sabato, giugno 17, 2006

E elas me virão, as metáforas?

Sexta-feira à noite, sim dia, aliás, noite de ir ao DCE, e eu? Mais uma vez me recolho num quarto frio, penso em alguns filmes que posso assistir e aproveito minha solidão para me inspirar. Não entendo, mas ultimamente ando mais romântica do que o normal, segundo amigos, meu jeito “Fran de ser” permite isso, na verdade eu que não me permitia, até então. Escolho assistir O carteiro e o Poeta, por que aí está três coisas que fazem meu olho brilhar ainda mais nessa vida: cinema, literatura e Pablo Neruda, e o comunismo? Não, esse prefiro não comentar.

Não é a primeira vez que assisto ao filme, mas o momento pela qual passo pela minha vida me permite mais uma vez assistí-lo, pois ando muito inspirada e nada como ouvir palavras belas de um mestre, mesmo que na ficção, para tentar encontrar o caminho certo das rimas e das metáforas. Mas o que são metáforas? (Mário Ruopollo) Metáforas são feitas constantemente e creio que aqui não vem ao caso explicar. Só sei que brilha em ti a esmeralda mais perfeita (seus olhos verdes, quem sabe?)

Sei que o filme traz tantas lições de vida que fiquei extasiada como da primeira vez que o assisti, pois vivemos entre a busca do amor e da aceitação, não é mesmo? Bom, mas não é minha intenção me deter nos méritos do amor no filme, mas sim na descoberta da poesia como algo renovador e engrandecedor da personalidade humana (isso, sim foi profundo).

Mas como alguém se torna poeta? (Mário Ruopollo). Tente caminhar pela costa até a baía lentamente e olhar a sua volta (Pablo Neruda) Elas virão até mim, às metáforas? (Mário Ruopollo) Certamente.(Pablo Neruda). Sim, isso que é uma resposta digna de um grande poeta, pois não existe nenhuma fórmula mágica para se tornar um poeta, mas sim existe possibilidade de aos poucos irmos ensinando nossa sensibilidade a se dar conta do que pode se tornar poesia. E certamente tudo pode ser poesia, afinal como diz no filme, “por que um poeta não poderia pensar enquanto descasca cebola?” E convenhamos descascar cebola é algo extremamente inspirador, assim como caminhar lentamente e perceber as coisas ao nosso redor, assim como correr sem sentido para qualquer lugar. Assim como ir ao cinema, assim como deitar numa cama gelada e olhar para o teto vazio.

Nossa! Creio que nunca escrevi tantos absurdos e obviedades, mas é por aí que começamos a deixar nascer nosso poeta, quando duvidamos das obviedades e aproveitamos os absurdos. É como juntar a história do Príncipe encantado, que chega com um cavalo branco, uma caixa de chocolate, e o sapatinho da Cinderela, mas então descobre que vai ter que subir pelas tranças da Rapunzel, pois nada é fácil, nem para um príncipe. E quando chegar até a janela da princesa vê que ela está cercada de 7 anões. De fato parece absurdo, mas a poesia te permite recriar a vida de uma forma absurda sim, porém digna de aplauso e de lágrimas nos olhos.


Estou cansado de ser homem (Pablo Neruda) às vezes também me sinto assim (Mário Ruopollo, Francieli Rebelatto). Como poderia me explicar isso, Grande poeta? Quando você explica a poesia ela se torna banal, melhor do que qualquer explicação é o sentimento que o poeta pode revelar a uma alma suficientemente aberta para entendê-la. (Pablo Neruda). Creio que posso me abster de maiores explicações, ou então de opiniões pessoais, por que aí estão sábias palavras e não merecem que eu as conclua, fiquem a vontade leitores e julgam como quiser, eu achei perfeito. Para suprir minha falta de conclusão, desnecessária é certo, lá vai alguns trechos de poesia...

