ARTE. s.f. 1. Conjunto de regras para bem fazer uma coisa. 2. habilidade; perícia com que se faz algo. 3. Atividade criadora que expressa, de forma estética, sensações ou idéias. 4. (fam) Travessura; traquinice, 5. Red de arte-final.
É assim que descreve o dicionário sobre o conceito de arte. Mas que conceito adotamos para nossa vida sobre a arte? E de que forma a vivemos? Mas quero deixar claro aqui, que a arte não se propõe a explicar e a ser explicada, ela apenas deseja provocar, colocando-nos diante de nossas próprias contradições e limitações.
E com essa intenção de provocar a arte se delinea entre a indecisão de representar Eros, o mais belo entre os deuses imortais e persuasivo, aquele que transtorna o juízo e o prudente pensamento, ou então representa Tanatos, o deus terrível filho da noite obscura. E é nesta pulsão entre o bem e o mal, o amor e a morte que fazem com que um simples uníssono de sons seja suficiente para sensibilizar.
Mas todo esse desenrolar de explicações mitológicas e fundamentadas em considerações já feitas por Aristóteles, Sófocles, Péricles, Lula, você e eu é para aqui descrever um pouco sobre minha experiência e percepção da arte.
Ainda não encontrei particularmente uma definição para a arte na minha vida, mas deixo minhas emoções fluírem a partir das vivências através dela. A um tempo tenho deixado de lado as expressões artísticas carnais, isso quer dizer, visíveis, palpáveis aos meus olhos. Nossa vida efêmera e nossas relações fortuitas, fazem com que vivamos numa pós-modernidade destinada a deixar de lado a ousadia de com os braços abertos nos entregarmos as experiências subjetivas de amor e de observação da arte em si.
Corremos freneticamente pelas ruas e não percebemos a arte fotográfica dessa caminhada perfeitamente encaixada no quadrado áureo. Passamos pelos nossos discos e deixamos de perceber a simultaneidade e harmonia dos sons dos instrumentos que se sobrepõe. Fazemos coisas tão frenéticas e dotadas de responsabilidades que não percebemos a arte nos movimentos de nosso corpo, da freqüência de nossa voz, das poses invisíveis para a fotografia e do enredo de muitos filmes que nossa história pode conceber, que poderia suscitar sonhos e delírios.
Depois desse tempo afastada desse mundo mais subjetivo, agora volto ao auditório para assistir pausadamente os espetáculos da arte do teatro, da música, do cinema e da própria vida. Aos poucos o calculismo e o compromisso culposo dão espaço à criatividade e a inspiração. É isso que sinto da arte, a oportunidade de revermos e percebermos minuciosidades do nosso dia-a-dia que pode transformar a pós-modernidade em algo suscetível a interpretações artísticas convincentes.
Sentar no auditório e sentir os movimentos, os ritmos, os traços e aos poucos sentir aquele friozinho inconsciente que sobe vagarosamente da "ponta do pé ao último fio de cabelo", sentir cada pêlo dos membros se arrepiar e sentir quase que um espasmo de prazer ao perceber que mais uma vez a arte da sentido e encanta a objetividade de nossa vida.
Se vivemos entre Eros e Tanato não sei qual a melhor definição para arte, mas sei a explicação para as sensações dilacerantes de viver, assistir, perceber e fazer parte desse orgasmo artístico.
Esse texto é uma homenagem às apresentações dos formandos das Artes Cênicas, da UFSM, que batalham pra caramba, sofrem, choram, riam, ensaiam e estão dando um show no palco do Teatro Caixa Preta. Também ao Grupo Voz que conheci na semana passada e que me encantei pela sua musicalidade perfeita, e ainda para o Cineclube Lanterninha pelas suas iniciativas...E especialmente esse texto vai para todas as pessoas que apreciam a arte num piscar de olhos e na palma de uma mão...Vivam e incentivem, vocês verão que a vida terá um novo sentido e novas descobertas...
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