Aí minha memória, sempre muito fértil e possuída por lembranças, me fazem voltar a muito anos atrás. Era natal e enfeitávamos o pinheiro de natal, ensaiávamos teatro e esperávamos ansiosamente pelo Papai Noel. Meus natais nunca foram dos mais luxuosos e meus presentes nunca foram dos mais grandiosos, pois afinal o que meus pais podiam dar era menor do que desejávamos por vezes, mas seu amor era muito maior do que imaginávamos. E assim, estava novamente preparada para aquele natal. Mas burbúrios que ouvi entre meus colegas me perturbavam. É ouvi dizer que papai Noel não existia, será??? Como poderia ele não existir se por vezes via ele batendo na porta e chegando, lembro que na época minha expectativa era tanta, que à noite do dia 24 não pregava o olho, e sempre o ouvia, mas devido ao medo nunca tivera coragem de ir ao encontro do bom velhinho.

Mas naquele natal a dúvida era maior do que a necessidade de um presente, pois todos os presentes do mundo não preencheriam o vazio de pensar que o Papai Noel não existia. Minha imaginação não permitia e não queria acreditar naquele comentário, devia ser intrigas de colegas, pensei. Mas mesmo assim, fui sanar minha dúvida com a mãe. Uma tristeza brusca e frustante encheram meus olhos de lágrimas, é ele não existia. Ainda lembro, que decepcionada com a resposta da mãe, não quis acreditar e para mim ele continua existindo, porém agora já não o ouvia como antes e meu medo já se dissipara, precisava ter a certeza de que isso tudo era um grande engano.

Então naquela noite, mais do que em todas as outras permaneci acordada, ouvia barulhos e corria para a porta do quarto, de onde avistava o pinheirinho e era onde papai Noel colocava os tão simples presentes, mas horas se passaram e nada dele aparecer. Minha imaginação de criança fantasiou um atraso, de repente um erro no caminho, mas ele viria, não tinha dúvidas. Então, vencida pelo cansaço adormeci como um anjo à espera de seu Deus.

É! Com o tempo entendi a triste realidade, mas nunca a aceitei, pois até hoje lembro da frustação dessa verdade. Como dizia conversava com meu amigo e lhe relatei, claro que em palavras breves a grande decepção que tivera quando descobri que papai Noel não existia. Então minha surpresa foi imediata, pois meu amigo, me indaga com uma cara quase convincente, se não soubesse o quanto ele é debochado. Ele me indagava com assim que Papai Noel não existe?? Então sem saber o que dizer tentei amenizar a situação, como eu disse sabia que aquilo não passava de uma brincadeira, mas mesmo assim lhe pedi desculpa pela frustração de através de minha palavras fazer com que ele descobrisse que Papai Noel não existe, mesmo ele já sendo bem grandinho para entender essa realidade.

Enrolei até aqui na verdade para escrever desejos de um ótimo natal a todos que estão lendo desse texto. E por que contar essa história, então?? Isso tudo é para descrever o que eu acredito como verdadeiro para o natal e para um verdadeiro sentido dessa data.

É que desejo que todos os homens tenham sempre consigo a pureza e a inocência das crianças, que ouvem os barulhos do papai Noel sem ele existir, que se surpreendem com as histórias de contos de fadas e deixam o olhar brilhando a cada nova descoberta, e que se envolvem com tal sensibilidade nelas que não percebem que o tempo passa a não ser quando se preparam para mais uma vez esperá-lo.

Sejamos sempre crianças, crentes em contos de fadas e sensíveis ao mundo, encantamo-nos com as ruas enfeitadas, com os bons velhinhos nas ruas, com os presentes, mas acima de tudo admiraremos a beleza da vida, a simplicidade das coisas, e os verdadeiros sentimentos. E que tudo isso, não seja lembrado, apenas no natal, mas durante os 365 dias que separam essa data. E não deixamos nunca, nem depois de muitos anos de acreditar que histórias somos nós que decidimos por acreditar ou não, mas principalmente somo nós que as vivemos ou não.

ESPERO O BOM VELHINHO E JÁ SINTO SEUS PASSOS PELA CASA, E TAMBÉM DESEJO QUE O NATAL DE TODOS VOCÊS SEJA TÃO ABENÇOADO, QUANTO OS 365 DIAS QUE NOS SEPARAM DESSA SEMPRE BONITA E VERDADEIRA HISTÓRIA.

FELIZ NATAL E NUNCA DEIXEM DE ACREDITAR NOS SEUS SONHOS E NEM NO PAPAI NOEL, POIS ELE EXISTE E ISSO NÃO É UMA ILUSÃO...POIS CONFESSO QUE MESMO DEPOIS DE GRANDE AINDA O ESPERO TODAS AS NOITES DE 24...E NÃO TENHAM DÚVIDA OUÇO SEUS PASSOS COMO A LEVE ESPERANÇA DE QUE SONHOS SEMPRE VIVEM EM NÓS...

Tudo é permitido com as palavras, mas como controlar as personagens??

Érico Veríssimo 5x aos meus olhos e ouvidos e a minha inventividade copiosa de obras extremamente completas, mas que abrem caminhos para vieses que minhas mãos e o cansaço do prosaísmo e mesquinharia da minha vida permitem reconstituir.

E tu te contentas em fechar os olhos e fingir que tudo isso é absolutamente perfeito?

Pois ela descia formosa daquelas escadas, tão esplendidas como a noite que se aproxima. E ele? Percebe que não lembra de nada, aquela rua era longínqua e taciturna, mesmo sendo de Porto alegre, e dele já não sabia mais nada. Daquela formosura que descia as escadas só restou a dignidade dos lírios que vestiam sua alma, pois foi daquela tão alto andar do Prédio Império que consideravas tudo perdido. Daquela janela ele podia ver um mundo que inspirava suas obras. Sim sutilmente suas personagens passavam por ali, deixando no ar o sabor amargo e nebuloso de um final incerto. E ele precisava de um prefácio.

Ela não tinha dúvidas de que os lírios eram seu retrato, pois nem mesmo Salomão conseguia vestir-se com tal magnitude, mas o corredor e aquela janela a inspiravam bem mais. Suas tristezas e angústias por estar desacostumada a esse novo mundo a instigavam a buscar aquele caminho. Ele estava certo de que aquela noite estava apenas começando e de que aquele caminho não lhe era conhecido. Já não lembrava o que fazias, mas a sua carteira cheia de dinheiro afugentava a triste angústia que cercava seu passado de pobreza, e assim seu romance com o caminho cruzado estava garantido.

Ela sempre fora bondosa e desde daquele dia descendo as escadas do baile até o encontro à janela nada havia mudado, sempre praticara o bem e desejava ver os lírios cobrindo as ruas de Porto Alegre e também o corpo de seu filho que permanecia intacto já sem vida, assim como o seu também seria. Ele sentava a sua mesa e sem coragem não abria aquela carta, olhava sempre para aquela janela como quem busca o desconhecido num mundo invisível. E ali eles sempre estavam, com suas roupas liriosas, suas festas de gala, com sua miséria incontestada e com o cheiro de esperma e de morte ao vento. Mas o fato é que ele não lembrava e aquela não seria sua última noite.

Ela já não lembrava mais do lírio dos campos, nem conhecia os enganos do marido, ela bebia compulsivamente, e trabalhava na loja de brinquedos. Mas cansada de tanta mesquinharia da vida, toma atitudes quem nem mesmo aquela doença permitiriam, morrer sem que antes ele lembrasse quem seria. Mas ele tinha certeza que não a matara. Dos bares, das prostitutas, de seus muitos livros e dê sua ambição lembrava, mas não lembrava como naquela rua parara e em que noite era aquela não que acabava.

Ela mais uma vez não teve dúvidas, sua formosura era tanta que até mesmo a rua se enfeitaria com seu corpo caído no chão. Seus olhos verdes, azuis, castanhos brilhariam com o raiar de um novo dia, afinal a noite já se findava. Primeiro o sexo, depois a angústia, depois o sapato e lá se fora enfeitar mais que um lírio aquela rua estranha de Porto Alegre. Por mais que ele não lembrasse sabia que a tinha encontrado, tomou, transou, cuspiu, escreveu, criou...Afinal ele precisava de um prefácio e na sua cabeça nada mais lembrava do que a cor de seu gato, o cheiro daquela pele e o teor daquela bebida.

Ela encontrou naquela rua o repouso de seu pesar e entre lírios adormeceu pausadamente sob o olhar daquela criança. E ele não tinha dúvidas encontrara o prefácio de seu livro. Chegara tarde ele sabia, mas o remédio mais sensato era deixar seus personagens soltos, naquela longínqua rua e distantes daquela janela.

Pois eu não me contento e sei que nada disso é perfeito, por isso dou liberdade as minhas personagens e mais uma vez largo essas palavras ao vento. Ele e ela agora são os meus observadores da estrela de sírio e constatam novas histórias aqui na terra. Mas irei sem pesar nesse momento tomar um banho de silêncio, para limpar a alma das palavras. Assim o fez Érico Veríssimo, assim fazemos nós. Ele, ela e eu.
Vou tentar esboçar uma explicação lógica para essas palavras, já que seu sentido é desprovido de logicidade. Nessas palavras sintetizo os diversos personagens de Érico Veríssimo...Olhai os lírios do Campo, O Resto é Silêncio, Noite, Caminhos CRuzados...5x Érico e mais uma vez um delírio...Pois essa vida é monótona e e essas palavras são escravas de um sábado à noite mesquinho. Mas outras noites virão. E nós...Ele, ela e eu somos donos da noite. Isso tudo é um absurdo, mas um personagem nesse momento me indaga, perguntando o que seria de nossas vidas: a minha e a dele sem absurdos?. Dei-lhe liberdade para pensar, agora me resta ser um Girassol dos Oceanos...

Sessão...o dia em que escrevi essas palavras...

Vida mundana...

És tu mundo ingrato
De muitos rostos e lágrimas
Cadê teus sapatos?
Mais uma vez nas calçadas.

Crueldade companheira mórbida
Do presente desumano
Na verdade todos tentam, tentaram glória
Mas tu não passas de mais um mundano.

O teu coração partido
De todo sempre teme o lamento
Já te escondem os abrigos
És mais um ser ao vento.

Sem motivo e razão
Creio que do amanhã um porém
Se antes fora paixão
Talvez depois somente amém.

Mas nessa vida mundana
Não sérás apenas mais um
Nem terá rosto de criança
Apavorada com um corpo caído e nu.

Porém se renasceres das cinzas
Ó fenix retrato da felicidade
Quem és tu bela menina
A eterna guardiã da verdade...

Texto escrito em 2004, sem data e sem sentido, se alguém encontrar algum me apresente, pois não está perceptível aos meus olhos...Apenas mais uma poesia...apenas a fugacidade de mais palavras..

venerdì, dicembre 16, 2005

Como descrever???Pior saber como viver???

