sabato, gennaio 07, 2006

Ardente desgosto palpável pelo gozo perdido numa noite de estrelas...

In Prefácio

Depois de fatos interessantes de uma sexta-feira à noite, muitos chegaram a acreditar que não conseguiria escrever esse texto, por que não lembraria mais de nada, levando em conta o estado alcoólico em que me encontrava. Assisti à uma peça teatral no Caixa Preta, por sinal sintam-se todos convidados para os espetáculos de formatura do curso de Artes Cênicas, espetáculos impecáveis e de alta categoria, o que só mostra a batalha dessa gurizada que passou todo o ano, todas as semanas e quase todos os dias ensaiando para um espetáculo a altura da cidade cultura. Infelizmente, poucos prestigiam e se perde a oportunidade de incentivar nossa arte local. Os espetáculos estarão acontecendo durante todo mês de janeiro em diferentes datas, mas sempre no Caixa Preta, com entrada franca. Mas estava assistindo a essa peça, que foi impressionante, forte e audaciosa...e muitas idéias perpassaram pela minha cabeça...Então comecei a matutar o texto abaixo O fato é que eu sabia que depois tomaria demais e minhas lembranças poderiam ser prejudicadas, então, sentei no ônibus e pensei mil possibilidades de texto, tomando um copo de cerveja buscava resposta para os parágrafos seguintes, no Macondo escrevi resquícios nas paredes. Para alguns amigos, Ciro e Tuty, repeti continuamente esse título, enfim foi a discussão da noite essas idéias. Já de manhã andava na rua para chegar em casa, depois de uma longa noite de pensamentos, discussões, conclusões, enfim continuava eu procurando palavras difíceis para escrever esse texto...
Mas vamos a ele, pois o prefácio está bom, já o texto vai tentar por no papel, apesar da puta dor de cabeça, eu tenho que escrever, pois sinto que aos poucos minha cabeça perde detalhes planejados anteriormente e que podem não ser descritos.

In Realidade Subjetivada

-Maria, Maria, venha até aqui, volte por favor. Eles indagavam e gritavam continuamente.
Mas existem três coisas nessa vida que o gosto não sacia:
O pão
A água
E o nome de Maria.

Por isso eles a procuravam e loucamente chamavam-na para junto de si, pois seu nome não bastava, eles necessitavam sentir seu corpo ardente, sua voz doce e sua beleza inconfundível.

No entanto Maria sabedora do seu poder de sedução deixava escorrer de seus lábios o fel de palavras doces, não para um, nem para outro, mas para todos. Sentia em cada gozo diferente a necessidade de buscar mais, sentir mais cada qual com suas particularidades. E assim Maria passava sua vida, caindo em aventuras fortuitas que alimentavam momentaneamente suas entranhas e seus lábios sedentos de ardentes beijos.

Vorazmente Maria dilacerava os corações apaixonados ou nem tanto de todos eles, deixava respingar de seus olhos um risco de luz envenenado pelo descaso posterior ao prazer atingido. Mas eles não percebiam e continuavam a chamar por Maria.
Mas existem três coisas nessa vida que o gosto não sacia:
O pão
A água
E o nome de Maria.

Já disse o poeta, o pão, com sua superfície dourada, seu miolo quentinho e sua textura apropriada, arranca de nossas bocas o desejo de comer sem pensar e sem limites, mas derretido nela e assentado no estômago, não resta mais nada. A água com sua fluidez, seu frescor e sua magnitude, deixa-nos sedentos por senti-la escorrer pelas veias, pelo corpo, pela alma, mas depois de seca, da água não resta mais nada. E Maria? Seu nome como já sabemos não bastava:
- Ma-ria. Gritavam e mais nada. Pois de sua pele quente, de seus olhos iluminados, de seus lábios carnudos, de seus gemidos volúveis, depois daquele gozo, não restava mais nada.

Envolvia-nos num manto de sedução e plenitude, fazia se sentirem os melhores homens, depois de verem sua pele rosada, ou simplesmente fazia-os se sentirem os piores, por perceberem que perto dela sua racionalidade se perdia em meio a diferentes desejos e periculosidade de seu corpo. O fato é que mesmo depois de se sentirem melhores ou piores, de Maria não recebiam mais nada. Nem um beijo ardente, nem o cheiro de seu corpo, nem suas palavras doces e nem um tapa de desgosto. Pois desse momento de lascívia não restava mais nada. E quando a viam, tremiam e freneticamente buscavam impulsivamente pelos desejos de Maria, mas sem respostas ou até mesmo olhares, eles inconformados indagavam por Maria.
Mas existem três coisas nessa vida que o gosto não sacia:
O pão
A água
E o nome de Maria.

