martedì, dicembre 20, 2005

Percebo-te, mesmo sem aqui tê-lo...

Percebo teus passos
Como a penumbra da noite que chega
Percebo teu cheiro
como o desabrochar da primavera
Percebo tua voz
Como os cânticos da natureza
Percebo teu corpo
Como a sensualidade da árvore de ébano
Percebo tudo isso...
Mas acima de tudo percebo a falta que me faz
Não ter teus passos, teu cheiro, tua voz e teu corpo
Aqui nesse momento...
Por isso fico com a presença das noites de primavera
E da árvore de ébano que enfeita a beleza da natureza....

Não a explicação para as palavras tristes, de um coração com saudades...

sabato, dicembre 17, 2005

Um novo natal, mas a velha espera pelo Papai Noel...

As ruas enfeitadas, os bons velhinhos em todos os cantos da rua. As ruas cheias e as sacolas também estão cheias. É natal? Será? Dizem que é natal, dizem que o bom velhinho virá, e dizem que as sacolas têm que estarem cheias e as ruas enfeitadas.

E nós? Nos enfeitamos de alegria, nos vestimos de paixão, estamos cheios de amor...Será que vivemos o natal?

Pois com a missão de escrever algo que sintetizasse esse espírito natalino, cá estou buscando um fato pitoresco, aliás uma conversa sem sentido, para descrever um pouco sobre esse momento que se aproxima.

Entre palavras fortuitas ele me falava do presente que daria ao filho e do acordo que assim foi feito, tudo para que o papai Noel lhe trouxesse o presente desejado. Aí minha memória, sempre muito fértil e possuída por lembranças, me fazem voltar a muito anos atrás. Era natal e enfeitávamos o pinheiro de natal, ensaiávamos teatro e esperávamos ansiosamente pelo Papai Noel. Meus natais nunca foram dos mais luxuosos e meus presentes nunca foram dos mais grandiosos, pois afinal o que meus pais podiam dar era menor do que desejávamos por vezes, mas seu amor era muito maior do que imaginávamos. E assim, estava novamente preparada para aquele natal. Mas burbúrios que ouvi entre meus colegas me perturbavam. É ouvi dizer que papai Noel não existia, será??? Como poderia ele não existir se por vezes via ele batendo na porta e chegando, lembro que na época minha expectativa era tanta, que à noite do dia 24 não pregava o olho, e sempre o ouvia, mas devido ao medo nunca tivera coragem de ir ao encontro do bom velhinho.

Mas naquele natal a dúvida era maior do que a necessidade de um presente, pois todos os presentes do mundo não preencheriam o vazio de pensar que o Papai Noel não existia. Minha imaginação não permitia e não queria acreditar naquele comentário, devia ser intrigas de colegas, pensei. Mas mesmo assim, fui sanar minha dúvida com a mãe. Uma tristeza brusca e frustante encheram meus olhos de lágrimas, é ele não existia. Ainda lembro, que decepcionada com a resposta da mãe, não quis acreditar e para mim ele continua existindo, porém agora já não o ouvia como antes e meu medo já se dissipara, precisava ter a certeza de que isso tudo era um grande engano.

Então naquela noite, mais do que em todas as outras permaneci acordada, ouvia barulhos e corria para a porta do quarto, de onde avistava o pinheirinho e era onde papai Noel colocava os tão simples presentes, mas horas se passaram e nada dele aparecer. Minha imaginação de criança fantasiou um atraso, de repente um erro no caminho, mas ele viria, não tinha dúvidas. Então, vencida pelo cansaço adormeci como um anjo à espera de seu Deus.

É! Com o tempo entendi a triste realidade, mas nunca a aceitei, pois até hoje lembro da frustação dessa verdade. Como dizia conversava com meu amigo e lhe relatei, claro que em palavras breves a grande decepção que tivera quando descobri que papai Noel não existia. Então minha surpresa foi imediata, pois meu amigo, me indaga com uma cara quase convincente, se não soubesse o quanto ele é debochado. Ele me indagava com assim que Papai Noel não existe?? Então sem saber o que dizer tentei amenizar a situação, como eu disse sabia que aquilo não passava de uma brincadeira, mas mesmo assim lhe pedi desculpa pela frustração de através de minha palavras fazer com que ele descobrisse que Papai Noel não existe, mesmo ele já sendo bem grandinho para entender essa realidade.

Enrolei até aqui na verdade para escrever desejos de um ótimo natal a todos que estão lendo desse texto. E por que contar essa história, então?? Isso tudo é para descrever o que eu acredito como verdadeiro para o natal e para um verdadeiro sentido dessa data.

É que desejo que todos os homens tenham sempre consigo a pureza e a inocência das crianças, que ouvem os barulhos do papai Noel sem ele existir, que se surpreendem com as histórias de contos de fadas e deixam o olhar brilhando a cada nova descoberta, e que se envolvem com tal sensibilidade nelas que não percebem que o tempo passa a não ser quando se preparam para mais uma vez esperá-lo.

Sejamos sempre crianças, crentes em contos de fadas e sensíveis ao mundo, encantamo-nos com as ruas enfeitadas, com os bons velhinhos nas ruas, com os presentes, mas acima de tudo admiraremos a beleza da vida, a simplicidade das coisas, e os verdadeiros sentimentos. E que tudo isso, não seja lembrado, apenas no natal, mas durante os 365 dias que separam essa data. E não deixamos nunca, nem depois de muitos anos de acreditar que histórias somos nós que decidimos por acreditar ou não, mas principalmente somo nós que as vivemos ou não.