O mar...ele acaricia, beija, molha
e bate no peito repetindo seu próprio nom
e



Nossa! As palavras iam para frente e para traz com o mar...Esse é o ritmo, como um barco balançando no sentido das palavras ( Mário Ruopollo e sua primeira metáfora.). A riqueza primordial da poesia, despertar no leitor, o ritmo condizente com suas palavras, a sensação condizente com o que o leitor precisa para a sua vida. Pois a poesia não é de quem a escreveu, mais sim de quem a precisa. Não acham? Democrático, sim, porém, extremamente real? Quantas vezes precisamos nos apegar a poesias para entendermos nossa própria vida, ou para termos coragem de continuar nela, ou então mudá-la? Quem nunca precisou que atire a primeira pedra. E quanto atirar perceba que estará sujeito a fazer tua primeira metáfora.

Mas se eu fizer metáforas sem intenção? A intenção não é importante, pois as imagens nascem espontaneamente (Pablo Neruda). Quer dizer que o mundo inteiro é uma metáfora para outra coisa? Certamente. Mas o poeta precisa conhecer seu objeto de inspiração, ou ao menos ter uma noção básica para que na sua mente comece e se formar suposições daquilo que lhe inspira, pois não temos como escrever sobre algo que nosso cérebro não tem em seu repertório (teoria da comunicação/semiótica, enfim).

Enfim, até a mais sublime das idéias pode se tornar boba quando dita muitas vezes, por isso, chega de tentar aglomerar palavras sobre poetas, se na verdade temos é que viver como poetas. Bom, ou ruim? Bom, por que temos a sensibilidade de ver mais facilmente as coisas e de encontrar saídas para resolvermos nossos problemas, mesmo que isso fique no papel. Ruim, por que percebemos demais a dor alheia e por que sofremos demais com nossa própria dor. Mas se você acredita que vale a pena, quando a vida for motivo de poema, então não desista de encontrar o poeta que mora dentro de si, nem que ele nunca venha escrever, mas que ele tenha a sensibilidade de fazer com o mundo seja mais justo e agradável.

Estou cansado de ser homem, Mas por que se até mesmo o mar, acaricia, beija e molha? Poesias e metáforas lhes peço que nunca saiam da minha vida. E agora vou andar lentamente da “costa até a baía” e observar ao meu redor, “da janela do quarto até a sala” e observar ao meu redor, “do chuveiro até o espelho” e observar o poeta que está ali refletido... E se ele ainda não nasceu, então estejamos preparados para o parto.

Yo vine aquí para cantar
y para que cantes conmigo.

Bom, aí vai três dicas para esse final de semana cinzento. Primeiro assitir o filme o Carteiro e o Poeta, uma obra do cinema, para rir, aprender e chorar, é óbvio. Segundo leiam o livro Um chute na rotina, de Von Oech, é bom para nos darmos conta dos papéis que devemos exercer em nossa vida e de que como as coisas parecem menos óbvias do que as julgamos. Terceiro, ler é claro, Pablo Neruda, tanto suas poesias, quanto ler o livro Eu confesso que vivi, que é sua autobigrafia de um dos maiores poetas latino-americanos, famoso por sua militância política em defesa dos movimentos libertários. A obra, é a única em prosa de Neruda.

Quanto a foto, ela foi tirada em Fortaleza, mas a coloquei aí, por que além de ilustrar os versos de Pablo Neruda, ela mostra o céu, a terra e o mar no mesmo tom cinza, cabendo ao poeta que existe dentro de nós desvendar a dimensão que existe entre um e outro.

3 commenti:

Anonimo ha detto...

Assistir o filme e amei mas gostaria de entender mas sobre metaforas

Niemarbrasiliainvisivel ha detto...

METHAPORA
Ho molto rigletutto alla sua "visagem" sul Il Postino di Neruda. Lo recordo come molto bello, anche se troppo cinemtatografico verso la fine.
La storia della sua ricerca è entusiasmante.
Perdoa meu parco italiano, mas queria compartilhar meu amor pela película e pelas metáforas e pela fotografia.
Instigantes e metafóricas, as que vi em tua página. Diria que são fotos elementares.
La saluto e ringrazio com amicizia
Augusto Rodrigues
http://niemarbrasiliainvisivel.blogspot.com/

Beatrice Monteiro ha detto...

Filme maravilhoso. Parabéns pelo post!