As notas são dedilhadas na minha espinha gélida. Caem vozes dos precipícios cerúleos da face quase desnuda. Gargalham os fantasmas atrás da porta. Sobem devagar teus passos pela velha calçada. E as notas frias, violentas se jogam no cobertor quente dos outros olhos.
Um piano. A canção. A sala de jantar. E os pares pelos lados. As janelas são grandes. Me tiraste para dançar. Um passo. Dois passos. Teus olhos. Meus olhos. E tudo é leve. As notas, porém pesam. É a brisa lá de fora. O filme mal traçado. O cavalo levemente amarrado. Uma estrada estreita. A mata ainda molhada. O vestido apertado. Tuas mãos calejadas.
O piano. As mãos soam as badaladas. Me tiras mais uma vez para dançar. Cúmplices. Românticos devaneios. O filme. Os olhos. Estás a ver as escadas. E o vento nas grandes janelas. Lá fora. Tudo repousa infinitamente calmo.
Tudo devora minha alma. Corro mais uma vez. Os passos apressados. A mata é densa. A chuva é forte. E as janelas, tão belas. E teus cabelos longos. Os seios. Os mais doces e quietos seios. É ela na madrugada. E o cavalo também já partiu.
O piano na sala. A grade sala toca, toca. Os passos cessam. As escadas emudecem. Você não volta. Eu não olho. A janela se fecha. A mata seca. As folhas repousam. E tudo é inverno mais uma vez. Mas, o piano ainda toca. O filme devagar roda. Danço suavemente com a minha solidão...
Emudecem-se. Todos caem. Nada sã. Tudo vão. O piano toca. Espinha retorce-se. O piano e a espinha cúmplices natos, agora que a janela permanece fechada.
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