Palavras vivas, felinas, vorazes
Dilacerantes, absurdas, eficazes...
Fáceis e bonitas em poesias
Díficeis e cruéis na própria vida...

Palavras absortas, imprevísiveis
Calejadas, inflamadas, inatíngíveis...
Fáceis e bonitas quando pensadas
Difíceis e cruéis quando mal ditas...

Escrevê-las eu sei
Dizê-las gostaria...
Escvrever, dizer,
e vivê-las não deveria...

Palavras escritas, ditas, porém nem sempre vividas...

Uma poesia, para aliviar a tensão de uma sexta-feira de manhã vazia..e com uma grande agonia...Tenho medo de acabar como todos os poetas, escrava da minha melancolia...

A vencedora do Concurso de Crônica...

Diria num primeiro momento que não gostei de relê-la, pois agora precebo que isso não é uma crônica é apenas mais um relato bem escrito de passos da minha história...Mas para todos aqueles que pediram, lá vai a minha crônica vencedora do Concurso de Crônicas da UFSM...bom o fato de não gostar mais muito dela, já me inspirou para o próximo ano, como diz Jair Alan, quem sabe uma breve crônica do pé quebrado, é uma ótima sugestão, mas diria que não tão breve...
DOS SONHOS DESCRITOS, UMA HISTÓRIA INACABADA...
Admiro quem inventou a agenda. Pode parecer estranho, mas sempre fui muito apegada por uma, pois foi nas minhas agendas que descrevi tudo que até hoje vivi. E é numa dessas antigas agendas que hoje volto para recordar quando começou essa história. Eu ainda era menina e flores vestiam minha agenda de alegria, foi naquelas páginas e naqueles dias que descrevi os primeiros passos em busca de um sonho.
Desse sonho de menina, o desejo de ser escritora e depois o sonho de ser jornalista. E lá naquela tão pequena cidade o sonho de estudar na UFSM começou a ser traçado, certamente pela influência do irmão que já estudava nessa instituição. Primeiramente acreditava poder ser uma "Fátima Bernardes", depois indo um pouco mais longe, acreditava também que poderia ser uma "Fernanda Torres". Enfim, aos poucos, essas páginas foram se enchendo de esperança e vontade de buscar esse sonho, que agora já não pareciam mais tão distante.
Nessa minha busca contínua por lembranças do passado, agora vejo páginas das agendas nõa mais tão floridas, até mesmo as considero vazias. Vazias pela falta do abraço da mãe, a falta do "puxão de orelha" do pai, e das brigas com os irmãos. Já estou em Santa Maria e pertinho, ou nem tanto, do sonho de menina. E é nessas páginas de minhas duas agendas que descrevo meus dois anos de cursinho que fizeram parte desse caminho até a UFSM. Durante esses anos entendi aquele ditado: "todo sonho para valer a pena exige um certo grau de dificuldade". Podem não ter sido os melhores anos de minha vida, mas certamente foram nessas linhas de minhas agendas onde mais cresci.
Felizmente páginas podem ser viradas, assim como dificuldades podem e devem ser superadas. Então, novamente, vejo nas páginas de minha agenda flores, adesivos, frases me remetendo aos velhos tempo de menina. O fato é que já era uma mulher. Mas a visão de um sonho realizado faz voltarmos a possuir aquele encanto de criança. É passei no vestibular. Agora sim, a história da UFSM na minha vida!
Da fila da confirmação da vaga no curso de Jornalismo, da sujeira do trote, dos documentos necessários para várias carteirinhas, tudo isso parecia lindo, até diria, num primeiro momento, perfeito. Depois do primeiro encanto, vem à tona a realidade e, com o colchão debaixo do braço, me mudo para a UNÎÃO, tenho necessidade de morar na Casa do Estudante. Naquele quarto passei dois meses, dividindo o mesmo espaço com sessenta e seis meninas, ou melhor mulheres. As camas mal desarrumadas, filas no banheiro, falta de privacidade, todos esses fatores me fizeram aprender a lição mais significativa da minha vida, muitas vezes descritas naquela agenda: conviver é aprender a respeitar o outro. O fim da idealização e o primeiro contato com os colegas, os professores e as aulas, os muitos livros, trabalhos e a vontade de cada vez mais aqui crescer, especialmente como ser humano.
Depois da primeira vez, a segunda. Novamente, vejo em outro dia de mina agenda muitas flores e adesivos. Passei mais uma vez no vestibular e agora sou acadêmica tamboem do curso de Artes Cênicas. Da correrria entre dois cursos, estágio, RU, biblioteca e DCE, ainda encontro tempo para registrar essa história nas páginas de minha agenda que, seja na pasta ou na cabeceira da cama, sempre está comigo.
Agora, depois de dois anos na UFSM, de uma coisa tenho certeza, que alé de ser uma "Fátima Bernardes" ou uma "Fernanda TOrres" posso ser muito mais, pois foi na universidade que descobri que o mundovai muito além do conto de fadas apresentado pela televisão e que enfeitava minhas antigas agendas. Seja pelas angústias de noites maldormidas devido a muitos trabalhos a seram feitos, seja pelo início da greve, na falta do RU, da biblioteca, e da falta de laboratório, da vontade de querer sempre mais, por tudo vou preenchendo os dias de minha agenda, ou melhor, de minha vida, com a UFSM na minha história.
Ao descrever essa breve história da UFSM na minha vida, de uma coisa tenho certeza: essa história está apenas no início, e entre páginas floridas ou dias vazios, muitos dias ainda vividos nessa universidade enfeitarão minhas futuras agendas. Aprendi a admirá-la, muito mais do que a pessoa que inventou a agenda, pois já faço parte dela, assim como, ela já faz parte a muito tempo da minha história.

mercoledì, dicembre 14, 2005

Impressões de mais um dia com o pé-quebrado...

Num primeiro momento e em quase todos acreditei que estar com o pé quebrado era a pior coisa do mundo...Mas hoje percebi que não estar com o pé-quebrado é bem pior.
ATO I...ANTES DA QUEDA...
Sempre fui uma pessoa hiperativa, ligada 24 horas por dia. Tanto que nos últimos dias antes da fatídica queda dormia em torno de 2 horas por dia. Insônia?Estresse? Hiperatividade? Diria que um pouco de tudo, mas pouco para quem sempre acreditava que conseguiria abraçar o mundo, com uma só braço. "Santa ignorância".
ATO II...LOGO APÓS A QUEDA...
Tinha quebrado meu pé e isso era fato. Mudei-me para casa do meu irmão, deixei de frequentar aulas, estágio, grupos de pesquisa, ensaios e festas. No começo aceitei a idéia, tudo na mão, uma mordomia, agora teria tempo de ler muitos livros de literatura, assistir muitos filmes, descansar, comer e engordar...Acreditei que isso era o melhor para mim, afinal precisava dar um tempo na correrria de minha vida. Mas não precisava ser tanta.
ATO III...O FIM DA ILUSÃO...
Poucos dias se passaram , e os livros não me interessavam como antes, filmes e Tv não queria mais ver, sentia muita falta de tudo. Falta das pessoas, das filas, do movimento, da correrria, da insônia, até mesmo da ignorância de muitos que me cercavam. A mordomia citada acima passou a ser sinônimo de dependência. E eu nunca fui tão dependente de alguém, a não ser financeiramente, é claro. É quebrar o pé não fora uma grande idéia. E assim três crises PPQ (pós-pé-quebrado) se passaram.
ATO IV...QUEM NÃO TEM OQUE PENSAR, PENSA O QUE NÃO DEVE...
Sei que deve estar parecendo chato essa descrição, praticamente uma autobiografia de ossos quebrados, mas acho válido dividir certas percepções com vocês leitores. E também, por que assim meu dia passa mais rápido. Mas como sugeri no título desse ato, cabeça vazia sempre da espaço para pensamentos duvidosos. Sim, entrei em paranóia, e comecei a divagar sobre coisas que jamais teria parado para pensar até por que não tinha tempo para isso. Divaguei sobre as paixões, sobre os amores, sobre a brevidade de nossa vida, sobre a natureza, sobre o lixo na rua, sobre a internet, sobre eu e sobre todos vocês. Divaguei muito além do que o senso comum pode permitir e assim me irritei, me fastiguei, xinguei, briguei, fiquei de mal-humor. Realmente não nasci para pensar de pé-quebrado. Os resultados foram irreversíveis e sequelas ficam em meu comportamento.
ATO V...UMA NOVA CHANCE...
Mas estava quase acabado, tirado o gesso, agora bastava a fisioterapia. Ja me imaginei, correndo todas as tardes, nadando em rios e buscando várias cascatas, que quero conhecer. Frequentando as festas normalmente (sem salto claro). Me senti independente, mas realmente só pensei, pois afinal minha imaginação nunca fora tão aguçada. Coloquei meu pé no chão, mas ele não respondeu as minhas expectativas, não o sentia, a não ser a dor. Entaõ começa outra maratona, a crise PGT (pós-gesso-tirado). Aos poucos vou largando as muletas e agora sim aonde gostaria de chegar.
ATO VI...A SOCIEDADE NÃO ESTÁ PREPARADA, nem eu...
é isso mesmo, pensei que todas dificuldades se dissipariam, assim como a lembrança do gesso se dissipou. Desculpa a quem assinou, mas a primeira coisa que fiz foi jogá-lo no lixo. Então devagar comecei a dar os primeiros passos em direção a fisioterapia. Mas aos poucos percebi que a sociedade, é estérica, afobada, louca, rápida...Sim, amigos isso são alguns traumas. Lentamente me desloco pelo calcadão e tenho a sensação de que todos aqueles pés frenéticos vão esmagar o que sobrou do meu. E acanhada num canto prossigo, percebo que muitos me olham tentando identificar meu problema, será que ela é manca, ou quebrou o tornozelo? Cansei de responder perguntas como essas. Pois foi hoje que percebi como a sociedade é rápida, como eu era rápida e então também percebi que quebrar o pé seria uma boa solução para que todos parassem um pouco e percebessem, que nem sempre correr freneticamente é tão válido, quanto menos necessário.
ATO VII...TRAUMAS E PERCEPÇÕES...
Dos traumas citaria, a percepção de que não nasci para passar muito tempo parada, a cabeça enlouquece. Que saltos me causam arrepio e por um bom tempo longe deles ficarei. A também, tem o choque no pé durante à noite, esse é o pior trauma. O de ser dependente. Quanto as percepções. Não é preciso um pé quebrar para pararmos um pouco e analisarmos o que estamos fazendo de nossa vida. Por isso nada é por acaso, para o mim o pé teve que ser quebrado. Pois pensar por mais que enlouqueça é necessário e amadurece nossas visões de mundo e de necessidades. E a última percepção é de que nunca devemos manter uma paixão, enquanto estivermos de pé quebrado, pois os pensamentos vão longe demais, as percepções vão além do permitido e os traumas são irreversíveis.
ATO VIII...CONTINUANDO UM DEVANEIO...
Pois é assim, se nada é por acaso...O acaso me levou a ter traumas e a pensar em novas necessidades, PPQ, PGT, TPM, crise PTI (pós-tudo-isso), todas só me ajudaram a incentivar antigos e futuros devaneios, psico-amorosos-sociais-traumatólógicos de uma vida enlouquecida.

lunedì, dicembre 12, 2005

Os olhares de Satania vencidos por um só olhar...Salve-a José...

