martedì, agosto 26, 2008

Busca insensata pela noite

Quente deslizou sua silhueta sobre a noite. Quase noite. Patas reluzentes. Eu vi andar com poses atraentes. Serpentinas a brilhar. Rosa estúpida. Deitava seu perfume doce nos pescoços, e pelo ar deixava uma vontade de escancarado começo de noite. E os quatros comodos, incomodos. E o vinho quente da alma, reluzia nos seus olhos inflamados.

Quente penetrava unhas. Face desnuda de não saber dizer. Escuto apenas suas nuâncias permeáveis. Era começo de noite. Permaneço mudo. Inquietante deslizar de seus cabelos negros. Era noite. E as patas sobre minha cama a se aconchegar.

domenica, agosto 24, 2008

Guria..Não te detenhas..sigas em frente e não olhes para Traz


Para pai e mãe:
Quando estamos magros - estamos magros demais
quando estamos gordos - estamos gordos demais
mesmo depois dos 24 é um absurdo estarmos fora de casa depois das 22hs
mesmo depois dos 30 ainda é preocupante se bebemos um pouco a mais
mesmo depois dos 40 ainda é triste quando acabamos um relacionamento
mesmo depois dos 50 devemos continuar tomando remédio para vermes
quando voltamos a0s 15 somos os que merecem colo
quando ainda não temos emprego, somos os mais cobrados, os mais recompensados


Com pai e mãe:
O tempo é mais rápido quando próximos
mais devagar quando distantes
mais bonito quando temos colo
mais triste quando restam saudades
as histórias tem mais sentido
e a vontade de crescer é infinita


Pelo pai e a mãe:
Eu ladrilharia ruas
criaria as mais intensas poesias
derramaria as mais verdadeiras lágrimas
daria as mais cobiçadas gargalhadas
mentiria para evitar-lhes sofrimentos
e sofreria por eles, se pudesse em todos os momentos


Um final de semana com pai e mãe:
Vontade abrupta de lançar-me em lágrimas
de roçar-lhe a barba
de pegar na mão
de contar segredos
de esvaziar pensamentos, incertezas e confusões
Vontade de dançar até a última música
de tocar todos os violões
Vontade de caminhar de mão dada pela rua mais frenética da minha realidade
e de braços abertos voltar as ruas que nasci..


Uma vida com pai e mãe
Criaria um caminho de neve branca e leve que os levasse ao outro lado das dunas
lhes mostraria o mar
traria a brisa a seus dias
e lhes daria metáforas ao final da tarde
Chegaria ao topo do mundo para gritar-lhes
Todos os pensamentos bons, as consquistas bonitas
os resguardaria das mãos secas, dos dias longos e frios
os guardaria da realidade tão nua, tão pesada


Mas eu sou uma filha, apenas mais uma, e por isso tão importante. E sendo filha lhes trago problemas, confusões, mais peso, alegrias, poesias, fantasias. Lhes trago o peso de cada fase da vida e a leveza de mais um dia nas suas vidas. Como filha, eu os amo, eu sinto falta deles, e eu tenho necessidade de lutar para lhes dar uma vida melhor.
Bom, este texto é um pequeno desabafo de uma filha que passou o final de semana com os pais, que estão longe sempre a guiar, sempre a lutar. E amigos, se vocês soubessem da história, da humanidade e da força desses meus pais, vocês também chorariam ao vê-los partir...
Não tem preço, não tem documento, não tem sentimento que seja capaz de explicar a vontade que tenho de dar-lhes o mundo, de dar-lhes o tudo...tão breve, tão pequeno...Apenas mais um abraço de pai e mãe...
Guria, não te detenhas, segues em frente e não olhe para traz...Mas como é difícil engolir a lágrima que toca mais uma vez o olhar...

martedì, agosto 19, 2008

E o vento? Mas eu queria um caramelo...


A madrugada corre solta lá fora.
Do lado uma xícara de chá.
Canções de Edith Piaf.
Gotas de silêncio.
Devasto a sede dos meus matagais.
Os pensamentos devorados
E o vento meu amigo
não me procurou
As multidões são arrastadas
e a garganta seca como o lábio
tudo tão furioso.


E o meu amigo vento?
Mais um gole de chá.
Baby, quanto vale um homem?
Estrangularia meu riso.
E mais um gole de chá
Vento amordaça minha retina
Tudo é vontade de olhar e te tocar
uma vez mais...
um caramelo chegou ao fim
deixa então uma vez mais eu te provar...


