lunedì, ottobre 31, 2005

Coisas de Santa Maria segundo um "bárbaro"

Às vezes a vida nos da oportunidades incríveis e únicas...pois irei descrever uma que a pouco tempo atrás, presenciei...

Estava voltando para a universidade, onde moro, depois de passar masi um domingo na casa de meu irmão. Infelizmente, aliás, para essa história felizmente, era dia de passe livre. Felizmente, por dois motivos, primeiro por que não gastei uma passagem e segundo por que é somente durante o passe livre que podemos ver figuras extraordinárias dessa cidade.
Bom, peguei o ônibus nas Dores e ele estava muito lotado, até aqui nada de novo. Depois de viajar de pé uns 5 minutos e sofrer com um vento horrível e gelado em meu rosto, consegui sentar. E então, passei a observar com mais cuidado aquele aglomerado de seres que felizes passeavam de ônibus como se fosse a primeira vez.

Entre mães gordas com muitos filhos, velhos e um casal de homossexuais que invejam minha manta (que realmente é linda) aparece uma figura sensacional e motivo dessa minha história. Uma vez li uma crônica que dizia que em dias de passe livre os "bárbaros" tinham a oportunidade de conhecer a "civilização", mesmo não aceitando essa idéia, posso dizer que esse não era só bárbaro, mas também, bêbado. Mas entre barbaridade e embriaguez, nunca vi palavras tão sabias que descrevessem tão bem Santa Maria.
-Com licença, quero fazer um teste!, dizia o "bárbaro"para o cobrador, que com um sorriso no rosto lhe estendia a mão, para cumprimentá-lo.
-Eu só quero fazer um teste, insistia o bárbaro entre risadas e trombadas nos outros passageiros.

E eu ali, sóbria e curiosa para saber que teste tão especial era esse. Depois de muitas divagações falando da briga entre a Gabardo e o Valdeci, falando que é no dia do passe livre que o Valdeci ta no lado do povo, depois de falar da bunda das "bárbaras" que passavam, e dizendo "é passe livre, vamos aproveita", então, ele falou do tal esperado teste: E acreditem amigos, o teste que ele queria fazer era de sentir como é entrar na universidade. Pois, vejam amigos, os bárbaros, também desejam estar aqui. Confesso que naquele momento me senti uma "ser humano" culpada por tantas vezes ter reclamado de ônibus lotado, de aula cedo, de testes chatos e de falta de qualidade da universidade. E saber que este "bárbaro" só queria sentir com era entrar aqui de ônibus.

Entramos na UFSM e nunca tinha visto um olho brilhar tanto, nem mesmo quando eu estava embriagad daquele jeito, e ele gritava: Veja cobrador é a universidade!!. Chegou a minha vez de passar a roleta e justamente nesse momento o "bárbaro" deixou uma moeda cair e nem percebeu. Prestativo ele pega a moeda no chão e me estende a mão dizendo: "Senhora, tua moeda", e eu, na minha mera ignorância de "ser humano" disse que a moeda era dele. Agora sim, de alto e bom som ele gritou: Ela não é petista, vocês viram?
Naquele momento não tive como não rir, primeiro de sua observação e depois daquela crônica que tinha citado anteriormente, quando esse senhor foi considerado um bárbaro. Pois, eu inocente "ser humano" jamais seria capaz em tão pouco tempo e com alto teor alcoólico descrever tão bem Santa Maria: passe livre, ônibus lotado, bunda de mulher, empresas de ônibus, universidade e por fim muito petista salafrário...Coisas que até bárbaros percebem e somente em dias de passe livre podemos ver.

A UFSM como ela é...













Fotos da UFSM, no dia 31/10/2005.

Será que é mesmo a hora????

Hora certa

Novamente aquele barulho atingindo meus tímpanos, penetrando em meu cérebro, irritando cada um de meus neurônios, que agora começam a entrar em conexão com aquilo que está prestes a acontecer. Começo então, a detectar o dilema daquelas imagens que mais uma vez invadem o repouso inconstante de meu corpo. Vejo aos poucos se formar na minha frente aquele lago, que há muito tempo desapareceu sem deixar vestígios de água ou qualquer sinal de umidade que pudesse matar a sede que sentia constantemente quando olhava para aquele horizonte.