A Satania que antes fora descrita pelo poeta voltou a aparecer, e inspirada na história de José me incentivou a descrever essa história e essas sentimentalidades. Fiquei surpresa num primeiro momento. Pois para mim, assim como para todos a Satania sempre fora muito bem resolvida. Descrente do amor, se entregava sem limite as paixões fugidias e dilacerantes. Dona de uma intuição assustadora poderia prever no olhar de cada um daqueles que surgiam em seu caminho, verdades, que até os mesmos deconheciam. E por viver sob esse legado de ver mais do que o aparentemente visível, Satania sofria, mas ao mesmo tempo sempre esteve ciente do que viveria.

Satania sempre fora formosa, decidida, perspicaz, podia enganar a qualquer um deles. Personificava na beleza de seus olhos um anjo, mas sabia que em suas entranhas o pecado era infernal. Não lastimava pelos fracassos e nem pelas histórias mal vividas, ao contrário sempre buscava refúgio em novas aventuras tentadoras. Era capaz de viver tudo com tal intensidade, que estava certa de seus passos mais inseguros. Era a dona das palavras bonitas, das poesias envolventes, era a loira dos sonhos lancinantes dos jovens que a conheciam.

Sofrer sempre sofria não a como negar, afinal sempre fora apaixonada compulsivamente pela vida e pelas pessoas. Se entregava sem receios a suas razões e a seus desejos infindáveis. Sempre fora assim a própria personificação do paradoxo, pois entre a inocência de um anjo, salpicava em seu corpo o calor daquele demônio. Crente de que nunca nenhum deles seria capaz de revidar suas atitudes, Satania perturbava por ser portadora daquele olhar. Como descrito anteriormente pelo poeta: Ela é portadora do olhar mais provocante, provocativo, sarcástico, desafiante, desafiador...que pode existir. Como se isso não bastasse, ela tem o habito de fixar esse olhar nos olhos deles. Ela sabe que eles são dominados pelo Id; assim eles são 90% animal e 10% racional. Ela também é sabedora que, no Reino animal, olho no olho significa desafio, o que se resolve apenas de duas maneiras: luta ou humilhação. Eles sempre se humilharam.

Mas essa vida nos remete muitas surpresas e até mesmo Satania, ou até mesmo José podem ser surpreendidos. Mas a surpresa não fora tanta, pois Satania já sabia quando viu aquele olhar, que uma longa história estaria começando. Nunca se enganara perante nelhum olho, e não seria aquele que mudaria a história. Pois aí ela se enganou, por que esse olhar não só mudou, mas a desafiou, o que eu como vaga escritora poderia dizer é que ela sim é que mudou.

Satania estava ciente do que estava por vir, e pensou em desistir, mas essa não era sua missão e desistir era uma palavra logínqua de seu repertório. Então ela se arriscou, e não teve dúvidas. Dias, horas, minutos, segundos, foram suficientes para perceber o poder daquele olhar. Tentou fugir, diz ela, com todas as forças e tentou buscar todas as interpéries que existiam. Pois acreditem leitores, eu vi a tão temida Satania por tantos olhos, padecer por um só olhar. Ele que portava o olhar mais calmo, mais profundo, mas misterioso, levou a eterna Satania a dilaceração de seus poderes ocultos
.
Aos poucos ela viu-se desprovida daquelas táticas eficientes de sedução e afastamento, pois nada mais passou da sedução tentadora daquela loucura. Como eu disse ela tentou de todas as formas fugir, mas quando sentiu pela primeira vez aquele toque, aquela boca, aquele olhar pros breves momento só seu, caiu por terra toda a lenda e mitologia que protegia a tão temida Satania. Surpreendida com tal paixão dilacerante, sua vida encheu-se de sentido até então desconhecidos, ou deixado de lado em outras paixões fugidias. E mais uma vez ela não teve dúvida, pois por mais que a tirassem tudo, sua intuição não a enganaria, estava certa de que mesmo fugindo tudo aquilo era para acontecer, mesmo uma outra vida sendo a interpérie de tudo isso.

E hoje amigos, eu que não passo de uma crente escritora relato com muito pesar o presente de Satania, inspirada no José. Satania, a bruxa de sorriso bonito e radiante, que seria capaz de iluminar a noite mais escura que já existiu ou possa existir. Ela que parece uma garotinha de sete anos, inocente...Ela que tem seus olhos claros, tranqüilos como o mar de uma praia do Caribe, mas que, ao mesmo tempo, transmitem a sensação de uma destruidora Tsunami. Ela mesmo, essa Satania padece por ter sido surpreendida por um deles que sempre teve como missão surpreender.

Nos olhos da minha Satania, vejo leves respingos de tristeza, e impotência, pois sabe ela que não possui mais o poder mágico de livrar-se desse olhar. Seu sorriso tão radiante, não deixou de existir, mas muitas vezes está sendo substituído por insólitas lágrimas, que se confudem entre a alegria de estar se permitindo viver para ter esse olhar e com a tristeza de não possuí-lo quanto necessita. É, escritores tem que conviver constantemente com as Satanias e os Josés e tem que só transcrever. Se resolverem viver suas histórias, podem fazer parte de uma história que não sabemos qual o final. E não vou ser eu uma simples escritora detentora desse privilégio de escrever esse final, pois antes de escrevê-lo quero vivê-lo mesmo não sendo a tão misteriosa Satania e mesmo não conhecendo seu amigo José.

domenica, dicembre 11, 2005

Marido, mulher, amante...Será que existe perfeição?

Essa vida é muita engraçada mesmo, principalmente para nós escritores ou críticos (ou no meu caso que me considero uma). Há dois dias escrevi um texto criticando a atuação do Jornalista Willian Bonner, e há um dia recebo em minha casa o Zero Hora com uma manchete no caderno Donna, dizendo que ele, o tão criticado jornalista, teria sido escolhido o marido ideal pelas mulheres brasileiras. Que choque! Confesso que tive que rever muito dos meus conceitos em relação ao jornalismo e as táticas surpreendentes de Willian Bonner, mas tive também que rever meus conceitos sobre marido ideal (mas será que ele existe?)

Nunca me imaginei casada a não ser por breves momentos de uma paixão fugidia. Para mim casamento só da certo quando cada um tiver seu canto e sua privacidade. Até por que não sei se conseguiria arranjar um marido ideal que suportasse minhas manias. Creio que Willian Bonner não seria esse marido, pois para mim quem tem uma visão de telespectador Homer Simpson e não faz nada para mudar isso, é apenas mais um ideal homem influenciado pela lógica do consumo. Se fosse escolher meu homem ideal pelo estereótipo, qual seria? Sempre gostei de homens aventureiros, morenos, de pele morena (mentira loiros também tem sua vez), bonito, inteligente, que goste de dançar tango, mambo, bolero, salsa, forró, enfim eclético, também que goste de cozinhar, passar horas jogando conversa fora e que goste de viajar, ler, tirar foto (eu sei que algumas pessoas vão dizer que tenho uma leve tendência a fotógrafos, é realmente já tive alguns, mas diferentes maneiras de fotografar também são válidas). Bom meu marido perfeito, aliás, homem perfeito seria, seria? Se eu soubesse quem, não estaria aqui nesse momento, até por que tem coisas bem melhores para serem feitas a essas horas da noite, com um homem ideal.

Mas e quanto à mulher perfeita? Mais uma vez tenho que achar engraçado, pois há semanas atrás, essa mesma pesquisa foi divulgada e então foi escolhida a esposa ideal, até aqui nada de engraçado a não ser a idealização que cerca a visão romântica de ambos os sexos. O engraçado é que não só a esposa ideal foi escolhida, mas também a amante ideal. Por isso fiquei admirada, pois se existe a amante ideal, por que não o amante ideal. Devemos concordar, que nesse quesito não haveria chance para nosso ilustre jornalista. Eu votaria no Brad Pitt, com aquele olhar tentador, aquela cara de safado, o que tudo indica que tem "aquela pegada". Mas o fato é que vivemos num mundo que ainda acredita, que somente os homens tem direito a ter amante. Então eu me questiono, qual seria a mulher ideal pra segurar um homem ideal como seu marido, e como seu amante?

Diria que essa é uma pergunta muito difícil, em se tratando de convivência, de relacionamentos, de sexo, de filhos, de contas para pagar, enfim depois de tudo isso é cansativo pensar em ser uma mulher ideal em todos os sentidos. Elas dizem que querem um homem compreensivo, bem cuidado, galanteador, fiel, amante, companheiro, ambicioso, carinhoso e prendado. Meu Deus salve os homens das garras das mulheres que querem tudo isso de um só homem! Agora estou começando a entender por que tantos gays, afinal nenhum homem vai querer conviver com tanta exigência. E vocês mulheres o que tem a oferecer?

Eu que não tenho mais do que breves anos (na verdade brevíssimos) de relacionamentos e que às vezes mais idealizo do que vivo, prefiro ficar longe do tipo Willian Bonner, para mim isso não passa de uma imagem criada pela mídia e prefiro me conter em escolher homens normais, comuns e que de preferência, não sigam a rigor todos aqueles quesitos desejados pelas mulheres. Tudo que é muito perfeito, também é suspeito. E quanto ao papel da mulher, sempre acreditei naquele velho ditado da minha avó: “mulher pra merecer qualquer homem, tem que ser uma dama perante a sociedade e uma puta na cama”, assim será não só a esposa ideal, mas também a amante desejada.

No final da história, não sei ao certo o que me levou a escrever esse texto, não sei se foi a indignação por ver que Willian Bonner, o cara que critiquei a dois dias e que agora foi eleito o marido ideal, ou se é por que eu não acredito em pessoas ideais. Acredito sim, na paixão, na convivência, no respeito principalmente pelas diferenças e imperfeições de cada homem e de cada mulher. Pois muito antes de sermos maridos, esposas e amantes ideais, somos homens e mulheres, cada qual com suas necessidades e vontades, que vão muito além de um William Bonner ou uma Jennifer Lopes (esqueci de citá-la, mas é que sua perfeição é tanta que me deixa até sem graça, um breve engano óptico).
Depois de escrever tudo isso, acredito que terminei com as perspectivas de um futuro casamento. Sério um velho amigo, a qual sempre prometi casar foi o primeiro e ler esse texto, e acho que desistiu de mim, pois ele é loiro de olhos azuis, não é fotógrafo e não entende minhas crônicas, mas como ele mesmo acabou de me dizer não existe perfeição, existe algo próximo ao ideal. Nem mesmo na engenharia mecânica as coisas são perfeitas...Numa dessas Junior um dia a gente ainda da certo...

