giovedì, ottobre 19, 2006

Esbofeteados pela vida.

Texto: Francieli Rebelatto, baseado na obra de Nelson Rodrigues e na própria vida.
Fotos: Francieli Rebelatto
Espetáculo: A esbofeteada
Direção: Cláudia Pacheco
Personagens: Danieli e Vinícius.

Ato I. O primeiro passo. Repentinamente chegaste na minha vida. Teus primeiros passos foram lentos, diria que confusos, até mesmo desatentos. Por vezes os desviava do meu caminho, em outros momentos percebia que se achegava de mansinho, mas não queria ser abrupto a ponto de deixar marcas dos seus sapatos sem brilho.

Ato II. O doce soar de teus passos. Um dia teus passos trouxeram até mim uma rosa (capaz foi chocolate, mesmo), e eu com meus passos apressados e audaciosos acreditei que poderia já encostar com meu sapatos pequenos, nos teus que agora polidos já brilhavam. Mas nem mesmo a rosa me fez ter passos firmes, pois os teus ainda eram temerosos, medrosos,mesmo sendo doces, quentes.



Ato III. Nossos passos no céu. Porém foi no teu ombro me aconcheguei naqueles dias longos e nossos pés confusos voavam (literalmente). Mas, depois do ombro, os passos foram alinhados, mesmo que num caminho conturbado (aliás muito), com dezenas de intempéries. Nem por isso deixamos de caminhar no mesmo ritmo. Estavas certo quando me disse que nos encontraríamos ainda muito nessa vida. Sim nossos passos muitas vezes se encontraram. Confesso tive medo.

Ato IV. Que passos! Senti, então os teus pés roçando nos meus, em momentos inenterruptos de lascívia, no vinho, na rosa, nos olhos verdes, na pele rosada, no sorriso, no elogio, no beijo na testa. Nossos passos guiados em direção ao outro, em direção aos mesmos ideais, mas porém, difícil, dúvidas, incertezas e nossos sapatos ficaram molhados de lágrimas...


Ato V. Que seriam passos? Então vi o chão debaixo de teus pés, vi o céu nos teus olhos verdes, vi a alegria do roçar de nossos dedos, vi a tristeza de nossos passos afastados. Vi e me senti com passos lentos de saudade, saltitantes com tua presença. Mas, te digo mais do que tudo: vi e senti meus pés decididos a lutar pelo encontro com os teus, pelo roçar com os teus, pelo mesmo caminho.



Ato VI. Caminhando sempre. Meus pés são assim, mesmo no chão insistem em te querer, pois depois de um ano de caminhada, seriam poucas as falhas desse caminho que me fariam desistir, a não ser que teus pés se recusem, por motivos convincentes a deisistir da caminhada.

Ato VII. Teus passos marcaram. Fomos esbofeteados pela vida, e o tapa foi tão intenso que seria difícil esquecer, permaneço no chão, pois dali consigo acompanhar melhor o movimento e o ritmo dos teus passos.

7 commenti:

Clarissa Deggeroni. ha detto...

Veja que no ultimo ato as maos entram em cena, terriveis essas maos da vida!
Caminhar sempre vale a pena, nem que seja em direcao as nuvens... O que peco eh sabedoria, imagino que deves pedir o mesmo, e muitas pessoas tambem...
Beijos e boa noite, to com sono...

Embryotic SouL ha detto...

Obrigado pelo comentário terno e sentido no meu canto.
Bem vejo o que sentiste com esta peça...pois suscitou em ti um remoinho de sentimentos. Adoro o teatro, pois, faço parte de um grupo há vários anos...

Um bj sentido

Andreia ha detto...

às vezes somos esbofeteados pela vida, mas temos de abrir os olhos e seguir para a frente, aprender com o que sofremos.

mixtu ha detto...

pela vida... bofetadas, passos... chão... miradas

a vida... o teatro...

beijos europeus

o alquimista ha detto...

Passei por aqui e adorei o teu palco........volto se não te importares.

Doce e terno beijo

Ricardo Rayol ha detto...

A ultima cena lembra muito nelson rodrigues. Faltaram apenas uma morte cruel e uma vizinha/cunhada/sogra ninfomaniaca :-)

Jonas Prochownik ha detto...

Quanto talento, Francielli ! O texto e as fotos estão lindos e têm muita sensibilidade e força.