Aquele lago que antes fora uma necessidade de meu corpo, agora é um empecilho no meu conturbado caminho que já não sei aonde quer me conduzir. Poderoso...mas de águas finitas, este soberano ameaça meu ser com seus reflexos de luz ofuscante demais para meus olhos. Esses olhos temerosos pela faísca de fogo que começa a crescer no outro lado da margem. Cansada de esperar, lanço meu corpo para além daquela água gelada. Esta água que parecera finitas, agora sem fim vai tornando meu corpo debilitado. Sinto a falta do ar e assim busco ainda mais força para atingir a outra margem. Já suplicante pela ajuda dos céus, sinto no toque de minha mão a terra que cobre aquela margem tão cobiçada por todos que se lançam naquelas águas.


Aos poucos meu corpo e minha mente se recuperam sentindo e vivendo o calor daquele novo lugar. Meu coração se aquece novamente com aquelas chamas brilhantes e sedutoras que minha pupila identifica como prestes a invadir outra vez meu mundo. Desfruto desse momento com se ele fosse o último de todos que ainda posso sentir, esqueço todo sofrimento do caminho que enfrentei para chegar até aqui e então me envolvo sem restrições aquele emarranhado de sensações delirantes.
Sinto que meu corpo agora treme, embriagado por essa ilusão da perfeição daquele gosto, daquela luz. Sinto espasmos de prazer como o efeito do mais poderoso dos alucinógenos, relaxo meu corpo, meu pensamento, minha alma e vivo sem qualquer noção de perigo, aquele momento que parece não ter fim. O suor que cobre meu corpo acende aquela velha vontade de ser feliz. Vontade essa que fora deixada no passado das desilusões. Meus desejos ressurgem da cinza da incompreensão e como uma fênix no auge daquele momento me senti nascendo outra vez, com toda força consumida no passado.


Mas, aos poucos esse momento de lascívia vai se apagando, e então, sinto o peso daquilo que vivi e a realidade novamente aflora como um turbilhão de incertezas. Olho para frente enfim, e percebo que ele continua lá, a minha espera, com sua imobilidade eterna. O abismo, meu grande inimigo mortal, mais uma vez, me chama para seu seio de finitude. Assim, decido que esse é mais uma vez o momento de me entregar aos braços do infinito e acabar com qualquer vestígio de tudo que vivi nesses breves momentos passados. Me lanço, então no seio farto do abismo sem fim.


Droga! Esse despertador tem que tocar logo agora!Bom ao menos nada passou de um sonho e ta na hora de acordar, inclusive pra vida.


Texto escrito em mais uma madrugada que passo sem durmir, e pensando demais...não lembro dia, mas me lembro das sensações...2004 e novamente se repete

A idéia de um admirável fotógrafo...


Velhos tempos de capoeira
E novas lembrancas, onde tudo comecou...

São as velhas licões da vida que nos tornam mais sábios...

Velha lição...

Sempre acreditei naquele velho ditado:
"A vida pode até ser um livro aberto,
desde que não se mostre a capa"
Realmente, a vida é um livro aos olhos do mundo...
Uma vida a mais, apenas uma vida...
Mas aí me pergunto: E quanto a capa?
Ah! Esta, meu amigo, é difícil revelar,
não quen não tenha seu lugar,
mas são tantas capas
para cada vida a se formar:
A capa do passado já não quero me prender,
Há tantas coisas a se ver!
Quem sabe as ilustrações seriam lágrimas,
ou então, tantos sorrisos,
até mesmo a liberdade faz parte desse caminho.
A capa do presente quem me dera se pudesse ter...
Das angústias, às alegrias...Há tanto a temer!
Ilustrações? Quem sabe a subjetividade de uma espada,
e um coração partido, ou até mesmo um livro.
É esta sim pode ser a razão!
Quem sabe grandes amigos e longos caminhos...
então, muitos risos.
Quem sabe uma rosa para as vitórias,
ou então pétalas despedaçadas
por grandes peças que não foram juntadas.
E a capa do futuro?
Essa sim amigo!
quem sou eu, que nada sei do passado, nem do presente
para entender a capa do futuro, ainda tão ausente.
Mas uma coisa posso prever...
O futuro será o presente,
e no passado estará perdido,
mesmo que seja diferente a capa
O destino é inevitável
e é incontrolável depois que começa a acontecer...

Essa poesia foi escrita no dia 12/05/2004, mas parece descrever tão bem minha vida nesse momento e em todos, que realmente percebo que sua conclusão não é precipitada...e certamente assim sempre será...

Um verdadeiro olhar sempre é motivo de poesia...