Palavras rabiscadas...

Nos últimos dias não tenho me sentido mais muito inspirada, por isso agora só escrevo a partir de palavras rabiscadas...

Dúvidas???
Insólitas dúvidas
De sonhos sempre presentes
Motivo de tanta agonia
É seu ser tão ausente...

Viver eu queria
sem ser notada
pelas dúvidas e pelos sonhos
e por você principalmente...

AS dúvidas se dissipariam
Sonhos não atormentariam
e sem você eu viveria...
INFELIZMENTE

Apenas rabiscos de mais um dia sem você...

venerdì, dicembre 09, 2005

Do Projac direto para o Inferno...

Coincidentemente recebi hoje pelo e-mail, um texto que falava da situação desconfortável de professores na redação do Jornal Nacional. Foi hoje, também, que acabei de ler uma crônica do Frei Betto com o título de Telespectador, e também não faz muito que já tinha chegado a algumas conclusões sobre a televisão e sobre o seu jornalismo. Depois de tantas coincidências acredito ser válidas algumas considerações televisiva, ou melhor, algumas desconsiderações, pois se trata de uma crítica.

Parece um cenário perfeito para grandes discussões e um agitado dia para se pensar no Jornal Nacional, penso que foi esse o pensamento dos professores da USP, quando entraram na redação do Jornal Nacional. Confesso que também acreditava nisso. Mas como sempre, o jornalismo tem muitas surpresas, é bom estarmos preparado para mais essa. Certamente todos aqueles professores, assim como eu, esperavam de Bonner muitas discussões, decisões e coerência, ao menos é o que seu perfil aparenta sentado atrás do balcão do Jornal (nesse momento inclusive ouço sua voz). Mas não, o pouco que saiu de sua boca segundo descrições de Laurindo Lalo Leal Filho, foi como as pesquisas que indicavam o perfil do telespectador. Sim, amigos, o telespectador do Jornal Nacional é um Homer Simpson, preguiçoso e lento. Essas foram às palavras, usadas pelo nosso ilustre apresentador. E essa é a dura realidade do Jornal Nacional, aliás, esse é o pensamento de nossa âncora, que sem muitos questionamentos e diálogos, escolhe as notícias mais acessíveis e apelativas, sem ao menos discutir com as caras constrangidas de jornalistas e professores ao seu redor.

Enquanto Bonner superficialmente trata do Jornal mais importante do Brasil, Frei Betto sutilmente, ou nem tanto, critica em sua crônica a postura do telespectador...

Viriato depois de ter uma vida de pecado é condenado a passar o resto de sua eternidade no inferno, lá o diabo lhe oferece um quarto, em que ele tem direito a uma cadeira e uma televisão Num primeiro momento Viriato nem acreditou que esse seria seu castigo, a televisão oferecia uma programação muito variada. Mas depois dos primeiros dias de desfrute percebeu que a tv nunca podia ser desligada e que seu volume não poderia ser alterado. Depois de três meses Viriato percebeu que sua pena não era tão leve quanto imaginava, a TV não era uma mera transmissora de atrativos, era um ente real que pensava por ele, sonhava por ele, raciocinava por ele, seqüestrando-lhe a identidade.

Viriato, então, percebeu que um vazio instalara-se no âmago do seu ser. A programação saturava-o. Embora variada, obedecia aos mesmos modelos repetitivos: o sorriso saúde-e-afeição dos apresentadores, a beleza esguia das mulheres, a ridicularização dos homossexuais e gordos, a apologia ao adultério, a comicidade derivada da desgraça alheia, a prosperidade como fruto da sorte, a espetacularização da notícia, a nova embalagem de velhas piadas, velhas histórias e velhas imagens. Viriato entendeu qual é o significado de eternidade: a televisão suprimia o tempo, já não havia passado, presente e futuro e estabelecia a soberania do espaço, invadindo o espaço subjetivo do telespectador, asfixiado por aquela profusão de signos que lhe roubavam a palavra e sonegavam o silêncio, dilacerando-o interiormente.

O demônio modernizara-se conclui Viriato e até no inferno telespectadores são absorvidos por esse veículo. Mas aí me atrevo a perguntar: Será que precisamos esperar até chegar ao inferno para nos darmos conta dessa superficialidade da televisão??. Bom, sei que eu há muito tempo deixei de ser Homer Simpson, e aqui mesmo na terra (que por vezes parece o inferno) me dei conta do que Viriato fala. Não tenho nada contra imagens, aliás, sou fissurada e ainda vou trabalhar com documentário, cinema e fotografia, mas nunca consegui entender o fascínio que a TV desperta nos “Homers da vida”. Então passei a fazer parte dela, e minha revolta cresceu ainda mais, por que agora sim, conhecia um pouco da realidade e percebia o quanto esse trabalho do dia-a-dia da TV é mesquinho, superficial, diria até que às vezes o Jornalismo e a televisão não passam de uma cultura inútil.

Pobre dos Homer Sipsons, dos Viriatos e de mim. Homer Sipsom, por que é subordinado as ordens de Willian Bonner, os Viriatos por que demoram até o inferno para perceber o que a televisão representa de verdade, e eu por que não sei se gostaria de conhecer essa realidade. De repente seja melhor continuar como uma vã telespectadora sentada em meu sofá ocasionalmente, ou então, deixar pra depois me acertar com o demo qual será meu castigo. Mas sinceramente se tiver que passar o resto da eternidade assistindo TV eu me jogo do inferno, mesmo sabendo que posso cair direto no Projac.

domenica, dicembre 04, 2005

Isso merece uma crônica...

Entre tantas coisas ruins e boas que acontecem em nossa vida, sempre acreditei que algumas merecem certo destaque, e como não sei destacar essas coisas tão bem a não ser por palavras e talvez por fotos lá vai mais uma história de um domingo tranqüilo.


Mais uma semana se vai. Uma semana cansativa ou nem tanto, cheia de compromissos, de trabalhos, de expectativas ou como no meu caso de pensamentos. Segundo a Igreja Católica o domingo é o dia reservado para os cristãos descansar e rezar, agradecendo a Deus pela semana que passou e pedindo bênçãos para a semana que virá. Isso, realmente eu pedi. Mas nesse domingo como em tantos outros, não fui à missa, não almocei em família e não optei por descansar, ou será que sim?


Fui com minha turma de fotografia do Senac passear, ou melhor, fotografar na Fepagro, antiga Associação de Experimentação de Silvicultura, infelizmente um projeto quase esquecido pelos nossos antigos governos estaduais petistas. Nossa missão era fotografar a natureza. Que natureza e que domingo! Foi nesse domingo que conheci o distrito da Boca do Monte, um lugar pacato, tão perto de Santa Maria e ao mesmo tão longe se levarmos em conta sua tranqüilidade. Pude observar que lá sim, os cristãos seguiam as ordens da Igreja e reunidos rezavam e agradeciam (ou nem tanto), na igreja da comunidade, pelo que tudo indicava haveria festa no local. Aí já imaginei, famílias comprando o churrasco, a mãe arrumando os talheres na mesa e tirando de suas cestas as saladas e os pães, as crianças pedindo mais um refri ou um doce, o pai preocupado em comprar fichas, para a maionese, para o churrasco, para a cerveja, em fim, comadres jogando conversa fora, maridos apostando na tômbola e jovens aguardando o matine, e as crianças consumindo e rapando os troco dos bolsos do pai. O domingo, também seria perfeito para eles.


Então, depois de muitas explicações sobre o que estaríamos fazendo naquele local, conseguimos acesso à estrutura da Fepagro. E lá vamos nós, assar nosso churrasco! Que piada! Isso merece uma crônica, foram minhas palavras...Devido a vários esquecimentos, muitas coisas foram necessário obter através de empréstimo, espeto, facas, frízer, fogo, em fim, uma situação um tanto constrangedora, mas muito divertida, e isso que estavámos com dois milicos, o que mais uma vez reforça minha aversão pela “espécie”. Depois de muitas risadas e situações engraçadas, é hora de irmos ao trabalho! O Saraiva enlouquecido atrás de um animal, tirou uma baita foto para a Playboi, é a foto de uma vaca mesmo. O Rafael deixou escapar dois veados, literalmente no sentido da palavra, e fotografou o rabo de um lagarto desfocado, o Quadros emocionado com sua super foto macro dos bichinhos na água, o Mendes, bom esse me diz o que não fotografa, de roda de carroça, até a sua carroça, aliás moto ( foi mal, não era essa a intenção) e eu? Eu gastei todo meu gesso, pois resolvi abandonar minhas muletas e me arrastar pelo mato literalmente, perdi a tampa da minha Zenit (por favor se alguém encontrar entre em contato), e tirei algumas fotos, sem muita noção de velocidade e luz, pois tenho problemas com meu fotômentro (desculpa do cego é a muleta).


A parte subjetiva do passeio...Árvores, trilhas, areia, animais e o lago... O lago mais tenebroso que conheci, com um encanto inexplicável, poderia passar horas e dias ali sem conseguir desvendar aquele mistério, aliás, e muitos outros que passavam pela minha cabeça. Ali esqueci de tudo ou refleti muito mais, pois infelizmente penso com as duas cabeças e isso da mais medo que a profundeza daquele lago. Mas as horas não passam quando estamos com alguém que gostamos demais. E que borboletas...Não prestei muita atenção nelas, mas elas estavam no lugar certo, na hora certa e voavam no lugar desconhecido, creio que até com o mesmo medo que nós.


Não sei se Deus irá nos questionar sobre esse domingo, mas se assim o fizer não terei dúvida de dar-lhe a seguinte resposta, com fundo musical de uma orquestra que em meio a tanta vida, traziam de seus instrumentos mais vida àquele domingo: Um lugar perfeito, com pessoas especiais, fazendo coisas que descrevem e registram sensações e refletindo toda essa história que por mais que pareça uma loucura, ainda não tem respostas, e nem mesmo o lago foi capaz de nos responder...Felizes as pessoas de Na Boca do Monte que rezam, festeiam e vivem naquele sossego, mas certamente refletem tanto quanto nós ao olhar para aquela água.

lunedì, novembre 28, 2005

São tantas emoções gremistas...

