mercoledì, novembre 10, 2010

Brincando com a solidão...


Misty Mountain...tocando alto nos meus ouvidos, coloquei o fone afinal já passa da meia-noite, hoje é quarta-feira e todos dormem pelos aredores. Blues para tentar passar a limpo o texto que escrevi horas antes no meu exercício diário de pegar um ônibus do centro da cidade até a universidade. Pensava na solidão, sem medo de falar, tocar, sentir. Essa solidão carnal, almática, inflamável, que talvez perturbe, incomode, faz doer. Ou então, seja o sinônimo da minha leveza. Afinal, quem sabe, estar consciente da própria solidão ameniza as tantas lamentações e desagrados na qual tentamos fugir todos os dias. Talvez por que se dar conta da solidão - a mais corriqueira, indócil - é perceber o quanto é simples e singelo se desfazer dela.

E eu não acredito que alguém possa viver sem esta tal solidão, que não é abdusida, nem acabada, nem resolvida pela presença do outro, do efervescente, da sensação de torpor. É uma solidão tão carnal, que ao mesmo tempo induz a alma a voar. E não é nas ruas cheias, nas conversas longas, no abraço apertado, no durmir de conchinha, não é na mera e intensa cotidianeidade que se desmanchar a essência de tal solidão. E como me incomoda quando tentam invadir minha solidão tão tenra, que me completa, me seduz, me induz a um leve final de noite.

Por isso, sai do teatro sem me despedir, peguei o rumo de casa, passei debaixo do ipê roxo da praça, que cheirava tão doce, juntei umas flores e continuei, sem olhar para traz, ou qualquer lado que seja, pois essa solidão me permite ter estes acessos de descomprometimento com o mundo. Volto pra casa...jogo as flores roxas sobre flores secas já "traduzidas" em outras fotografiass velhas...resolvo escrever poesia, luz baixa, Iso alto, e penso no quanto é possível naquelas fotos colocar toda minha solidão: tão mansa, tão plena, tão grata...Cliquei...e por mais que sejam pixels e não sais de prata...brinquei com minha solidão...Quem sabe por que no fim das contas ninguém mais do que eu perceba o quanto esta solidão é uma grande ilusão...me abandono nesta foto, me abandono no meu blues e acabo mais um dia de leve, doce, roxa solidão!!!

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