ESPERO O BOM VELHINHO E JÁ SINTO SEUS PASSOS PELA CASA, E TAMBÉM DESEJO QUE O NATAL DE TODOS VOCÊS SEJA TÃO ABENÇOADO, QUANTO OS 365 DIAS QUE NOS SEPARAM DESSA SEMPRE BONITA E VERDADEIRA HISTÓRIA.

FELIZ NATAL E NUNCA DEIXEM DE ACREDITAR NOS SEUS SONHOS E NEM NO PAPAI NOEL, POIS ELE EXISTE E ISSO NÃO É UMA ILUSÃO...POIS CONFESSO QUE MESMO DEPOIS DE GRANDE AINDA O ESPERO TODAS AS NOITES DE 24...E NÃO TENHAM DÚVIDA OUÇO SEUS PASSOS COMO A LEVE ESPERANÇA DE QUE SONHOS SEMPRE VIVEM EM NÓS...

Tudo é permitido com as palavras, mas como controlar as personagens??

Érico Veríssimo 5x aos meus olhos e ouvidos e a minha inventividade copiosa de obras extremamente completas, mas que abrem caminhos para vieses que minhas mãos e o cansaço do prosaísmo e mesquinharia da minha vida permitem reconstituir.

E tu te contentas em fechar os olhos e fingir que tudo isso é absolutamente perfeito?

Pois ela descia formosa daquelas escadas, tão esplendidas como a noite que se aproxima. E ele? Percebe que não lembra de nada, aquela rua era longínqua e taciturna, mesmo sendo de Porto alegre, e dele já não sabia mais nada. Daquela formosura que descia as escadas só restou a dignidade dos lírios que vestiam sua alma, pois foi daquela tão alto andar do Prédio Império que consideravas tudo perdido. Daquela janela ele podia ver um mundo que inspirava suas obras. Sim sutilmente suas personagens passavam por ali, deixando no ar o sabor amargo e nebuloso de um final incerto. E ele precisava de um prefácio.

Ela não tinha dúvidas de que os lírios eram seu retrato, pois nem mesmo Salomão conseguia vestir-se com tal magnitude, mas o corredor e aquela janela a inspiravam bem mais. Suas tristezas e angústias por estar desacostumada a esse novo mundo a instigavam a buscar aquele caminho. Ele estava certo de que aquela noite estava apenas começando e de que aquele caminho não lhe era conhecido. Já não lembrava o que fazias, mas a sua carteira cheia de dinheiro afugentava a triste angústia que cercava seu passado de pobreza, e assim seu romance com o caminho cruzado estava garantido.

Ela sempre fora bondosa e desde daquele dia descendo as escadas do baile até o encontro à janela nada havia mudado, sempre praticara o bem e desejava ver os lírios cobrindo as ruas de Porto Alegre e também o corpo de seu filho que permanecia intacto já sem vida, assim como o seu também seria. Ele sentava a sua mesa e sem coragem não abria aquela carta, olhava sempre para aquela janela como quem busca o desconhecido num mundo invisível. E ali eles sempre estavam, com suas roupas liriosas, suas festas de gala, com sua miséria incontestada e com o cheiro de esperma e de morte ao vento. Mas o fato é que ele não lembrava e aquela não seria sua última noite.

Ela já não lembrava mais do lírio dos campos, nem conhecia os enganos do marido, ela bebia compulsivamente, e trabalhava na loja de brinquedos. Mas cansada de tanta mesquinharia da vida, toma atitudes quem nem mesmo aquela doença permitiriam, morrer sem que antes ele lembrasse quem seria. Mas ele tinha certeza que não a matara. Dos bares, das prostitutas, de seus muitos livros e dê sua ambição lembrava, mas não lembrava como naquela rua parara e em que noite era aquela não que acabava.

Ela mais uma vez não teve dúvidas, sua formosura era tanta que até mesmo a rua se enfeitaria com seu corpo caído no chão. Seus olhos verdes, azuis, castanhos brilhariam com o raiar de um novo dia, afinal a noite já se findava. Primeiro o sexo, depois a angústia, depois o sapato e lá se fora enfeitar mais que um lírio aquela rua estranha de Porto Alegre. Por mais que ele não lembrasse sabia que a tinha encontrado, tomou, transou, cuspiu, escreveu, criou...Afinal ele precisava de um prefácio e na sua cabeça nada mais lembrava do que a cor de seu gato, o cheiro daquela pele e o teor daquela bebida.

Ela encontrou naquela rua o repouso de seu pesar e entre lírios adormeceu pausadamente sob o olhar daquela criança. E ele não tinha dúvidas encontrara o prefácio de seu livro. Chegara tarde ele sabia, mas o remédio mais sensato era deixar seus personagens soltos, naquela longínqua rua e distantes daquela janela.

Pois eu não me contento e sei que nada disso é perfeito, por isso dou liberdade as minhas personagens e mais uma vez largo essas palavras ao vento. Ele e ela agora são os meus observadores da estrela de sírio e constatam novas histórias aqui na terra. Mas irei sem pesar nesse momento tomar um banho de silêncio, para limpar a alma das palavras. Assim o fez Érico Veríssimo, assim fazemos nós. Ele, ela e eu.
Vou tentar esboçar uma explicação lógica para essas palavras, já que seu sentido é desprovido de logicidade. Nessas palavras sintetizo os diversos personagens de Érico Veríssimo...Olhai os lírios do Campo, O Resto é Silêncio, Noite, Caminhos CRuzados...5x Érico e mais uma vez um delírio...Pois essa vida é monótona e e essas palavras são escravas de um sábado à noite mesquinho. Mas outras noites virão. E nós...Ele, ela e eu somos donos da noite. Isso tudo é um absurdo, mas um personagem nesse momento me indaga, perguntando o que seria de nossas vidas: a minha e a dele sem absurdos?. Dei-lhe liberdade para pensar, agora me resta ser um Girassol dos Oceanos...

