Os devaneios, sórdidos e imprecisos, andam em descaso comigo. Não, não quis dizer que deixam de estar comigo, mas enfim eles tem me limitado a ficar só entre as nuances do meu ser perverso e inquieto. Calo-me, mas grito, penso e me contorso ao pensar..Ao agir indistintamente no interior dos meus próprios discursos. Tenho me visto permeada de dúvidas. Mas em algum dia, caros leitores tenho estado longe delas.
Creio que não, são profícuas também as desavenças que trago com a minha forma de encarar a vida, sim, pois ainda vivo, mas tenho pensando demais. E quem disse que os devaneios são os companheiros mais devidos para uma noite de sábado. A primeira sozinha no breu do meu quarto...
Volto a escutar as melodias composicionais que propositalmente me suscitam sentimentos estranhos, quem sabe inverossímeis. Trato-me como poeta e então divago. Ai! Cala-te poeta, apenas respingam nestas linhas refúgios ideológicos de ti mesmo. Meras estratégias discursivas que pretendem emocionar, despertar em vocês caros leitores, por vezes desatentos, certos sentidos abstratos e por que não e certamente dissimulados.
Quer o poeta, nos seus devaneios melancólicos que vocês vivam com ele estes sentimentalismos tolos de uma noite vazia. Sua insociabilidade de hoje o perturba e escrever quem sabe o torna mais humano, mais parte de um mundo que sei lá onde se encontra. Nos cheiros e sabores fétidos da madrugada melindrosa, ou quem sabe no cacarejar de galinhas silvestres.
Tudo é confuso, tudo é malandramente pensado pelo poeta que se restringe em apenas poetizar. Para que viver afinal. Poetizar é preciso, viver nem sempre o é. Besteiras, escárnios insignificante de uma mente catarizante, de uma mente desassossegada. Mas o que quer então poeta com estes perturbados discursos vazios cá comigo neste emaranhado de impossibilidades?
Quem sabe concretizamos juntos os desafetos humanos e sobre-humanos que cercam a incompreensão da alma. Afinal ela está absorta na mais revoltosa realidade, dissimulando seus fracassos, para posteriormente redifinir as entrelinhas da própria/ imprópria vida.
Insisto que se cale poeta. Não percebes que tais palavras já não fazem mais sentido, nem jazem qualquer significados nos meandros ocultos deste labirinto discursivo. Mas que sentido teria, onde nada e tudo são sentidos, pensados, argumentados, falados, escritos, dedilhados?
Não te calas, porém, não me calo também. Duelamos pela essência destas palavras. Duelamos para estar e ficar em nós, em mim, na alma e no corpo, poeta e ser humano. Poetas não seriam humanos? Seriam instâncias enunciativas? Ou seriam apenas refúgios descabidos de uma madrugada como disse posteriormente vazia?
Poetas persistem em meio a perguntas. Pois poetizar é preciso, viver nem sempre o é.
Vivemos poeticamente então está noite, estes pensares, este cheiro longínquo de noite perversa, de noite confessa que já embalou tantos amantes, de meus tantos poetas.
Francieli Rebelatto- 10/11/2007 – Quanto tudo permanece estranhamente perturbador dentro de mim