Cinco para às 4 horas da tarde de sábado, ta na hora de pegar aquela cerveja gelada, cruzar os dedos e sentar na frente da TV. É chegada a hora do futebol. A Michele me olha e indaga, até tu Fran como podes gostar de um esporte de massas? Por breves minutos me ponho a pensar por que de tal fascínio pelo futebol. Me criei numa cidade pequena onde futebol é coisa séria, as pessoas jogam, se envolvem, torcem, são campeonatos, rivalidades, torneios, caminhão com toda a torcida e um terno de camisa a cada time é sempre promessa de campanha política. Se me perguntarem qual a minha participação nisso tudo, sim, já joguei, já torci, já gritei, já vi meu pai sendo goleiro, jogando agora no segundinho(como chamamos, é pros mais fracos), já vi meu pai apanhando por ser juiz (um baita juiz, muito melhor que esses do Capeonato Brasileiro), cresci vendo meu irmão emocionado com cada partida e com a família toda falando de futebol, e principalmente torcendo para o Grêmio.
Nunca fui das torcedoras mais fanáticas, mas já roí unhas, já chorei, já gritei e já sai na rua comemorar nossas conquistas, lembro perfeitamente do Grêmio decidindo jogos na Libertadores nos últimos minutos, já vi Danrley atacando pênaltis impossíveis, já vi Felipão gritando e chorando desesperadamente na beira do campo ( pra quem não sabe Felipão nasceu na minha cidade, em Charrua, mas com um ano foi para Passo Fundo, tinha que ser). Mas confesso, que ultimamente andava bem relapsa quanto ao futebol, admito que é um tanto desestimulante ta na segundona, mas no fundo mesmo não acompanhando tão de perto, sempre ficava na expectativa de que tudo daria certo.

Mas nos últimos dias não tive como me desprender do futebol, afinal é o Inter com chance de ser campeão, imagina Corintiana sou desde que nasci...( isso é mentira, não suporto paulista, mas o que não se faz por um esporte de massa) e sem falar que nosso "timão", que não é mais tanto um timão, com grandes chances de subir pra primeira. O fato é que o juiz deu a largada, e começa o jogo no estádio dos Aflitos. Mas, aflita fico eu, por vários motivos é certo. Primeiro, por que é insuportável assistir jogo de futebol, com alguém do lado que simplesmente não sabe diferenciar a bola da goleira. Me desculpa Michele, mas tu seria uma péssima RP de time de futebol. Segundo, por que o jogo foi muito chocho, como diz meu irmão decepcionado e com um elevado teor alcoólico, tinha que ser de segunda mesmo, com um time desses ainda bem que não estamos na primeira, infelizmente uma triste realidade. O que seria de nós sem Galato (creio que é assim que se escreve). Terceiro é minha indignação com aqueles nordestinos, que tentaram fazer de tudo pra apavorar a delegação do Grêmio, mas são tão incompetentes e ruins que nem assim conseguiram ganhar do nosso "timinho".

Fim do primeiro tempo e nada de muito emocionante a não ser o pênalti na trave e os comentários impertinentes de uma colorada, que não sabe absolutamente nada de futebol, e que grita quando acontece uma falta no meio do campo. É Pênalti!! Ai salva-me Deus se realmente tu és gaúcho. Para conter o nervosismo eu e meu irmão calibrávamos o copo de cerveja, a essas horas o que era bohemia, passou a ser antartica, nem a cerveja ajuda mais.

E começa o segundo tempo, e nada muda. O jogo continua sem graça e o que vi foi realmente um joguinho de segunda divisão, mas o fato é que era meu "timão" jorgand, aquele que tempos atrás me motivou a gritar, chorar, torcer, não que agora não sinta mais vontade de fazer isso, mas é que sinceramente odeio jogo de futebol sem graça e sem gol. Mas de repente as coisas mudam e entra em jogo, aqueles erros e roubos de mais um juiz...Nesse momento penso no meu pai, que deve estar enlouquecendo, no pai da Marília que se tranca na sala pra não assitir, no pai do Felipe, enfim penso nos torcedores realmente fanáticos que nesse momento não devem mais destinguir o que é emoção ou desespero...penso no meu irmão, que não da tempo entre um gole de cerveja e outro, penso nas minhas unhas que não posso roer, pois esperei dois anos para crescerem desse jeito. E nessa hora todo mundo é filho da puta ( coitadas das mães inocentes), os nordestinos, o juiz, os policiais, os jornalistas, os aflitos, o Naútico, o Santa Cruz, todo mundo é filho da puta, heheheh e o Brasil inteiro é um bordel.

E dale cartão vermelho pra todos os lados, 1, 2, 3,4, opa...mais um estamos perdidos na justiça, pois com certeza nos tribunais vai ter mais um juiz, não de futebol dessa vez, filho da puta. Meu irmão diz que ta na hora de sair de campo e ver no que dá, o Santa Cruz já pega na taça e se sente o campeão da segundona, a Michele roe as unhas de emoção, acho que agora ela entende por que gosto desse esporte das massas. E eu ainda acredito que Galato vai pegar aquele pênalti. Depois de 25 minutos de angústia, é hora de recomeçar, com 4 a menos, um pênalti contra nós, o Santa Cruz já comemorando...Vai dizer só um milagre, por que nessa hora o pai de todo mundo já morreu.

Mas não dizem que Deus é gaúcho, bom se ele é gaúcho deve torcer pra um de nossos times, pro inter creio que não, pro Juventude que não há de ser, então realmente chego a conclusão...Deus, sim amigos é gremista, e daqueles torcedores mais fanáticos, mas creio que os anjos também são gremistas, pois com tanta emoção acho que o bom velhinho não sobreviveu e foram os anjos que tiveram que fazer a jogada. E então, Anderson, de cabelos cacheados como o anjo Gabriel, corre, pega a bola, ri da cara do adversário e faz um gol...Da pra acreditar, até agora pra mim tudo não passa de um sonho. O Santa Cruz se cala, os Aflitos se calam, meu irmão grita, meu pai deve ter surtado, eu esqueço que tenho pé quebrado, o pai do Felipe...que perigo, a Michele quer ser gremista, o filhos das putas pensam nas suas mães. E eu olho pro céu e quese choro.

Acaba o jogo e o timão tricolor ta na primeira...Será que isso é verdade, saio a rua de carona é claro, com dois gremistas mais fanáticos ainda, e Santa Maria é coberta pelo azul do céu e pelas cores do Grêmio estampado nas roupas e rostos de todos que acabam mais um domingo, emocionados e apaixonados.

E comigo eu tenho a seguinte pergunta, se alguém conhece maior emoção do que ser gremista, me avisa, pois eu desconheço completamente. Salve nosso Deus e os anjos gremistas e Salve esse esporte de massa. Acho que a Michele não só aprendeu sobre futebol, mas principalmente entendeu o que é gostar desse esporte e ser Tricolor.

Grande lição e infinita emoção...E nos vemos na Primeira Divisão...

sabato, novembre 19, 2005

Eterno Pablo Neruda e suas palavras...

Somente ele e mais ninguém...Grande poeta, sempre merece espaço...

O teu riso

Tira-me o pão,
se quiseres,
tira-me o ar,
mas não
me tires
o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por verque a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosada minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Caminho oposto...

Mais um delírio romântico de um coração desesperadamente apaixonado por quem não deve, bom até aqui nehuma novidade, se tratando da minha pessoa...hehehhe
Na inutilidade do tempo, na brevidade das horas penso em você, que já não faz parte tão somente do teu mundo, mas pertence ao meu mísero e infame mundo dos pensamentos e desejos. Não basta a distância, está vã inimiga, nem mesmo o coração ocupado pelo oposto inocente, que nem sequer imagina o tempo em que vivemos.
Perdida nessas palavras inúteis e por vezes absurdas, preencho o vazio da existência sem ao menos ter o poder de possuir teus pensamentos, quanto menos tuas atitudes. Realmente a distância pode sim separar, mas o tempo é o super poderoso que poderá dizer se essas pessoas podem sim se unir.
Juntos poderiam ser um só corpo de desejos constantes, uma só alma de pensamentos e teorias, que desenvolvem a cada dia uma paixão tão frenética quanto o turbilhão de água do imenso mar, como a delicada borboleta que deixa o casulo, como eu simples apaixonada.
Nessas horas de mais palavras por essa paixão, percebo que não basta o tecer de uma simples teia, e nem mesmo o maçico ferro é capaz de deter os pensamentos e tentações de uma crente poetiza que sem noção, faz de suas palavras porto seguro, nesse caminho de dúvidas e incertezas, mesmo que essas palavras não passem de guia para teus passos ao oposto inocente.
Mas afinal:
Se eu não puder ser um berço de amor, que eu seja um manto de luz no teu caminho...
Se eu não for teus beijos ardentes, que eu seja um breve suspiro que repousa em teus sonhos...
Se eu não puder ser o corpo quente que pousa em teus braços, que eu seja o calor de um abraço amigo...
En fim, se você não puder ser todo tempo meu, que minha admiração seja a força que guia teus passos.
Baseada na idéia de que toda paixão só vale a pena se for motivo de poema, sigo minha vida me apaixonando constantemente pela vida, pelas coisas, pelos teus olhos, pela tua boca, tuas mãos e até por essa saudade. Creio que o que me motiva a viver tanto essas paixões, é o campo fértil de idéias que me fazem ser uma eterna apaixonada pelos risos e pela primavera, mas como diz Pablo Neruda, eu abro mão da primavera para ter teu sorriso.
O "não" faz de mim um pouco Clarice Linspector, introspectiva.
O "sim" desperta a altivez de L.V. Veríssimo.
A distância reflete a "saudade" de Casimiro de Abreu.
O "fim" não foge da melancolia e pessimismo de Augusto dos Anjos.
E assim, se paixões e poemas valem a pena para que abrir mão desse dilema?
Entre deixar de me apaixonar e sofrer, prefiro sofrer e en fim morrer tendo vivido, o que realmente vale a pena e fazem com que minha alma deixe de ser pequena.
Tudo isso pode ser um grande engano, mas quem disse que os grandes poetas não foram enganados.

sabato, novembre 12, 2005

Triste fim de uma sexta-feira à noite...mais que um osso quebrado...

Era só mais uma noite de sexta-feira. Creio que já eram 11 horas e eu andava sozinha pelas ruas de Santa Maria, procurava algum lugar interessante para acabar mais uma noite de sexta. Estava sozinha, pois assim prefiro dar minhas voltas, como diz um amigo sair sozinho em Santa Maria não é problema, pois sempre encontramos algum conhecido para batermos um papo e beber uma cerveja gelada. Depois de passar no Pingo e dar aquela espiadinha não quis entrar, então passei em frente ao bar do lado onde acontecia uma festinha. Naquele lugar vi um velho amigo que fingiu não me ver, acho que devia ser por estar com aquela guria, mas nomes não vêm ao caso nesse texto.

Entre risos e pensamentos vagos e um desnível na calçada percebo que já não tem jeito. O fato estava consumado e eu estava ali estatelada no chão, meu joelho estava esfolado e doía, e meu pé...Ah, meu pé!!! Esse já nem sentia, aliás, sentia que não tinha como colocá-lo no chão. Mas o que mais me frustou no momento foi à atitude das pessoas que viram a cena.No mesmo momento do desastre 4 moças, 3 delas loiras falsas, estacionaram do meu lado, bom pensei que fossem me ajudar, ou ao menos me ignorar, mas não, elas simplesmente em alto e bom som riram da minha cara. Mas, que nada o que se esperar de certas mulheres. Então o carinha que cuida dos carros me vendo sentada no chão pergunta se me machuquei e eu respondi que sim (devia ter dito que não, que meu programa preferido de sexta à noite é ficar sentada no meio da calçada, com os sapatos na mão e lamentando a vida), pois ele disse: é moça essas coisas acontecem, e nada mais ouvi e nem o vi mais. Bom quando já tinha perdido a esperança, percebo que lá longe dois moços me observam, então novamente acredito que existe alguém que tem bom senso e vai me ajudar. Sim, lá vêm eles na minha direção, fico mais tranqüila e penso que agora estou salva. Mas, mais uma vez estou enganada e eles passaram e só restaram alguns olhares de curiosidade.