Sessão...o dia em que escrevi essas palavras...

Vida mundana...

És tu mundo ingrato
De muitos rostos e lágrimas
Cadê teus sapatos?
Mais uma vez nas calçadas.

Crueldade companheira mórbida
Do presente desumano
Na verdade todos tentam, tentaram glória
Mas tu não passas de mais um mundano.

O teu coração partido
De todo sempre teme o lamento
Já te escondem os abrigos
És mais um ser ao vento.

Sem motivo e razão
Creio que do amanhã um porém
Se antes fora paixão
Talvez depois somente amém.

Mas nessa vida mundana
Não sérás apenas mais um
Nem terá rosto de criança
Apavorada com um corpo caído e nu.

Porém se renasceres das cinzas
Ó fenix retrato da felicidade
Quem és tu bela menina
A eterna guardiã da verdade...

Texto escrito em 2004, sem data e sem sentido, se alguém encontrar algum me apresente, pois não está perceptível aos meus olhos...Apenas mais uma poesia...apenas a fugacidade de mais palavras..

venerdì, dicembre 16, 2005

Como descrever???Pior saber como viver???

Palavras vivas, felinas, vorazes
Dilacerantes, absurdas, eficazes...
Fáceis e bonitas em poesias
Díficeis e cruéis na própria vida...

Palavras absortas, imprevísiveis
Calejadas, inflamadas, inatíngíveis...
Fáceis e bonitas quando pensadas
Difíceis e cruéis quando mal ditas...

Escrevê-las eu sei
Dizê-las gostaria...
Escvrever, dizer,
e vivê-las não deveria...

Palavras escritas, ditas, porém nem sempre vividas...

Uma poesia, para aliviar a tensão de uma sexta-feira de manhã vazia..e com uma grande agonia...Tenho medo de acabar como todos os poetas, escrava da minha melancolia...

A vencedora do Concurso de Crônica...

Diria num primeiro momento que não gostei de relê-la, pois agora precebo que isso não é uma crônica é apenas mais um relato bem escrito de passos da minha história...Mas para todos aqueles que pediram, lá vai a minha crônica vencedora do Concurso de Crônicas da UFSM...bom o fato de não gostar mais muito dela, já me inspirou para o próximo ano, como diz Jair Alan, quem sabe uma breve crônica do pé quebrado, é uma ótima sugestão, mas diria que não tão breve...
DOS SONHOS DESCRITOS, UMA HISTÓRIA INACABADA...
Admiro quem inventou a agenda. Pode parecer estranho, mas sempre fui muito apegada por uma, pois foi nas minhas agendas que descrevi tudo que até hoje vivi. E é numa dessas antigas agendas que hoje volto para recordar quando começou essa história. Eu ainda era menina e flores vestiam minha agenda de alegria, foi naquelas páginas e naqueles dias que descrevi os primeiros passos em busca de um sonho.
Desse sonho de menina, o desejo de ser escritora e depois o sonho de ser jornalista. E lá naquela tão pequena cidade o sonho de estudar na UFSM começou a ser traçado, certamente pela influência do irmão que já estudava nessa instituição. Primeiramente acreditava poder ser uma "Fátima Bernardes", depois indo um pouco mais longe, acreditava também que poderia ser uma "Fernanda Torres". Enfim, aos poucos, essas páginas foram se enchendo de esperança e vontade de buscar esse sonho, que agora já não pareciam mais tão distante.
Nessa minha busca contínua por lembranças do passado, agora vejo páginas das agendas nõa mais tão floridas, até mesmo as considero vazias. Vazias pela falta do abraço da mãe, a falta do "puxão de orelha" do pai, e das brigas com os irmãos. Já estou em Santa Maria e pertinho, ou nem tanto, do sonho de menina. E é nessas páginas de minhas duas agendas que descrevo meus dois anos de cursinho que fizeram parte desse caminho até a UFSM. Durante esses anos entendi aquele ditado: "todo sonho para valer a pena exige um certo grau de dificuldade". Podem não ter sido os melhores anos de minha vida, mas certamente foram nessas linhas de minhas agendas onde mais cresci.
Felizmente páginas podem ser viradas, assim como dificuldades podem e devem ser superadas. Então, novamente, vejo nas páginas de minha agenda flores, adesivos, frases me remetendo aos velhos tempo de menina. O fato é que já era uma mulher. Mas a visão de um sonho realizado faz voltarmos a possuir aquele encanto de criança. É passei no vestibular. Agora sim, a história da UFSM na minha vida!
Da fila da confirmação da vaga no curso de Jornalismo, da sujeira do trote, dos documentos necessários para várias carteirinhas, tudo isso parecia lindo, até diria, num primeiro momento, perfeito. Depois do primeiro encanto, vem à tona a realidade e, com o colchão debaixo do braço, me mudo para a UNÎÃO, tenho necessidade de morar na Casa do Estudante. Naquele quarto passei dois meses, dividindo o mesmo espaço com sessenta e seis meninas, ou melhor mulheres. As camas mal desarrumadas, filas no banheiro, falta de privacidade, todos esses fatores me fizeram aprender a lição mais significativa da minha vida, muitas vezes descritas naquela agenda: conviver é aprender a respeitar o outro. O fim da idealização e o primeiro contato com os colegas, os professores e as aulas, os muitos livros, trabalhos e a vontade de cada vez mais aqui crescer, especialmente como ser humano.
Depois da primeira vez, a segunda. Novamente, vejo em outro dia de mina agenda muitas flores e adesivos. Passei mais uma vez no vestibular e agora sou acadêmica tamboem do curso de Artes Cênicas. Da correrria entre dois cursos, estágio, RU, biblioteca e DCE, ainda encontro tempo para registrar essa história nas páginas de minha agenda que, seja na pasta ou na cabeceira da cama, sempre está comigo.
Agora, depois de dois anos na UFSM, de uma coisa tenho certeza, que alé de ser uma "Fátima Bernardes" ou uma "Fernanda TOrres" posso ser muito mais, pois foi na universidade que descobri que o mundovai muito além do conto de fadas apresentado pela televisão e que enfeitava minhas antigas agendas. Seja pelas angústias de noites maldormidas devido a muitos trabalhos a seram feitos, seja pelo início da greve, na falta do RU, da biblioteca, e da falta de laboratório, da vontade de querer sempre mais, por tudo vou preenchendo os dias de minha agenda, ou melhor, de minha vida, com a UFSM na minha história.
Ao descrever essa breve história da UFSM na minha vida, de uma coisa tenho certeza: essa história está apenas no início, e entre páginas floridas ou dias vazios, muitos dias ainda vividos nessa universidade enfeitarão minhas futuras agendas. Aprendi a admirá-la, muito mais do que a pessoa que inventou a agenda, pois já faço parte dela, assim como, ela já faz parte a muito tempo da minha história.