Um táxi
e eu devoraria também as calçadas
Não admito que me fale assim
todos me chamam
vamos ver o mar
mais um gole de chá
brisa e incansáveis metáforas
Cala- te boca, companheiro
eu quero apenas um caramelo
e o silêncio de mais um cometa
Estrangularia minhas lágrimas...


Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.....cala-te..................chega de gritar....................




lunedì, agosto 18, 2008

Saltaria a janela. Mas o piano toca


As notas são dedilhadas na minha espinha gélida. Caem vozes dos precipícios cerúleos da face quase desnuda. Gargalham os fantasmas atrás da porta. Sobem devagar teus passos pela velha calçada. E as notas frias, violentas se jogam no cobertor quente dos outros olhos.

Um piano. A canção. A sala de jantar. E os pares pelos lados. As janelas são grandes. Me tiraste para dançar. Um passo. Dois passos. Teus olhos. Meus olhos. E tudo é leve. As notas, porém pesam. É a brisa lá de fora. O filme mal traçado. O cavalo levemente amarrado. Uma estrada estreita. A mata ainda molhada. O vestido apertado. Tuas mãos calejadas.

O piano. As mãos soam as badaladas. Me tiras mais uma vez para dançar. Cúmplices. Românticos devaneios. O filme. Os olhos. Estás a ver as escadas. E o vento nas grandes janelas. Lá fora. Tudo repousa infinitamente calmo.

Tudo devora minha alma. Corro mais uma vez. Os passos apressados. A mata é densa. A chuva é forte. E as janelas, tão belas. E teus cabelos longos. Os seios. Os mais doces e quietos seios. É ela na madrugada. E o cavalo também já partiu.

O piano na sala. A grade sala toca, toca. Os passos cessam. As escadas emudecem. Você não volta. Eu não olho. A janela se fecha. A mata seca. As folhas repousam. E tudo é inverno mais uma vez. Mas, o piano ainda toca. O filme devagar roda. Danço suavemente com a minha solidão...

Emudecem-se. Todos caem. Nada sã. Tudo vão. O piano toca. Espinha retorce-se. O piano e a espinha cúmplices natos, agora que a janela permanece fechada.

domenica, agosto 17, 2008

Opa...os tímpanos..


Os típanos já estão ausentes de mim. Os pés tremem embaixo da mesa, no meio da poeira. Mas tudo é pó, tudo é vontade alucinada de trepar ao topo do mundo e gritar exaustivamente até os confins dos becos de Paris me ouvirem. Sou toda pó e solidão, sou toda pele calejada de mastigar as palavras. E a pele treme ao tocar. As mãos balbuciam mais um breve instante de poesia.Tudo é retógrado nas minhas rugas cansadas. Tenho chorado, mas também tenho deitado no meio da rua para olhar as estrelas. Mas e o caos. Caos fumegante nas entranhas, nos meus dedos entrelaçados. Foda-se a poesia, a rima, a fotografia, a insanidade que invade meu corpo, tenta me seduzir, me leva pra cama, me chama de amor. Mas és a insanidade, invade o poros se deita comigo, cospe na minha boca. E eu vegeto, viro uma mera degustadora de insanos pensamentos carrascos. Ai, mas quem me dera mais uma vez os cheiros daqueles becos, desacertados encontros frenéticos de uma possuída madrugada. Eu quero me abandonar, e encontrar os cavalos galopantes que me levam ao outro lado do universo. Transporia os gostos das meretrizes e me diverteria com a própria incerteza de viver. Queria que o mundo sentisse meus órgãos dançando neste momento. Tudo é visceral, tudo é uma sensação de torpor dançante...

Relatos de dias cinzas...


Um gosto amargo na boca
o estômago embrulhado
tudo ainda é fétido em mim
da cor das paredes cinzas
do cheiro azedo de velhos tempos....

Um gosto muito amargo na droga da boca
um telefone com vontade de tocar
os cabelos impregnados de cigarro
da cor cinza de uma noite vazia
do cheiro podre de velhas atitudes...

Um gosto ainda mais amargo na boca
palavras escuras rasgadas
mãos cortadas de tanto escarro
e a felicidade momentânea foi levada
pelo álcool, pela insanidade, pela inverdade...

Sou uma poeta infame
que delira vagacidades
numa tarde faminta,
tenho um gosto amargo na boca
e queria apenas sentir fome...
queria apenas acreditar que acordei...