Não agüentei, aquilo pra mim era o fim (que exagero), desando em lágrimas e sinto a pior sensação de estar sozinha e não ter como resolver um problema, pois estava totalmente vulnerável. De repente aqueles mesmo moços de antes, retornam e se aproximam e então quase que suplicando peço a ajuda deles. Eles que desde o começo tinham a intenção de me ajudar, não temeram um só momento e me carregaram até a casa de minhas amigas na Astrogildo. Foi um espetáculo e tanto pra quem não sabia o que estava acontecendo. No fim entre risadas, dor, e apresentações, Fernando e Vagner, não conseguiam entender como numa situação daquelas, eu ainda conseguia fazer piadas. Fazer o que? Já tinha chorado, já tinha divagado no meu sofrimento e agora estou nos braços de dois desconhecidos indo pra casa que não é minha, como o pé impossibilitado de qualquer ação. Admitam é ou não uma história engraçada, para quem ia acabar a noite no DCE, no outro dia ia passear com amigos na cidade de Mata, na noite seguinte ia acampar no Macondo Circus e no feriado ia andar muito de bicicleta, convenhamos que é uma desgraça, mas muito divertida.

Mas à noite não acaba por aí, pois ainda tinha uma pequena esperança de que tivesse sido só uma torção mesmo. Fui ao pronto-socorro, quero dizer me lavaram até lá, de moto-táxi, até o tio da moto tirava com a minha cara, mas tudo bem. Cheguei no Pronto-socorro de fraturas e fui encaminhada para uma sala, tive que sentar numa mesa que parecia de necrotério. Na minha cabeça já imaginei meu pé sendo serrado por um serrote enorme (sendo serrado por um serrote é ótimo, que idiota que sou) aquele que tem uma pessoa em cada ponta. Então duas pessoas entram na sala, mas o serrote não apareceu, pensei comigo, menos mal. Sem exageros era apenas um raio-x e nem doeu. A enfermeira pergunta se já conhecia a nova choperia e eu disse que iria conhecer no dia seguinte (é realmente ia). Depois de alguns minutos saiu o resultado e o médico me diz: que belo trabalho moça! Cuidadosamente olho para meu pé desenhado na transparência e percebo que realmente, até pra quebrar ossos do pé sou competente, que categoria, ou melhor alto padrão, três ossos de uma só vez, essa marca não é pra qualquer um. Sentia-me orgulhosa pela façanha...Então o médico disse que esse problema se resolveria com um mês de gesso. HEHE, verão, acampamento, bicicleta, corrida no bosque, banho de cachoeira, nem gosto de nada disso.

Bela história, não acham, agora to aqui com uma tala e semana que vem coloco um gesso, aliás, aprendi como fazem gesso, nunca entendia como o colocavam nas pessoas. Meu gesso vai ser assinado por todo mundo, to me adaptando a andar de muletas, a tomar banho sentada, a ficar parada. Antes de enlouquecer quero ler muitos livros, assistir muitos filmes, escrever muitos textos, jogar muitos jogos, e receber muitas visitas. Bom, acho que pra alguma coisa ta servindo essa situação, vou ter que parar um pouco. Mudei-me pra casa do meu irmão e recebo tudo na mão, uma mordomia. Diria que não foi o mais perfeito fim de noite que já vivi, mas certamente foi o mais produtivo e interessante, mas não queiram provar desse fim, pois sei que existem de bem melhores, mas esses agora só ficaram na lembrança. E esse é o triste fim de Francieli Rebelatto, ou melhor, apenas um novo recomeço.

mercoledì, novembre 09, 2005

O que me inspira vai além dessas palavras...

Hoje, alguém me disse que ando muito inspirada ( um dos motivos, é seus olhos), mas aí parei pra pensar que outros motivos me levam a estar tão introspectiva a ponto de escrever tanto e muito além do que aqui posto, aliás muito além...Então comecei a relembrar o que em outros tempos me levava a escrever tanto. Percebi que naqueles velhos tempos de longos textos sempre estava indignada com alguma coisa e mudando de alguma forma.
Pois é isso! A minha inspiração vem das minhas novas concepções e frustações. Se me perguntassem o que diria com nova concepção...diria que deixei de pensar no imediatismo das coisas e agora vejo que fazer é bem menos importante do que pensar em como fazer, isso quer dizer, agora vejo que nada pode ser tão válido como refletir. Outra concepção que aprendi, é que nada vai nos fazer crescer mais do que a convivência e de comos lidamos com ela. Agora percebo o que dizem meus colegas petianos, realmente existe um abismo muito grande entre nós e eles. Como podemos querer conviver e crescer e sermos bons profissionais se não sabemos conviver e se não pensamos na coletividade. Pois o abismo que nos separa, esta a espera de alguém que se jogue.Outra concepção que agora percebo, é que enquanto o mundo corre não precisamos acompanhá-lo, pois cada um projeta sua própria concepção de mundo.
E quanto as frustações? A minha grande frustação continua sendo o egocentrismo do ser humano, que por mesquinharias acredita ser melhor que outros, que mesmo não sendo tão técnicos, são muito fecundos no que pensam e no que acreditam. Agora percebo, como passei maior parte do tempo presa a um desejo incontrolável de querer abraçar o mundo, quando foi o mundo que me abraçou...forte demais, tanto que fui sufocada.
Mas nada como encontrar uma luz no fim do túnel (que clichê horrível, mas cabível). Agora penso que às vezes é bom ser sufocado, pois aí nos obrigamos a renovar o folêgo. Acho que aos poucos o meu ta sendo renovado, voltei a escrever, voltei a ler literatura, voltei a acreditar no final da tarde, parei pra mim, pra me livrar desse sufoco.
Sei que muitos que vão ler esse texto ou melhor desabafo, e que me conhecem, vão dizer que todas essas palavras são mais uma vez papo furado. Certo que uma boa parte é, mas era disso que eu precisava, voltar a acreditar que papo furado também vale a pena, e que também preciso aprender a conviver comigo e com minhas necessidades, pois chega de fazer, ou acreditar que faço. Preciso é pensar no que faço.
E essa é a resposta do por que de estar tão inspirada...quero ser escritora mesmo...e mais do que seus olhos, meu suspiro de vida me fazem surgir palavras de onde elas não queriam mais sair...
Putz, que subjetividade brega...acho que realmente só suspirei, mas não mudei...

martedì, novembre 08, 2005

Fotos de Marechal Thaumaturgo/Acre...


Fotos cedidas pelo meu querido amigo professor uBIRAtan Tupinambá da Costa, coordenador do Projeto Rondon...
Outubro de 2005. Rio Juruá, e de uma índia Ashaninka.

lunedì, novembre 07, 2005

O que esperar de uma tarde de domingo...

Me sinto sozinha, uma solidão mansa...

Uma tarde mansa,
uma chuva mansa,
uma música mansa,
e uma saudade mansa...

Tão mansa como meu olhar
tão mansa como meu desejo
tão mansa como minha mão
sobre o papel
tão mansa como tudo que vejo...

Tarde, chuva, música e saudade,
perfeito para uma paixão mansa,
no caso não a minha...

Falem sobre mim, mas escrevam bem...

Esse texto que aqui posto foi escrito em 2004, por um grande amigo, e o coloco aqui por dois motivos: primeiro por que ele escreve sobre minha pessoa, e segundo por faz isso com muita competência, no qe diz respeito a minha pessoa e ao texto em si...Algumas partes não aparecem, pois o texto é longo demais e traz coisas que nem todos precisam saber, para isso se arrisquem a me conhecer...


Satania

Eu, que desde meus tempos primordiais, converso com anjos e demônios, tentei deixar meus velhos amigos e grandes companheiros das longas horas
de solidão. Decidi abandona-los e não mais ouvi-los por esse motivo, por não mais ouvir os espíritos, fui castigado (ou presenteado!) por Deus (ou pelo diabo!). Meu castigo é ter que conviver com um demônio, só que agora materializado, de carne e osso, tão humano quanto eu.
Olho. Lá vem ela! Não com movimento extravagantes, com o cabelo esvoaçante, em câmera lenta, como no cinema, mas sim como uma garotinha da terceira série saindo para o recreio, correndo e saltitando.

Seu nick é Fran. Francieli Rebelatto é seu nome verdadeiro. O Rebelatto vem do latim Rebelatun e significa Rebelado, rebelde. Esse nome revela, além de sua personalidade, sua verdadeira identidade: ela é um demônio, ou melhor, uma diabinha. Uma linda diabinha! A Satania a que o poeta refere-se e de quem também foi vitima.

O diabo é um cara esperto e astuto, disso não há dúvidas! Apesar de Fran ser uma diabinha, tem a aparência de um anjo, com seus cabelos loiros e cacheados, como os do anjo Miguel, que eu vi na igreja quando garoto. Além, disso, ela é meiga, com seu sorriso bonito e radiante, que é capaz de iluminar a noite mais escura que já existiu ou possa existir. Sorriso que seria a solução para os seis meses de trevas que cairiam sobre o planeta devido ao cogumelo nuclear causado por uma guerra atômica. Ela parece uma garotinha de sete anos, pura, ingênua, inocente... E seus olhos, então!!Olhos claros, tranqüilos como o mar de uma praia do Caribe, mas que, ao mesmo tempo, transmitem a sensação de uma destruidora Tsunami causada por um Furacão na Flórida ou no Hawai.

Se fosse só isso, só o exterior, eu a elegeria meu anjo da guarda. Mas, como diz o velho ditado, quem vê cara não vê coração. Conhecendo-a mais fundo, conclui-se facilmente que Fran é a própria personificação do paradoxo (...)(o resto ta vetado).
Seu passatempo preferido ( talvez, ou melhor, provavelmente sua missão) é perturbar-me. Ela possui um talento nato para deixar-me irritado! Tudo o que ela fala tem uma leve ( ou nem tanto) pitada de sarcasmo. Tudo o que eu afirmo, ela contradiz ou discorda, mesmo sabendo que não tem razão e não possuindo um único argumento em que possa embazar suas teses. Pior ainda é quando eu falo e ela me ignora; finge que não está presente; parece olhar através de mim.
Por falar em olhar, Ah! O olhar! Ela é portadora do olhar mais provocante, provocativo, sarcástico, desafiante, desafiador...que pode existir. Como se isso não bastasse, ela tem o habito de fixar esse olhar nos meus olhos. Ela sabe que sou dominado pelo Id; que sou 90% animal e 10% racional. Ela também é sabedora que, no Reino animal, olho no olho significa desafio, o que se resolve apenas de duas maneiras: luta ou humilhação! Fico quase explodindo de raiva. Sinto vontade de quebra-lhe a cara! Mas o diabo sabe o que faz: ela é mulher e eu não costumo bater em mulheres. Então eu conto até uns cinco milhões e , embora pareça impossível, controlo-me. Sorrio. Penso que venci o Diabo, mas, minutos depois, vejo que estava enganado, pois ela volta e tudo recomeça...