mercoledì, dicembre 14, 2005

Impressões de mais um dia com o pé-quebrado...

Num primeiro momento e em quase todos acreditei que estar com o pé quebrado era a pior coisa do mundo...Mas hoje percebi que não estar com o pé-quebrado é bem pior.
ATO I...ANTES DA QUEDA...
Sempre fui uma pessoa hiperativa, ligada 24 horas por dia. Tanto que nos últimos dias antes da fatídica queda dormia em torno de 2 horas por dia. Insônia?Estresse? Hiperatividade? Diria que um pouco de tudo, mas pouco para quem sempre acreditava que conseguiria abraçar o mundo, com uma só braço. "Santa ignorância".
ATO II...LOGO APÓS A QUEDA...
Tinha quebrado meu pé e isso era fato. Mudei-me para casa do meu irmão, deixei de frequentar aulas, estágio, grupos de pesquisa, ensaios e festas. No começo aceitei a idéia, tudo na mão, uma mordomia, agora teria tempo de ler muitos livros de literatura, assistir muitos filmes, descansar, comer e engordar...Acreditei que isso era o melhor para mim, afinal precisava dar um tempo na correrria de minha vida. Mas não precisava ser tanta.
ATO III...O FIM DA ILUSÃO...
Poucos dias se passaram , e os livros não me interessavam como antes, filmes e Tv não queria mais ver, sentia muita falta de tudo. Falta das pessoas, das filas, do movimento, da correrria, da insônia, até mesmo da ignorância de muitos que me cercavam. A mordomia citada acima passou a ser sinônimo de dependência. E eu nunca fui tão dependente de alguém, a não ser financeiramente, é claro. É quebrar o pé não fora uma grande idéia. E assim três crises PPQ (pós-pé-quebrado) se passaram.
ATO IV...QUEM NÃO TEM OQUE PENSAR, PENSA O QUE NÃO DEVE...
Sei que deve estar parecendo chato essa descrição, praticamente uma autobiografia de ossos quebrados, mas acho válido dividir certas percepções com vocês leitores. E também, por que assim meu dia passa mais rápido. Mas como sugeri no título desse ato, cabeça vazia sempre da espaço para pensamentos duvidosos. Sim, entrei em paranóia, e comecei a divagar sobre coisas que jamais teria parado para pensar até por que não tinha tempo para isso. Divaguei sobre as paixões, sobre os amores, sobre a brevidade de nossa vida, sobre a natureza, sobre o lixo na rua, sobre a internet, sobre eu e sobre todos vocês. Divaguei muito além do que o senso comum pode permitir e assim me irritei, me fastiguei, xinguei, briguei, fiquei de mal-humor. Realmente não nasci para pensar de pé-quebrado. Os resultados foram irreversíveis e sequelas ficam em meu comportamento.
ATO V...UMA NOVA CHANCE...
Mas estava quase acabado, tirado o gesso, agora bastava a fisioterapia. Ja me imaginei, correndo todas as tardes, nadando em rios e buscando várias cascatas, que quero conhecer. Frequentando as festas normalmente (sem salto claro). Me senti independente, mas realmente só pensei, pois afinal minha imaginação nunca fora tão aguçada. Coloquei meu pé no chão, mas ele não respondeu as minhas expectativas, não o sentia, a não ser a dor. Entaõ começa outra maratona, a crise PGT (pós-gesso-tirado). Aos poucos vou largando as muletas e agora sim aonde gostaria de chegar.
ATO VI...A SOCIEDADE NÃO ESTÁ PREPARADA, nem eu...
é isso mesmo, pensei que todas dificuldades se dissipariam, assim como a lembrança do gesso se dissipou. Desculpa a quem assinou, mas a primeira coisa que fiz foi jogá-lo no lixo. Então devagar comecei a dar os primeiros passos em direção a fisioterapia. Mas aos poucos percebi que a sociedade, é estérica, afobada, louca, rápida...Sim, amigos isso são alguns traumas. Lentamente me desloco pelo calcadão e tenho a sensação de que todos aqueles pés frenéticos vão esmagar o que sobrou do meu. E acanhada num canto prossigo, percebo que muitos me olham tentando identificar meu problema, será que ela é manca, ou quebrou o tornozelo? Cansei de responder perguntas como essas. Pois foi hoje que percebi como a sociedade é rápida, como eu era rápida e então também percebi que quebrar o pé seria uma boa solução para que todos parassem um pouco e percebessem, que nem sempre correr freneticamente é tão válido, quanto menos necessário.
ATO VII...TRAUMAS E PERCEPÇÕES...
Dos traumas citaria, a percepção de que não nasci para passar muito tempo parada, a cabeça enlouquece. Que saltos me causam arrepio e por um bom tempo longe deles ficarei. A também, tem o choque no pé durante à noite, esse é o pior trauma. O de ser dependente. Quanto as percepções. Não é preciso um pé quebrar para pararmos um pouco e analisarmos o que estamos fazendo de nossa vida. Por isso nada é por acaso, para o mim o pé teve que ser quebrado. Pois pensar por mais que enlouqueça é necessário e amadurece nossas visões de mundo e de necessidades. E a última percepção é de que nunca devemos manter uma paixão, enquanto estivermos de pé quebrado, pois os pensamentos vão longe demais, as percepções vão além do permitido e os traumas são irreversíveis.
ATO VIII...CONTINUANDO UM DEVANEIO...
Pois é assim, se nada é por acaso...O acaso me levou a ter traumas e a pensar em novas necessidades, PPQ, PGT, TPM, crise PTI (pós-tudo-isso), todas só me ajudaram a incentivar antigos e futuros devaneios, psico-amorosos-sociais-traumatólógicos de uma vida enlouquecida.

