Há dias que não saio muito de casa, não tenho assistido televisão e apenas junto o jornal da sacada e jogo no sofá da casa. Tem sido confortável as 4 paredes do meu quarto, os estudos da antropologia e longas conversas no msn. Tem sido bem mais confortável minha cama e conversas com meus poetas fantasmas.
As poucas vezes que sai para a rua me detive em conversar com velhos amigos, velhos assuntos, sem novas teorias, quanto menos a reflexão sobre a realidade atual, questões econômicas, policiais e tudo mais. Tem sido confortável ir ao cineclube assistir filmes de memória, comer negrinho na casa de amigas falando besteiras e assistindo Xeque-mate. Tem sido confortável o café no final de tarde e quem sabe um dia o tão sonhado baguete. Uma breve volta até o banco, e comprei algumas roupas novas e voltei ao meu quarto.
Hoje, no entanto, me permiti um pouco mais, deixei de lado meu egocêntrismo destrutivo e descobri que as mazelas do mundo são intermináveis. E neste ato de me permitir saber o que estava acontecendo no mundo descobri que: a crise atingiu a empresa em que trabalho; que um casal de amigos terminou o namoro; que a mãe de uma amiga está com cancêr no rosto, depois da vida inteira se tratando para sinusite; que serão cancelados todos os estágios em jornalismo, e querem também derrubar o diploma; que devido a crise os investidores no filme do Rodon deram uma segurada, está tudo parado no cinema e ainda fiquei sabendo que um ex-namorado seqüestrou a namoradinha de 15 anos e ainda atirou nela e na amiga - o caso já perdura 101 horas e eu não sabia de nada.
Jantei atônita hoje, por que nem ao menos sei quantas maldades mais a Flora fez na novela. Jantei com o estômago embrulhado e continuo aqui perplexa por que mais uma vez a vida mostra que o mundo está cheio de loucos e a gente nunca sabe qual é o limite da loucura dos outros... Rapidamente me tranquei no quarto senhores, por aqui dentro minhas mazelas são bem menos doídas, e quanto as mazelas do mundo lá fora, é isso mesmo: deram sangue aos homens agora quem os pode entendê-los?
Com licença, mas eu preciso continuar entre minhas quatro paredes, com meus livros e apenas dialogando com fantasmas poetas. Por serem fantasmas, eles não tem sangue, por não terem sangue não tem calor, por não ter calor apenas sopram palavras bonitas no meu ouvido enquanto durmo...
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