Já tentei fugir dessa tentação(...) Embora eu tente com todas as forças afastar-me dessa diabinha, nada posso fazer. É como os pólos opostos de um imã: quanto mais eu tento afastar-me, mais me sinto atraído e fascinado! Estou perdido...Não sei mais o que fazer...Não posso fazer nada...Eu a amo!

Para não dizerem que não falei do fim e dos beijos...

Sempre odiei finais de novelas. Nunca consegui entender como os diretores não conseguem fugir do óbvio. Como diria meu pai, novelas se assiste o primeiro capítulo, para saber quem são os atores, um na metade, para saber quem continua vivo e o último que é o mais óbvio depois dos dois capítulos assistidos. E assim, é que faço, por isso assisti o último capítulo da novela América, já que havia assistido os outros dois. Acreditava que Glória Peres já tivesse ultrapassado todos os limites da sua "viagem". E como me enganei! Bom, já sabia que a Solfredora ia ficar com o "Ediota", impressionante a sorte de algumas pessoas. Também , sabia que o Tião ia ficar com a Simone, e ganhar diamantes, de novo muita sorte.
Todos os casamentos, todos os casais, e todos os bois.
Por falar em boi, no caso o Bandido, depois de viajar no coma, diria que alcoólico do Tião, Glória Peres me acha com cara de idiota, só pode. Vocês viram, amigos? O boi Bandido era uma grande ilusão, sim ele sumiu dos pastos da vida para a eternidade dos céus. Confesso que fiquei curiosa para saber como a diretora, imaginaria a chegada do Bandido no reino das almas. Será que um boi de cara preta, o esperaria com um barco um pouco maior. Tomara que afundasse! Certamente, seria mais um capítulo divertido.
Bom, mas de boi também , cansei. Agora quero me deter ao final feliz de todos os casais, pois a não ser a Nina que sempre acha uma aliança no caminho (único final realista, inclusive) todos os outros acabam em beijos, ou nem todos. Aí, mais uma vez Glória Peres me decepciona. O mocinho já tinha admitido que era gay, sua mãe já tinha gritado em alto e bom som que tinha orgulho de ter um filho gay, mas o beijo? Aí sim me caiu as "paia dos borsos", como diria Carreirinha. Cadê o beijo, se até Dona Neuta caiu nos braços do Dinho. Por que, então, o Júnior não pode cair nos lábios do gatíssimo Zeca??. Se a idéia era tentar amenizar o preconceito aos homossexuais, creio que esse final somente ressaltou esse preconceito descabido.
É felizes, são as breteiras que sem compromisso tentam suprir sua falta de macho. Até pro Daniel sobrou!
Mas fazer o que, é preciso saber viver, principalmente com finais de novela. Carreinha beijou, Jatobá beijou, a Sol beijou, o Helinho beijou, até seu Hygino beijou, o Tião beijou, a Islene beijou e a Creusa?Essa nem se fala! Lurdinha beijou e seu irmão também, tirando as breteiras, creio que todos beijaram, mas e o Junior?E o Zeca?
É mais uma vez odeio finais de novela, odeio a obviedade das coisas e odeio as viajens de Glória Peres. Mas fazer o que? O negócio é abrir os braços como o Tião, seduzir como Vera Fischer e saber viver como o cachorro do Jatobá. Meu pai sempre teve razão!! No primeiro me divirto, na metade me atualizo e no último me indigno. Mas tudo não passa de uma novela, acho que pensar assim, ameniza um pouco o fim e a falta de certos beijos.

Sem despedidas, apenas palavras...

A crônica que descrevo abaixo, foi escrita para o último programa Na Boca do Monte da nossa turma, e na verdade é uma despedida pra minha eterna amiga Carlinha, ou melhor, Japinha...07/07/2005.
Os textos de nossa vida
Sempre achei desagrádavel representar através de palavras, uma história de vida. Mas, até que um dia, percebi o quanto a vida é parecida com um texto. E o quanto os textos podem contar histórias de uma vida.
Nos textos temos aglomerados de palavras, idéias, intenções. Na vida, temos um aglomerado de sentimentos, dúvidas, felicidade e infelicidade.
No texto encontramos os artigos que determinam e antecedem os verbos, dando coerência a nossas palavras. Na vida temos caminhos que determinam e antecedem nossas escolhas, que de forma coerente ou não, conduzem nossos objetivos.
Nesse texto, ainda temos o pronome, que substitui ou acompanha o substantivo, e a ele dá sentido necessário. Na vida existe a coragem que acompanha ou substitui os desafios e dá sentido para lutarmos constantemente.
E os adjetivos, ah!!Os adjetivos, esses são capazes de modificar o substantivo, indicando a ele qualidade ou estado. E em nossa vida, temos os objetivos, que modificam nossos desafios, mostrando a importância de estarmos sempre em estado de busca constante pelos nosssos sonhos.
E por fim, queria ressaltar, a importância dos verbos no texto. Os verbos que exprimem a ação, os fenômenos, o estado e que são variáveis no texto. Na nossa vida acredito que os verbos, acima de qualquer escolha, representam as pessoas, que de uma forma ou de outra variam e denotam ação em qualquer lugar, e em qualquer vida que fizerem parte.
Bom, enrolei todas essa comparação entre texto e vida para mostrar duas idéias: A primeira, de que os textos podem e devem fazer parte de nossa vida. E que nosssa vida certamente, é o enredo para muitos textos. E a segunda, é para agradecer a Carla Carlos, por ser um verbo que faz total diferença em qualquer texto e principalmente em qualquer vida. Que nos novos textos que fizer parte, continue sendo verbo que exprime muito mais do que uma simples ação, mas que dê total sentido a esses textos.

giovedì, novembre 03, 2005

Daqui uns dias vem a crônica...

Bom pessoal, para quem tem acompanhado meu blog deve ter percebido que escrever é muito importante pra mim, e agora acabo de receber a notícia de que fui vencedora do concurso de crônica da UFSM...Confesso que estou embriagada de tanta felicidade e logo vou estar dividindo com todos vocês essa crônica....
VAleu por todos que estão entrando e comentando sobre o blog. Abraços e continuem passando por aqui...

Temendo por não saber o que escrever...

Com este vago olhar e com essas palavras inúteis tento sintetizar essa agonia de não saber o que escrever, quanto menos o que dizer. Quando o imenso vazio bate à porta da alma, inquieta e temerosa, esta parece se afugentar no medo de não saber o que pensar, o que dizer, nem o que escrever.
Mas, enfim, que medo pode ser esse, tão soberano, que nos limita a agir conscientemente?
Creio... que seja o medo que faz reluzir de nossos olhos o brilho insano da crueldade. É o medo que faz nossas mãos trêmulas, lutarem para buscar transcrever aquelas idéias que já foram predidas.É o medo de se entregar a vida, que já parece inútil perante a angústia de temer o desconhecido.
É o medo de relutar contras as próprias palavras vagas, que tropeçam no abismo da incompreensão. É o medo de escrevermos aquilo que nossos inimigos interiores querem que sejamos. É o medo de escrever, como quem se olha no espelho e percebe que não é retribuído com o mesmo sorriso. Enfim, é o medo de fazer dessa insegurança alicerce seguro para tudo que ainda quero escrever.
Dizem que o blog deve ser diário, então hoje, só posso dizer que estou com medo de escrever, assim como a dias tenho medo de viver...

martedì, novembre 01, 2005

Mais uma pérola...mais um motivo de poesia...

Calmo olhar

Não podia ser diferente
O fascínio de teu olhar
Me fez mudar loucamente
O caminho que tento encontrar

Infinitude de desejos
Nos teus olhos a profundeza
Nos teus lábios um calmo beijo
Na tua pele tenra beleza

Olhar que me devora
Essência do perigo
Hoje, amanhã, talvez outrora
Esperara nos teus braços meu abrigo

Nesse manso, calmo divagar
De seu modo cativante
Passo cada vez mais desejar
Poder ser sempre sua amante...


Essa é uma pérola antiga...31 de junho de 2004.
mas...como nada é imutável...aqui está!!!!!

lunedì, ottobre 31, 2005

Coisas de Santa Maria segundo um "bárbaro"

Às vezes a vida nos da oportunidades incríveis e únicas...pois irei descrever uma que a pouco tempo atrás, presenciei...

Estava voltando para a universidade, onde moro, depois de passar masi um domingo na casa de meu irmão. Infelizmente, aliás, para essa história felizmente, era dia de passe livre. Felizmente, por dois motivos, primeiro por que não gastei uma passagem e segundo por que é somente durante o passe livre que podemos ver figuras extraordinárias dessa cidade.
Bom, peguei o ônibus nas Dores e ele estava muito lotado, até aqui nada de novo. Depois de viajar de pé uns 5 minutos e sofrer com um vento horrível e gelado em meu rosto, consegui sentar. E então, passei a observar com mais cuidado aquele aglomerado de seres que felizes passeavam de ônibus como se fosse a primeira vez.

Entre mães gordas com muitos filhos, velhos e um casal de homossexuais que invejam minha manta (que realmente é linda) aparece uma figura sensacional e motivo dessa minha história. Uma vez li uma crônica que dizia que em dias de passe livre os "bárbaros" tinham a oportunidade de conhecer a "civilização", mesmo não aceitando essa idéia, posso dizer que esse não era só bárbaro, mas também, bêbado. Mas entre barbaridade e embriaguez, nunca vi palavras tão sabias que descrevessem tão bem Santa Maria.
-Com licença, quero fazer um teste!, dizia o "bárbaro"para o cobrador, que com um sorriso no rosto lhe estendia a mão, para cumprimentá-lo.
-Eu só quero fazer um teste, insistia o bárbaro entre risadas e trombadas nos outros passageiros.

E eu ali, sóbria e curiosa para saber que teste tão especial era esse. Depois de muitas divagações falando da briga entre a Gabardo e o Valdeci, falando que é no dia do passe livre que o Valdeci ta no lado do povo, depois de falar da bunda das "bárbaras" que passavam, e dizendo "é passe livre, vamos aproveita", então, ele falou do tal esperado teste: E acreditem amigos, o teste que ele queria fazer era de sentir como é entrar na universidade. Pois, vejam amigos, os bárbaros, também desejam estar aqui. Confesso que naquele momento me senti uma "ser humano" culpada por tantas vezes ter reclamado de ônibus lotado, de aula cedo, de testes chatos e de falta de qualidade da universidade. E saber que este "bárbaro" só queria sentir com era entrar aqui de ônibus.