lunedì, dicembre 12, 2005

Os olhares de Satania vencidos por um só olhar...Salve-a José...

A Satania que antes fora descrita pelo poeta voltou a aparecer, e inspirada na história de José me incentivou a descrever essa história e essas sentimentalidades. Fiquei surpresa num primeiro momento. Pois para mim, assim como para todos a Satania sempre fora muito bem resolvida. Descrente do amor, se entregava sem limite as paixões fugidias e dilacerantes. Dona de uma intuição assustadora poderia prever no olhar de cada um daqueles que surgiam em seu caminho, verdades, que até os mesmos deconheciam. E por viver sob esse legado de ver mais do que o aparentemente visível, Satania sofria, mas ao mesmo tempo sempre esteve ciente do que viveria.

Satania sempre fora formosa, decidida, perspicaz, podia enganar a qualquer um deles. Personificava na beleza de seus olhos um anjo, mas sabia que em suas entranhas o pecado era infernal. Não lastimava pelos fracassos e nem pelas histórias mal vividas, ao contrário sempre buscava refúgio em novas aventuras tentadoras. Era capaz de viver tudo com tal intensidade, que estava certa de seus passos mais inseguros. Era a dona das palavras bonitas, das poesias envolventes, era a loira dos sonhos lancinantes dos jovens que a conheciam.

Sofrer sempre sofria não a como negar, afinal sempre fora apaixonada compulsivamente pela vida e pelas pessoas. Se entregava sem receios a suas razões e a seus desejos infindáveis. Sempre fora assim a própria personificação do paradoxo, pois entre a inocência de um anjo, salpicava em seu corpo o calor daquele demônio. Crente de que nunca nenhum deles seria capaz de revidar suas atitudes, Satania perturbava por ser portadora daquele olhar. Como descrito anteriormente pelo poeta: Ela é portadora do olhar mais provocante, provocativo, sarcástico, desafiante, desafiador...que pode existir. Como se isso não bastasse, ela tem o habito de fixar esse olhar nos olhos deles. Ela sabe que eles são dominados pelo Id; assim eles são 90% animal e 10% racional. Ela também é sabedora que, no Reino animal, olho no olho significa desafio, o que se resolve apenas de duas maneiras: luta ou humilhação. Eles sempre se humilharam.

Mas essa vida nos remete muitas surpresas e até mesmo Satania, ou até mesmo José podem ser surpreendidos. Mas a surpresa não fora tanta, pois Satania já sabia quando viu aquele olhar, que uma longa história estaria começando. Nunca se enganara perante nelhum olho, e não seria aquele que mudaria a história. Pois aí ela se enganou, por que esse olhar não só mudou, mas a desafiou, o que eu como vaga escritora poderia dizer é que ela sim é que mudou.

Satania estava ciente do que estava por vir, e pensou em desistir, mas essa não era sua missão e desistir era uma palavra logínqua de seu repertório. Então ela se arriscou, e não teve dúvidas. Dias, horas, minutos, segundos, foram suficientes para perceber o poder daquele olhar. Tentou fugir, diz ela, com todas as forças e tentou buscar todas as interpéries que existiam. Pois acreditem leitores, eu vi a tão temida Satania por tantos olhos, padecer por um só olhar. Ele que portava o olhar mais calmo, mais profundo, mas misterioso, levou a eterna Satania a dilaceração de seus poderes ocultos
.
Aos poucos ela viu-se desprovida daquelas táticas eficientes de sedução e afastamento, pois nada mais passou da sedução tentadora daquela loucura. Como eu disse ela tentou de todas as formas fugir, mas quando sentiu pela primeira vez aquele toque, aquela boca, aquele olhar pros breves momento só seu, caiu por terra toda a lenda e mitologia que protegia a tão temida Satania. Surpreendida com tal paixão dilacerante, sua vida encheu-se de sentido até então desconhecidos, ou deixado de lado em outras paixões fugidias. E mais uma vez ela não teve dúvida, pois por mais que a tirassem tudo, sua intuição não a enganaria, estava certa de que mesmo fugindo tudo aquilo era para acontecer, mesmo uma outra vida sendo a interpérie de tudo isso.