Imprevisível

Mais uma vez...
tudo é motivo de poesia
É, são seus olhos...
Ou como diz a música seus olhares
Olhares que não entendo
Olhares que não me dizem
Mas olhares que condenam...
A pessoa, a vontade, o desejo
E meus olhos?
Já não os entendo mais
Somente a esses olhares procuram
Somente a essas expressões desejam
Expressões alegres, calmas, imprevisíveis e enigmáticas.
E sua aura???
Aura de quem deixa o vento levar os problemas
Aura de quem aproveita tudo num momento
Aura de quem possui olhares e expressõaes de um incrível,
mas mesmo assim, enigmático homem.

Essa poesia foi inspirada nos olhos mais lindos e verdadeiros que conheci...17/10/2005
Se paixão pra valer a pena tem que ser motivo de poema...então, essa já ta valendo e muito...

sabato, ottobre 29, 2005

Noite vazia...

A luz está acesa, o computador continua ligado. No orkut já deixei todos os recados e no messenger...todos continuam offline. Já li todas as revistas, já abri todos os livros (é somente abri). O celular repousa ao lado, sem nenhuma cahamada não atendida, quanto menos registrada. Os velhos cd's já não me interessam mais serem ouvidos, todos os blogs conhecidos já visitei. Já li e transcrevi no msn frases de Plabo Neruda, de Lya Luft, minhas próprias vagas frases, e já troquei todas as fotos de que gosta de mostrar. Aí eu penso, penso, penso mais um pouco, e é apenas 01:30 da madrugada, já cansei de pensar, já cansei de teclar, já cansei de pensar de novo...

O que fazer então? Durmir? A insônia não permite.
Sair? Não saberia para onde.
Ler? Não, hoje somente cabe abrir os livros.
Contar os amigos do orkut? Esqueci o orkut é autosuficiente e por mais que erre o número, ele está lá.

Já sei olhar as fotos de amigos no orkut? Também não, já as vi todas e certamente continuam as mesmas, somente os amigos que não continuam.
Quem sabe pensar? É parece que não tem outro jeito...Então penso...na minha cama quentinha, na noite lá fora, nas palavras dos livros, no número de amigos do orkut e de todas suas mesmas fotos.

E também, penso, que pensar é transgredir com Pablo Neruda, com Lya Luft com minhas divagações, com o computador ligado, com o celular desligado, com as revistas e os blogs e até mesmo com minha insônia.
Realmente pensar é transgredir...comigo mesmo...e somente comigo em mais uma noite vazia...

giovedì, ottobre 27, 2005

"Procuro o líquido som de teus pés pelo dia"...Pablo Neruda

Tudo o que você quiser, sim senhor, mas são as palavras que cantam, que sobem e descem... Prosterno-me diante delas... Amo-as, abraço-as, persigo-as, mordo-as, derreto-as... Amo tanto as palavras... As inesperadas... As que glutonamente se amontoam, se espreitam, até que de súbito caem... Vocábulos amados... Brilham como pedras de cores, saltam como irisados peixes, são espuma, fio, metal, orvalho... Persigo algumas palavras... São tão belas que quero pô-las a todas no meu poema... Agarro-as em vôo, quando andam a adejar, e caço-as, limpo-as, descaco-as, preparo-me diante do prato, sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas... E então revolvo-as, agito-as, bebo-as, trago-as, trituro-as, alindo-as, liberto-as... Deixo-as como estalactites no meu poema, como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes das ondas... Tudo está na palavra... Uma idéia inteira altera-se porque uma palavra mudou de lugar, ou porque outra se sentou como um reizinho dentro de um frase que não a esperava, mas que lhe obedeceu... Elas têm sombra, transparência, peso, pernas, pêlos, têm de tudo quanto se lhes foi agregando de tanto rolar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto serem raízes... São antiquissímas e recentíssimas... Vivem no féretro escondido e na flor que desponta... Que bom idioma o meu, que boa língua herdamos dos torvos conquistadores... Andavam a passo largo pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, em busca de batatas, chouriços, feijões, tabaco negro, ouro, milho, ovos fritos, com aquele voraz apetite que nunca mais se viu no mundo... Tudo engoliam, juntamente com as religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais às que traziam nas grandes bolsas... Por onde passavam ficava arrasada a terra... Mas aos bárbaros caíam das botas, das barbas, dos elmos, das ferraduras, como pedrinhas, as palavras luminosas que ficaram aqui, resplandecentes... o idioma. Ficamos a perder... Ficamos a ganhar..
Só as palavras do grande e eterno Pablo Neruda para descrever meus pensamentos, que na verdade já eram deles...