martedì, marzo 21, 2006

O que falar de uma noite de outono...


Estava friozinho ontem à noite, era perceptível a entrada do outono no RS. Mas o casal estava ali sentado a beira da calçada escura, sob uma lua crescente que dividia a imensidão do céu com poucas estrelas. As nuvens faziam do céu um tapete com vários tons de cinzas. E o vento insistia em bater. E eles permaneciam sentados conversando e suas reações apontavam algo desagradável entre os dois.

Ele colocara os braços para traz na calçada e com as pernas esticadas balançava sua cabeça constantemente enquanto despejava palavras, que eu ignorava. Ela permanecia por um bom tempo com o corpo para a frente e as mãos escondiam as expressões de seu rosto. Em certos momentos olhava para traz a fim de encontrar o rosto dele, bradava algumas palavras e ligeiramente cobria seu rosto com as mãos novamente.

Em alguns momentos suas atenções eram desviadas pela passagem de estranhos que assim como eu ignoravam o que acontecia. De repente ele muda de posição dobra suas pernas e com as mãos faz movimentos frenéticos de explicação, nesse momento ela apenas olha para o nada e seu movimento mais brusco é jogar seu rosto entre as mãos. O fato é que eu estava muito longe e não podia ver ao certo se lágrimas chegaram a cair de seus olhos.

A noite continuava. O vento levantava os cabelos morenos e longos dela, mas dele nada seria capaz de mover. A lua permanecia crescendo lentamente e agora já afastara de si as nuvens que a cercavam e as estrelas ainda dividiam o brilho do céu com a misteriosa lua, como aquela relação que poderia estar se desfazendo.

Percebo, agora que suas posições mudam, continuamente, apesar de lentas, as mãos explicam e indagam, roçam o rosto, mexem no cabelo. Porém falam muito e se olham pouco, quase nunca. Agora nem mesmo os carros, nem mesmo as pessoas lhe tiravam a atenção, ou seria a tensão. Nem mesmo eu ali na janela observando e escrevendo já lhes incomodo.

Creio que nesse momento nem mesmo a lua era percebida, nem mesmo o piscar das estrelas, quanto menos o vento e seu friozinho eram capaz de desviar o clima de fim que despontava daquela conversa tão demorada e diria delicada. Mas tenho que deixá-los em paz, fechar a janela e deixar que a imensidão do céu seja capaz de apaziguar aqueles movimentos frenéticos e inconstantes, assim como o vento deixarei levar aquelas palavras que bem ou mal ditas ecoam na primeira noite de outono de 2006.

Termino de ler esse texto e as nuvens escuras encobrem a lua, a música para de tocar e eles se levantam cada qual para seu destino de uma triste noite de outono. E é apenas a primeira.

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