E hoje amigos, eu que não passo de uma crente escritora relato com muito pesar o presente de Satania, inspirada no José. Satania, a bruxa de sorriso bonito e radiante, que seria capaz de iluminar a noite mais escura que já existiu ou possa existir. Ela que parece uma garotinha de sete anos, inocente...Ela que tem seus olhos claros, tranqüilos como o mar de uma praia do Caribe, mas que, ao mesmo tempo, transmitem a sensação de uma destruidora Tsunami. Ela mesmo, essa Satania padece por ter sido surpreendida por um deles que sempre teve como missão surpreender.

Nos olhos da minha Satania, vejo leves respingos de tristeza, e impotência, pois sabe ela que não possui mais o poder mágico de livrar-se desse olhar. Seu sorriso tão radiante, não deixou de existir, mas muitas vezes está sendo substituído por insólitas lágrimas, que se confudem entre a alegria de estar se permitindo viver para ter esse olhar e com a tristeza de não possuí-lo quanto necessita. É, escritores tem que conviver constantemente com as Satanias e os Josés e tem que só transcrever. Se resolverem viver suas histórias, podem fazer parte de uma história que não sabemos qual o final. E não vou ser eu uma simples escritora detentora desse privilégio de escrever esse final, pois antes de escrevê-lo quero vivê-lo mesmo não sendo a tão misteriosa Satania e mesmo não conhecendo seu amigo José.

domenica, dicembre 11, 2005

Marido, mulher, amante...Será que existe perfeição?

Essa vida é muita engraçada mesmo, principalmente para nós escritores ou críticos (ou no meu caso que me considero uma). Há dois dias escrevi um texto criticando a atuação do Jornalista Willian Bonner, e há um dia recebo em minha casa o Zero Hora com uma manchete no caderno Donna, dizendo que ele, o tão criticado jornalista, teria sido escolhido o marido ideal pelas mulheres brasileiras. Que choque! Confesso que tive que rever muito dos meus conceitos em relação ao jornalismo e as táticas surpreendentes de Willian Bonner, mas tive também que rever meus conceitos sobre marido ideal (mas será que ele existe?)

Nunca me imaginei casada a não ser por breves momentos de uma paixão fugidia. Para mim casamento só da certo quando cada um tiver seu canto e sua privacidade. Até por que não sei se conseguiria arranjar um marido ideal que suportasse minhas manias. Creio que Willian Bonner não seria esse marido, pois para mim quem tem uma visão de telespectador Homer Simpson e não faz nada para mudar isso, é apenas mais um ideal homem influenciado pela lógica do consumo. Se fosse escolher meu homem ideal pelo estereótipo, qual seria? Sempre gostei de homens aventureiros, morenos, de pele morena (mentira loiros também tem sua vez), bonito, inteligente, que goste de dançar tango, mambo, bolero, salsa, forró, enfim eclético, também que goste de cozinhar, passar horas jogando conversa fora e que goste de viajar, ler, tirar foto (eu sei que algumas pessoas vão dizer que tenho uma leve tendência a fotógrafos, é realmente já tive alguns, mas diferentes maneiras de fotografar também são válidas). Bom meu marido perfeito, aliás, homem perfeito seria, seria? Se eu soubesse quem, não estaria aqui nesse momento, até por que tem coisas bem melhores para serem feitas a essas horas da noite, com um homem ideal.

Mas e quanto à mulher perfeita? Mais uma vez tenho que achar engraçado, pois há semanas atrás, essa mesma pesquisa foi divulgada e então foi escolhida a esposa ideal, até aqui nada de engraçado a não ser a idealização que cerca a visão romântica de ambos os sexos. O engraçado é que não só a esposa ideal foi escolhida, mas também a amante ideal. Por isso fiquei admirada, pois se existe a amante ideal, por que não o amante ideal. Devemos concordar, que nesse quesito não haveria chance para nosso ilustre jornalista. Eu votaria no Brad Pitt, com aquele olhar tentador, aquela cara de safado, o que tudo indica que tem "aquela pegada". Mas o fato é que vivemos num mundo que ainda acredita, que somente os homens tem direito a ter amante. Então eu me questiono, qual seria a mulher ideal pra segurar um homem ideal como seu marido, e como seu amante?

Diria que essa é uma pergunta muito difícil, em se tratando de convivência, de relacionamentos, de sexo, de filhos, de contas para pagar, enfim depois de tudo isso é cansativo pensar em ser uma mulher ideal em todos os sentidos. Elas dizem que querem um homem compreensivo, bem cuidado, galanteador, fiel, amante, companheiro, ambicioso, carinhoso e prendado. Meu Deus salve os homens das garras das mulheres que querem tudo isso de um só homem! Agora estou começando a entender por que tantos gays, afinal nenhum homem vai querer conviver com tanta exigência. E vocês mulheres o que tem a oferecer?

Eu que não tenho mais do que breves anos (na verdade brevíssimos) de relacionamentos e que às vezes mais idealizo do que vivo, prefiro ficar longe do tipo Willian Bonner, para mim isso não passa de uma imagem criada pela mídia e prefiro me conter em escolher homens normais, comuns e que de preferência, não sigam a rigor todos aqueles quesitos desejados pelas mulheres. Tudo que é muito perfeito, também é suspeito. E quanto ao papel da mulher, sempre acreditei naquele velho ditado da minha avó: “mulher pra merecer qualquer homem, tem que ser uma dama perante a sociedade e uma puta na cama”, assim será não só a esposa ideal, mas também a amante desejada.

