martedì, marzo 24, 2009

Sou agora, o que querias...

Ai, o sabor doce da inquietude
Sou, o que sou
e me vês como não eras...


Agora sou o que me via
Não mais o que fui
e me delicio com o amargo da finitude...

domenica, marzo 15, 2009

Uma tarde de domino e um colo...


Uma voz turva no telefone. Nem por isso menos meiga. Era a voz dela. Doce, pequena, a menina dos olhos de mel, dos cabelos cacheados, do meu amor mais incondicional. E com ela vieram os odores do porão velho quase que abandonado. Das paredes de madeira que aos poucos perdem a tintura. Das teias de aranha que eu tirava do teto em todas as manhãs de sábado. Rapidamente a voz se transformou em pranto do outro lado do telefone, deste lado do telefone. Éramos portadoras de uma distância tão grande naquele momento, mas nossas fragilidades nos faziam iguais. Isso pode ser devido ao simples fato de que somos irmãs. No entanto, somos mais, parece tão nítido que somos iguais.

E então Louis Chadourne estava certo quando devaneou: "Minha infância é um feixe de odores...E quem então não se lembra - ó fraternidade- de uma árvore,de uma casa ou de uma infância?". Ao atender o telefone fui tocada rapidamente por todos os odores daqueles outonos. Os aromas, os dissabores, cada sentimento da infância, do lugar, das pessoas, de tudo que me remetia ao lugar que minha menina estava. Mas, ela se desfez em prantos, mal conseguia soletrar sua angústia ao telefone. Eu cá deste lado da linha, 8 anos mais velha que ela não podia dizer mais nada a não ser, fica calma, dá uma volta...quem sabe sinta o vento na cara.

Mas, isso era tão vago para ela, que está impregnada no dia-a-dia daqueles odores e dissabores. Certamente aqui uns 8 anos, quando ela estiver deste lado da linha, como eu, vai entender que "nossa infância eterniza um odor de veludo"...tão bonito, tão puro, tão pequenos pertos aos grandes odores e dissabores da vida...

Queria ser o colo dela nesta tarde...Mas agradeço com toda a sinceridade o colo que tive nesta tarde...

lunedì, marzo 02, 2009

A viagem entre os dentes...


Aveludas estradas tortuosas
Nas "veradas" os poestas autênticos
se debruçam em tempestade de palavras...

Verbos, amores espalhados
nos versos murchos de verdes abóboras
As pedras ressaltam caramujos esbeltos
e teus olhos meu amor são só saudades....


Se vão os caminhos...das curvas deslizantes
Rodas, muros e outrora mais paisagem
Liquidamente perambulam os poetas
Verdes, sarcásticos e amantes...

E eles queriam as estradas mais sem curvas. Que bobagem se nas curvas se encontra o sabor doce da viagem....