Palavras que são resquícios de um final de semana degradante, que a Fran muito humana, inspira a Fran poeta e imaginária...para rimas nada coerentes e para realidade nada satisfatória...A querem saber foda-se a racionalidade...eu estou sofrendo. POnto. E tenho certeza que a Fran também está, só pra variar.... Mas aprendi que o maior erro na vida é fugir da dor...nada pode servir como válvula de escapa quando se é um eterno romântico apaixonado pela vida. Por isso, eu vivo minha dor, incolor...e hoje sem sabor...

martedì, agosto 12, 2008

escrevo e brinco com a descrença


Às vezes eu escrevo que as flores falam devagar comigo no meio da madrugada.
às vezes eu escrevo que o mundo grita calejando meu ouvido
às vezes eu escrevo que Deus existe de mansinho na cabeceira da minha cama
às vezes eu escrevo que os caminhos são tortuosos engoliram minha face
às vezes eu escrevo que a insanidade caminha lado a lado cá comigo
às vezes eu escrevo como um poeta, em outra como um passarinho
às vezes eu não escrevo...
às vezes eu apenas vegeto em frente ao espelho pálido...

às vezes eu escrevo, para que me leias...e eu deixe ser apenas um ser incrédulo e patife no meio de tanta vida...

sabato, agosto 09, 2008

desabafo desafinado em meio a racionalidade...

noite
vaga
poeticamente indelicada
noite
clara
poeticamente desnecessária
noite
amarga
poeticamente nada
tudo em mim é caos
saudade
confusa noite
só mais uma...

meias novas
e o cheiro do moleton...

venerdì, agosto 08, 2008

Palavras...relações..toxidades..

Uma linha
racionalidade
insanidade.
Apenas um suspiro
e eu passo poeticamente
de um lado
para outro

com as mãos pesadas
com sangue nas veias
com frieza
De um lado
de outro
uma linha tênue
o homem
o animal
racional
tudo insano

Me sinto assim
ora na linha
ora de um lado
ora ali, do outro
toxidades


E você sabe onde está?
você quer apenas acreditar
somos uma relação tóxica
toxidades nos mantém
de um lado
de outro

mercoledì, agosto 06, 2008

Uma tragédia...quem nunca teve?

Ontem eu precisava respirar, mais fundo, mais brando, mais intenso. Hoje eu continuo precisando respirar, no entanto, ontem eu encontrei o lugar. O Teatro Caixa Preta da UFSm é um lugarzinho particular no mundo. Até os mais insensíveis seriam capaz de sentir a energia que existe entre aquelas paredes, que são cercadas de mitos, de lendas e muito mais de vontade.

E ficar por ali sentindo a energia da inquietação daqueles atores em dias de estréia, me fez respirar bem devagar, com menos angústia. E eu tinha certeza que ali queria ficar, como se aquele fosse o único e último lugar do mundo. Sentiria pés de ventos, os braços leves, os passos tensos. Quem sabe tudo estaria equilibrado no platô, quem sabe mais um pouco, no que ainda não estaria no palco.

Mas eu estava ali para respirar, aliás para fotografar. Respirei, fotografei, e um pouco de mim ficou ali - sem maldade, sem sacrifícios. Um pouco de mim, o melhor de mim ficou ali, o outro tanto melhor saiu para a rua comigo. O pior? As energias tratariam de dissipar...

Bom, mas voltamos as fotos, aos atores, ao espetáculo: OTELO - O Mouro de Veneza - no Teatro Treze de Maio - 07 e 08 de agosto. O espetáculo promete. Uma tragédia clássica, em ares contemporâneos. E quem não tem tragédia, quem não tem exageros??? Eu tenho e por vezes me arrependo...

lunedì, agosto 04, 2008

O caminho da universidade já foi tão familiar em outros tempos. Agora já me parecia estranho, apesar de estar no mesmo lugar. Peguei o ônibus no centro e durmi, batendo a cabeça no vidro da janela (velho costume). Por vezes acordava e apreciava a paisagem do caminho, sem muitas diferenças.

Na época da UFSM as estações do ano passavam rápidas, algumas frias, outras nem tanto, mas as mudanças no clima e na vegetação estavam já tão adaptadas ao meu dia-a-dia que não veria maiores mudanças. A percepção era leve. Mas hoje depois de tanto tempo ser por meus olhos naqueles ares, percebo que é inverno e no campus as árvores estão secas, sem folhas, poucas sombras, mas muitas sombras.

A paisagem me deixou triste, estava tudo meio vazio, eu queria sair dali. Peguei um ônibus de volta. Mas no caminho percebi que nem a mais brusca primavera hoje me faria ver o dia diferente....Nervoso, sem folhas, sem vida....E eu queria uma última vez te fotografar com as retinas dos meus olhos nus...