Mas seguindo os passos de Eva no jardim do Paraíso, Maria comeu irracionalmente da fruta proibida e por assim o fazer ela fora castigada. E eis que entra nessa história o gozo perdido, nosso amigo José. Maria sabia, que sempre abusara do fruto proibido, mordera-o, lambia-o e desfrutara-o sem limites, seu limite era à busca de uma nova fruta. Então naqueles dias buscava sim, uma nova fruta, apenas para mais uns momentos de lascívia, pois Maria não se permitia deixar-se envolver por nenhuma fruta, nem mesmo as mais maduras, pois madura queria ela ficar. E cor da fruta madura a enjoa facilmente, não que as outras cores não enjoassem, tanto que isso explica as tamanhas diversidades de frutas que provara.

José, então apareceu no seu pomar, ou melhor, caiu de uma frutífera já amadurecida para sempre na sua vida. Ele era uma fruta com cores fortes, brilhantes e envolventes. Mas Maria sabia que essa fruta estava longe de ser sua e de ser por breves momentos, então temeu buscá-la, comê-la. Maria permanecia somente a apreciá-la, a inspirar-se nela, pois de todas essa frutas o que ainda lhe restava era suas inspirações e criações. Maria ao se deparar com essa já conhecida, mas esquecida fruta, criou além do que já imaginara e viu em José a inspiração para seus beijos ardentes, suas palavras doces e seus gemidos nem tanto mais volúveis. Resistiu, até o dia em que sentiu dos olhos deles nascer um risco de luz envenenado pelo prazer de também possuí-la e então Maria saboreara indiscriminadamente daquela benção e como ela sabia daquela maldição.

Maria esquecera de outras tantas frutas, que indagavam pelo seu nome. Mas do nome de Maria nada mais restava. Passou-se o tempo e a frutífera sempre produzindo aquele brilho nos olhos, aquela frescura nos lábios e aquele perigo no corpo.
Mas a três coisas na vida de Maria, que o gosto não sacia:
As palavras escritas
Os poucos momentos
E somente o nome de José.

As palavras escritas são leves e facilmente levadas pela brisa de mais um dia e depois desse dia mais nada resta das palavras ditas e escritas. Os poucos momentos são breves, como a luz que cobre um dia, e quando ele acaba nada mais resta dos momentos. E o nome de José é lindo, simples e solto, mas não pode ser dito quando desejado, nem gritado no momento da falta, nem citado para a brisa e para o dia, pois depois de mais um gozo de José nada mais restava.

Maria fora enganada como todos que enganou. Enganada pela vontade de ter essa fruta, pela vontade de chamá-la e pela vontade de não precisar buscar em outros, o que encontrara em um só. Mas Maria mais uma vez fora enganada, pela brevidade do tempo, pela longa demora das horas, pela falta de palavras e principalmente pela falta de gozo constante que sempre buscara. Mas Maria como sempre sem racionalidade para lidar com novas frutas verdadeiras, não pensa e não quer desistir, pois se antes nada mais restava, agora:
Existem três coisas que na vida de Maria o gosto sacia:
Os olhos
O beijo
E o gozo de José.

Porém, Maria sabe que aos poucos têm que deixar suas criações terem vida própria, para assim não apenas a condenarem pela suas insuficiências, mas para sentirem o ARDENTE DESGOTO PALPÁVEL DO GOZO PERDIDO NUMA NOITE DE ESTRELAS...Maria perde aos poucos esse gozo, mesmo o céu estando estrelado e as luzes tendo vontade de brilhar:
Mas existem três coisas nesse mundo que o gosto não sacia
O ardente
O desgosto
E a falta desse gozo...

Assim se fez Maria e assim se faz José, duas frutas condenadas por buscarem a si, mas principalmente por desistirem de si. O fato é que mesmo depois de se sentir melhor ou pior, Maria lhe oferece tudo que sempre negara. O beijo ardente, o cheiro de seu corpo, suas palavras doces e um tapa de desgosto. Mas depois de breves gozos, nada masi resta além da saudade daquele outono e daquela fruta...

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