Entramos na UFSM e nunca tinha visto um olho brilhar tanto, nem mesmo quando eu estava embriagad daquele jeito, e ele gritava: Veja cobrador é a universidade!!. Chegou a minha vez de passar a roleta e justamente nesse momento o "bárbaro" deixou uma moeda cair e nem percebeu. Prestativo ele pega a moeda no chão e me estende a mão dizendo: "Senhora, tua moeda", e eu, na minha mera ignorância de "ser humano" disse que a moeda era dele. Agora sim, de alto e bom som ele gritou: Ela não é petista, vocês viram?
Naquele momento não tive como não rir, primeiro de sua observação e depois daquela crônica que tinha citado anteriormente, quando esse senhor foi considerado um bárbaro. Pois, eu inocente "ser humano" jamais seria capaz em tão pouco tempo e com alto teor alcoólico descrever tão bem Santa Maria: passe livre, ônibus lotado, bunda de mulher, empresas de ônibus, universidade e por fim muito petista salafrário...Coisas que até bárbaros percebem e somente em dias de passe livre podemos ver.

A UFSM como ela é...













Fotos da UFSM, no dia 31/10/2005.

Será que é mesmo a hora????

Hora certa

Novamente aquele barulho atingindo meus tímpanos, penetrando em meu cérebro, irritando cada um de meus neurônios, que agora começam a entrar em conexão com aquilo que está prestes a acontecer. Começo então, a detectar o dilema daquelas imagens que mais uma vez invadem o repouso inconstante de meu corpo. Vejo aos poucos se formar na minha frente aquele lago, que há muito tempo desapareceu sem deixar vestígios de água ou qualquer sinal de umidade que pudesse matar a sede que sentia constantemente quando olhava para aquele horizonte.


Aquele lago que antes fora uma necessidade de meu corpo, agora é um empecilho no meu conturbado caminho que já não sei aonde quer me conduzir. Poderoso...mas de águas finitas, este soberano ameaça meu ser com seus reflexos de luz ofuscante demais para meus olhos. Esses olhos temerosos pela faísca de fogo que começa a crescer no outro lado da margem. Cansada de esperar, lanço meu corpo para além daquela água gelada. Esta água que parecera finitas, agora sem fim vai tornando meu corpo debilitado. Sinto a falta do ar e assim busco ainda mais força para atingir a outra margem. Já suplicante pela ajuda dos céus, sinto no toque de minha mão a terra que cobre aquela margem tão cobiçada por todos que se lançam naquelas águas.


Aos poucos meu corpo e minha mente se recuperam sentindo e vivendo o calor daquele novo lugar. Meu coração se aquece novamente com aquelas chamas brilhantes e sedutoras que minha pupila identifica como prestes a invadir outra vez meu mundo. Desfruto desse momento com se ele fosse o último de todos que ainda posso sentir, esqueço todo sofrimento do caminho que enfrentei para chegar até aqui e então me envolvo sem restrições aquele emarranhado de sensações delirantes.
Sinto que meu corpo agora treme, embriagado por essa ilusão da perfeição daquele gosto, daquela luz. Sinto espasmos de prazer como o efeito do mais poderoso dos alucinógenos, relaxo meu corpo, meu pensamento, minha alma e vivo sem qualquer noção de perigo, aquele momento que parece não ter fim. O suor que cobre meu corpo acende aquela velha vontade de ser feliz. Vontade essa que fora deixada no passado das desilusões. Meus desejos ressurgem da cinza da incompreensão e como uma fênix no auge daquele momento me senti nascendo outra vez, com toda força consumida no passado.


Mas, aos poucos esse momento de lascívia vai se apagando, e então, sinto o peso daquilo que vivi e a realidade novamente aflora como um turbilhão de incertezas. Olho para frente enfim, e percebo que ele continua lá, a minha espera, com sua imobilidade eterna. O abismo, meu grande inimigo mortal, mais uma vez, me chama para seu seio de finitude. Assim, decido que esse é mais uma vez o momento de me entregar aos braços do infinito e acabar com qualquer vestígio de tudo que vivi nesses breves momentos passados. Me lanço, então no seio farto do abismo sem fim.


Droga! Esse despertador tem que tocar logo agora!Bom ao menos nada passou de um sonho e ta na hora de acordar, inclusive pra vida.


Texto escrito em mais uma madrugada que passo sem durmir, e pensando demais...não lembro dia, mas me lembro das sensações...2004 e novamente se repete

A idéia de um admirável fotógrafo...


Velhos tempos de capoeira
E novas lembrancas, onde tudo comecou...

São as velhas licões da vida que nos tornam mais sábios...

Velha lição...

Sempre acreditei naquele velho ditado:
"A vida pode até ser um livro aberto,
desde que não se mostre a capa"
Realmente, a vida é um livro aos olhos do mundo...
Uma vida a mais, apenas uma vida...
Mas aí me pergunto: E quanto a capa?
Ah! Esta, meu amigo, é difícil revelar,
não quen não tenha seu lugar,
mas são tantas capas
para cada vida a se formar:
A capa do passado já não quero me prender,
Há tantas coisas a se ver!
Quem sabe as ilustrações seriam lágrimas,
ou então, tantos sorrisos,
até mesmo a liberdade faz parte desse caminho.
A capa do presente quem me dera se pudesse ter...
Das angústias, às alegrias...Há tanto a temer!
Ilustrações? Quem sabe a subjetividade de uma espada,
e um coração partido, ou até mesmo um livro.
É esta sim pode ser a razão!
Quem sabe grandes amigos e longos caminhos...
então, muitos risos.
Quem sabe uma rosa para as vitórias,
ou então pétalas despedaçadas
por grandes peças que não foram juntadas.
E a capa do futuro?
Essa sim amigo!
quem sou eu, que nada sei do passado, nem do presente
para entender a capa do futuro, ainda tão ausente.
Mas uma coisa posso prever...
O futuro será o presente,
e no passado estará perdido,
mesmo que seja diferente a capa
O destino é inevitável
e é incontrolável depois que começa a acontecer...

Essa poesia foi escrita no dia 12/05/2004, mas parece descrever tão bem minha vida nesse momento e em todos, que realmente percebo que sua conclusão não é precipitada...e certamente assim sempre será...

Um verdadeiro olhar sempre é motivo de poesia...

Imprevisível

Mais uma vez...
tudo é motivo de poesia
É, são seus olhos...
Ou como diz a música seus olhares
Olhares que não entendo
Olhares que não me dizem
Mas olhares que condenam...
A pessoa, a vontade, o desejo
E meus olhos?
Já não os entendo mais
Somente a esses olhares procuram
Somente a essas expressões desejam
Expressões alegres, calmas, imprevisíveis e enigmáticas.
E sua aura???
Aura de quem deixa o vento levar os problemas
Aura de quem aproveita tudo num momento
Aura de quem possui olhares e expressõaes de um incrível,
mas mesmo assim, enigmático homem.

Essa poesia foi inspirada nos olhos mais lindos e verdadeiros que conheci...17/10/2005
Se paixão pra valer a pena tem que ser motivo de poema...então, essa já ta valendo e muito...

sabato, ottobre 29, 2005

Noite vazia...

A luz está acesa, o computador continua ligado. No orkut já deixei todos os recados e no messenger...todos continuam offline. Já li todas as revistas, já abri todos os livros (é somente abri). O celular repousa ao lado, sem nenhuma cahamada não atendida, quanto menos registrada. Os velhos cd's já não me interessam mais serem ouvidos, todos os blogs conhecidos já visitei. Já li e transcrevi no msn frases de Plabo Neruda, de Lya Luft, minhas próprias vagas frases, e já troquei todas as fotos de que gosta de mostrar. Aí eu penso, penso, penso mais um pouco, e é apenas 01:30 da madrugada, já cansei de pensar, já cansei de teclar, já cansei de pensar de novo...

O que fazer então? Durmir? A insônia não permite.
Sair? Não saberia para onde.
Ler? Não, hoje somente cabe abrir os livros.
Contar os amigos do orkut? Esqueci o orkut é autosuficiente e por mais que erre o número, ele está lá.

Já sei olhar as fotos de amigos no orkut? Também não, já as vi todas e certamente continuam as mesmas, somente os amigos que não continuam.
Quem sabe pensar? É parece que não tem outro jeito...Então penso...na minha cama quentinha, na noite lá fora, nas palavras dos livros, no número de amigos do orkut e de todas suas mesmas fotos.

E também, penso, que pensar é transgredir com Pablo Neruda, com Lya Luft com minhas divagações, com o computador ligado, com o celular desligado, com as revistas e os blogs e até mesmo com minha insônia.
Realmente pensar é transgredir...comigo mesmo...e somente comigo em mais uma noite vazia...

giovedì, ottobre 27, 2005

"Procuro o líquido som de teus pés pelo dia"...Pablo Neruda

Tudo o que você quiser, sim senhor, mas são as palavras que cantam, que sobem e descem... Prosterno-me diante delas... Amo-as, abraço-as, persigo-as, mordo-as, derreto-as... Amo tanto as palavras... As inesperadas... As que glutonamente se amontoam, se espreitam, até que de súbito caem... Vocábulos amados... Brilham como pedras de cores, saltam como irisados peixes, são espuma, fio, metal, orvalho... Persigo algumas palavras... São tão belas que quero pô-las a todas no meu poema... Agarro-as em vôo, quando andam a adejar, e caço-as, limpo-as, descaco-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas... E então revolvo-as, agito-as, bebo-as, trago-as, trituro-as, alindo-as, liberto-as... Deixo-as como estalactites no meu poema, como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes das ondas... Tudo está na palavra... Uma idéia inteira altera-se porque uma palavra mudou de lugar, ou porque outra se sentou como um reizinho dentro de um frase que não a esperava, mas que lhe obedeceu... Elas têm sombra, transparência, peso, pernas, pêlos, têm de tudo quanto se lhes foi agregando de tanto rolar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto serem raízes... São antiquissímas e recentíssimas... Vivem no féretro escondido e na flor que desponta... Que bom idioma o meu, que boa língua herdamos dos torvos conquistadores... Andavam a passo largo pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, em busca de batatas, chouriços, feijões, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele voraz apetite que nunca mais se viu no mundo... Tudo engoliam, juntamente com as religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que traziam nas grandes bolsas... Por onde passavam ficava arrasada a terra... Mas aos bárbaros caíam das botas, das barbas, dos elmos, das ferraduras, como pedrinhas, as palavras luminosas que ficaram aqui, resplandecentes... o idioma. Ficamos a perder... Ficamos a ganhar..
Só as palavras do grande e eterno Pablo Neruda para descrever meus pensamentos, que na verdade já eram deles...