No final da história, não sei ao certo o que me levou a escrever esse texto, não sei se foi a indignação por ver que Willian Bonner, o cara que critiquei a dois dias e que agora foi eleito o marido ideal, ou se é por que eu não acredito em pessoas ideais. Acredito sim, na paixão, na convivência, no respeito principalmente pelas diferenças e imperfeições de cada homem e de cada mulher. Pois muito antes de sermos maridos, esposas e amantes ideais, somos homens e mulheres, cada qual com suas necessidades e vontades, que vão muito além de um William Bonner ou uma Jennifer Lopes (esqueci de citá-la, mas é que sua perfeição é tanta que me deixa até sem graça, um breve engano óptico).
Depois de escrever tudo isso, acredito que terminei com as perspectivas de um futuro casamento. Sério um velho amigo, a qual sempre prometi casar foi o primeiro e ler esse texto, e acho que desistiu de mim, pois ele é loiro de olhos azuis, não é fotógrafo e não entende minhas crônicas, mas como ele mesmo acabou de me dizer não existe perfeição, existe algo próximo ao ideal. Nem mesmo na engenharia mecânica as coisas são perfeitas...Numa dessas Junior um dia a gente ainda da certo...

Palavras rabiscadas...

Nos últimos dias não tenho me sentido mais muito inspirada, por isso agora só escrevo a partir de palavras rabiscadas...

Dúvidas???
Insólitas dúvidas
De sonhos sempre presentes
Motivo de tanta agonia
É seu ser tão ausente...

Viver eu queria
sem ser notada
pelas dúvidas e pelos sonhos
e por você principalmente...

AS dúvidas se dissipariam
Sonhos não atormentariam
e sem você eu viveria...
INFELIZMENTE

Apenas rabiscos de mais um dia sem você...

venerdì, dicembre 09, 2005

Do Projac direto para o Inferno...

Coincidentemente recebi hoje pelo e-mail, um texto que falava da situação desconfortável de professores na redação do Jornal Nacional. Foi hoje, também, que acabei de ler uma crônica do Frei Betto com o título de Telespectador, e também não faz muito que já tinha chegado a algumas conclusões sobre a televisão e sobre o seu jornalismo. Depois de tantas coincidências acredito ser válidas algumas considerações televisiva, ou melhor, algumas desconsiderações, pois se trata de uma crítica.

Parece um cenário perfeito para grandes discussões e um agitado dia para se pensar no Jornal Nacional, penso que foi esse o pensamento dos professores da USP, quando entraram na redação do Jornal Nacional. Confesso que também acreditava nisso. Mas como sempre, o jornalismo tem muitas surpresas, é bom estarmos preparado para mais essa. Certamente todos aqueles professores, assim como eu, esperavam de Bonner muitas discussões, decisões e coerência, ao menos é o que seu perfil aparenta sentado atrás do balcão do Jornal (nesse momento inclusive ouço sua voz). Mas não, o pouco que saiu de sua boca segundo descrições de Laurindo Lalo Leal Filho, foi como as pesquisas que indicavam o perfil do telespectador. Sim, amigos, o telespectador do Jornal Nacional é um Homer Simpson, preguiçoso e lento. Essas foram às palavras, usadas pelo nosso ilustre apresentador. E essa é a dura realidade do Jornal Nacional, aliás, esse é o pensamento de nossa âncora, que sem muitos questionamentos e diálogos, escolhe as notícias mais acessíveis e apelativas, sem ao menos discutir com as caras constrangidas de jornalistas e professores ao seu redor.

Enquanto Bonner superficialmente trata do Jornal mais importante do Brasil, Frei Betto sutilmente, ou nem tanto, critica em sua crônica a postura do telespectador...

Viriato depois de ter uma vida de pecado é condenado a passar o resto de sua eternidade no inferno, lá o diabo lhe oferece um quarto, em que ele tem direito a uma cadeira e uma televisão Num primeiro momento Viriato nem acreditou que esse seria seu castigo, a televisão oferecia uma programação muito variada. Mas depois dos primeiros dias de desfrute percebeu que a tv nunca podia ser desligada e que seu volume não poderia ser alterado. Depois de três meses Viriato percebeu que sua pena não era tão leve quanto imaginava, a TV não era uma mera transmissora de atrativos, era um ente real que pensava por ele, sonhava por ele, raciocinava por ele, seqüestrando-lhe a identidade.

Viriato, então, percebeu que um vazio instalara-se no âmago do seu ser. A programação saturava-o. Embora variada, obedecia aos mesmos modelos repetitivos: o sorriso saúde-e-afeição dos apresentadores, a beleza esguia das mulheres, a ridicularização dos homossexuais e gordos, a apologia ao adultério, a comicidade derivada da desgraça alheia, a prosperidade como fruto da sorte, a espetacularização da notícia, a nova embalagem de velhas piadas, velhas histórias e velhas imagens. Viriato entendeu qual é o significado de eternidade: a televisão suprimia o tempo, já não havia passado, presente e futuro e estabelecia a soberania do espaço, invadindo o espaço subjetivo do telespectador, asfixiado por aquela profusão de signos que lhe roubavam a palavra e sonegavam o silêncio, dilacerando-o interiormente.

O demônio modernizara-se conclui Viriato e até no inferno telespectadores são absorvidos por esse veículo. Mas aí me atrevo a perguntar: Será que precisamos esperar até chegar ao inferno para nos darmos conta dessa superficialidade da televisão??. Bom, sei que eu há muito tempo deixei de ser Homer Simpson, e aqui mesmo na terra (que por vezes parece o inferno) me dei conta do que Viriato fala. Não tenho nada contra imagens, aliás, sou fissurada e ainda vou trabalhar com documentário, cinema e fotografia, mas nunca consegui entender o fascínio que a TV desperta nos “Homers da vida”. Então passei a fazer parte dela, e minha revolta cresceu ainda mais, por que agora sim, conhecia um pouco da realidade e percebia o quanto esse trabalho do dia-a-dia da TV é mesquinho, superficial, diria até que às vezes o Jornalismo e a televisão não passam de uma cultura inútil.

