Entre tantas coisas ruins e boas que acontecem em nossa vida, sempre acreditei que algumas merecem certo destaque, e como não sei destacar essas coisas tão bem a não ser por palavras e talvez por fotos lá vai mais uma história de um domingo tranqüilo.
Mais uma semana se vai. Uma semana cansativa ou nem tanto, cheia de compromissos, de trabalhos, de expectativas ou como no meu caso de pensamentos. Segundo a Igreja Católica o domingo é o dia reservado para os cristãos descansar e rezar, agradecendo a Deus pela semana que passou e pedindo bênçãos para a semana que virá. Isso, realmente eu pedi. Mas nesse domingo como em tantos outros, não fui à missa, não almocei em família e não optei por descansar, ou será que sim?
Fui com minha turma de fotografia do Senac passear, ou melhor, fotografar na Fepagro, antiga Associação de Experimentação de Silvicultura, infelizmente um projeto quase esquecido pelos nossos antigos governos estaduais petistas. Nossa missão era fotografar a natureza. Que natureza e que domingo! Foi nesse domingo que conheci o distrito da Boca do Monte, um lugar pacato, tão perto de Santa Maria e ao mesmo tão longe se levarmos em conta sua tranqüilidade. Pude observar que lá sim, os cristãos seguiam as ordens da Igreja e reunidos rezavam e agradeciam (ou nem tanto), na igreja da comunidade, pelo que tudo indicava haveria festa no local. Aí já imaginei, famílias comprando o churrasco, a mãe arrumando os talheres na mesa e tirando de suas cestas as saladas e os pães, as crianças pedindo mais um refri ou um doce, o pai preocupado em comprar fichas, para a maionese, para o churrasco, para a cerveja, em fim, comadres jogando conversa fora, maridos apostando na tômbola e jovens aguardando o matine, e as crianças consumindo e rapando os troco dos bolsos do pai. O domingo, também seria perfeito para eles.
Então, depois de muitas explicações sobre o que estaríamos fazendo naquele local, conseguimos acesso à estrutura da Fepagro. E lá vamos nós, assar nosso churrasco! Que piada! Isso merece uma crônica, foram minhas palavras...Devido a vários esquecimentos, muitas coisas foram necessário obter através de empréstimo, espeto, facas, frízer, fogo, em fim, uma situação um tanto constrangedora, mas muito divertida, e isso que estavámos com dois milicos, o que mais uma vez reforça minha aversão pela “espécie”. Depois de muitas risadas e situações engraçadas, é hora de irmos ao trabalho! O Saraiva enlouquecido atrás de um animal, tirou uma baita foto para a Playboi, é a foto de uma vaca mesmo. O Rafael deixou escapar dois veados, literalmente no sentido da palavra, e fotografou o rabo de um lagarto desfocado, o Quadros emocionado com sua super foto macro dos bichinhos na água, o Mendes, bom esse me diz o que não fotografa, de roda de carroça, até a sua carroça, aliás moto ( foi mal, não era essa a intenção) e eu? Eu gastei todo meu gesso, pois resolvi abandonar minhas muletas e me arrastar pelo mato literalmente, perdi a tampa da minha Zenit (por favor se alguém encontrar entre em contato), e tirei algumas fotos, sem muita noção de velocidade e luz, pois tenho problemas com meu fotômentro (desculpa do cego é a muleta).
A parte subjetiva do passeio...Árvores, trilhas, areia, animais e o lago... O lago mais tenebroso que conheci, com um encanto inexplicável, poderia passar horas e dias ali sem conseguir desvendar aquele mistério, aliás, e muitos outros que passavam pela minha cabeça. Ali esqueci de tudo ou refleti muito mais, pois infelizmente penso com as duas cabeças e isso da mais medo que a profundeza daquele lago. Mas as horas não passam quando estamos com alguém que gostamos demais. E que borboletas...Não prestei muita atenção nelas, mas elas estavam no lugar certo, na hora certa e voavam no lugar desconhecido, creio que até com o mesmo medo que nós.
Não sei se Deus irá nos questionar sobre esse domingo, mas se assim o fizer não terei dúvida de dar-lhe a seguinte resposta, com fundo musical de uma orquestra que em meio a tanta vida, traziam de seus instrumentos mais vida àquele domingo: Um lugar perfeito, com pessoas especiais, fazendo coisas que descrevem e registram sensações e refletindo toda essa história que por mais que pareça uma loucura, ainda não tem respostas, e nem mesmo o lago foi capaz de nos responder...Felizes as pessoas de Na Boca do Monte que rezam, festeiam e vivem naquele sossego, mas certamente refletem tanto quanto nós ao olhar para aquela água.
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