Pobre dos Homer Sipsons, dos Viriatos e de mim. Homer Sipsom, por que é subordinado as ordens de Willian Bonner, os Viriatos por que demoram até o inferno para perceber o que a televisão representa de verdade, e eu por que não sei se gostaria de conhecer essa realidade. De repente seja melhor continuar como uma vã telespectadora sentada em meu sofá ocasionalmente, ou então, deixar pra depois me acertar com o demo qual será meu castigo. Mas sinceramente se tiver que passar o resto da eternidade assistindo TV eu me jogo do inferno, mesmo sabendo que posso cair direto no Projac.

domenica, dicembre 04, 2005

Isso merece uma crônica...

Entre tantas coisas ruins e boas que acontecem em nossa vida, sempre acreditei que algumas merecem certo destaque, e como não sei destacar essas coisas tão bem a não ser por palavras e talvez por fotos lá vai mais uma história de um domingo tranqüilo.


Mais uma semana se vai. Uma semana cansativa ou nem tanto, cheia de compromissos, de trabalhos, de expectativas ou como no meu caso de pensamentos. Segundo a Igreja Católica o domingo é o dia reservado para os cristãos descansar e rezar, agradecendo a Deus pela semana que passou e pedindo bênçãos para a semana que virá. Isso, realmente eu pedi. Mas nesse domingo como em tantos outros, não fui à missa, não almocei em família e não optei por descansar, ou será que sim?


Fui com minha turma de fotografia do Senac passear, ou melhor, fotografar na Fepagro, antiga Associação de Experimentação de Silvicultura, infelizmente um projeto quase esquecido pelos nossos antigos governos estaduais petistas. Nossa missão era fotografar a natureza. Que natureza e que domingo! Foi nesse domingo que conheci o distrito da Boca do Monte, um lugar pacato, tão perto de Santa Maria e ao mesmo tão longe se levarmos em conta sua tranqüilidade. Pude observar que lá sim, os cristãos seguiam as ordens da Igreja e reunidos rezavam e agradeciam (ou nem tanto), na igreja da comunidade, pelo que tudo indicava haveria festa no local. Aí já imaginei, famílias comprando o churrasco, a mãe arrumando os talheres na mesa e tirando de suas cestas as saladas e os pães, as crianças pedindo mais um refri ou um doce, o pai preocupado em comprar fichas, para a maionese, para o churrasco, para a cerveja, em fim, comadres jogando conversa fora, maridos apostando na tômbola e jovens aguardando o matine, e as crianças consumindo e rapando os troco dos bolsos do pai. O domingo, também seria perfeito para eles.


Então, depois de muitas explicações sobre o que estaríamos fazendo naquele local, conseguimos acesso à estrutura da Fepagro. E lá vamos nós, assar nosso churrasco! Que piada! Isso merece uma crônica, foram minhas palavras...Devido a vários esquecimentos, muitas coisas foram necessário obter através de empréstimo, espeto, facas, frízer, fogo, em fim, uma situação um tanto constrangedora, mas muito divertida, e isso que estavámos com dois milicos, o que mais uma vez reforça minha aversão pela “espécie”. Depois de muitas risadas e situações engraçadas, é hora de irmos ao trabalho! O Saraiva enlouquecido atrás de um animal, tirou uma baita foto para a Playboi, é a foto de uma vaca mesmo. O Rafael deixou escapar dois veados, literalmente no sentido da palavra, e fotografou o rabo de um lagarto desfocado, o Quadros emocionado com sua super foto macro dos bichinhos na água, o Mendes, bom esse me diz o que não fotografa, de roda de carroça, até a sua carroça, aliás moto ( foi mal, não era essa a intenção) e eu? Eu gastei todo meu gesso, pois resolvi abandonar minhas muletas e me arrastar pelo mato literalmente, perdi a tampa da minha Zenit (por favor se alguém encontrar entre em contato), e tirei algumas fotos, sem muita noção de velocidade e luz, pois tenho problemas com meu fotômentro (desculpa do cego é a muleta).


A parte subjetiva do passeio...Árvores, trilhas, areia, animais e o lago... O lago mais tenebroso que conheci, com um encanto inexplicável, poderia passar horas e dias ali sem conseguir desvendar aquele mistério, aliás, e muitos outros que passavam pela minha cabeça. Ali esqueci de tudo ou refleti muito mais, pois infelizmente penso com as duas cabeças e isso da mais medo que a profundeza daquele lago. Mas as horas não passam quando estamos com alguém que gostamos demais. E que borboletas...Não prestei muita atenção nelas, mas elas estavam no lugar certo, na hora certa e voavam no lugar desconhecido, creio que até com o mesmo medo que nós.


Não sei se Deus irá nos questionar sobre esse domingo, mas se assim o fizer não terei dúvida de dar-lhe a seguinte resposta, com fundo musical de uma orquestra que em meio a tanta vida, traziam de seus instrumentos mais vida àquele domingo: Um lugar perfeito, com pessoas especiais, fazendo coisas que descrevem e registram sensações e refletindo toda essa história que por mais que pareça uma loucura, ainda não tem respostas, e nem mesmo o lago foi capaz de nos responder...Felizes as pessoas de Na Boca do Monte que rezam, festeiam e vivem naquele sossego, mas certamente refletem tanto quanto nós ao olhar para aquela água.