giovedì, aprile 27, 2006

O fato é que ela, ele estavam lá...

Dentro de mim, dentro dela...

De longe o sol apreciava a imobilidade fria daquela construção. Perdida no meio do nada, ela permanecia intacta e soberana. Os raios do sol ultrapassavam suas vidraças antigas e grandes e cobriam seu interior com riscos de luz que se confundiam com a poeira envolta no ar.

Ao seu lado, permanecia parado o sino que antes tantas vezes fora tocado. Dono de seu próprio ritmo, no alto da armadura, ele busca resguardar sua eterna companheira imórbida sensação de vazio.


Da casinha ressaltava suas grandes portas e janelas e a curiosidade de desvelar aquele mistério instigava meu espírito inconformado com a ausência de definição.

Abri a porta lentamente, deixei que uma fresta de luz entrasse pela sua beirada entreaberta. Aos poucos aquela escuridão sóbria foi se desfazendo e a luz que antes era uma mera invasora, agora vai dando forma ao que lá dentro permanecia intacto e desconhecido.

Devagar a cadeira balançava num ritmo constante e por vezes parecendo sem vida. O barulho do balançar da cadeira não me incomoda tanto quanto a presença dele sentado ali naquele lugar.

Permanecia ali, sem notar minha presença, concentrado nas páginas de um livro, percebi que em sua mente perpassava idéias e dúvidas. Em alguns momentos descruzava as pernas num movimento bruto, mas de nenhuma forma desviava o olhar daquelas páginas que já faziam parte até mesmo do movimento ininterrupto e perturbador.

Pele morena, óculos postados sobre os olhos, cabelos desarranjados, uma roupa condizente com o ambiente sombrio, porém não menos digna.

Não tive coragem de me aproximar e nem quis reconhecer seu rosto. Estava consciente de que aquele era seu mundo e não devia perturbá-lo. Lentamente dei dois passos para trás em direção a porta, toquei na fechadura gelada e sem qualquer sinal de transtorno sai devagar, dei uma última olhada e fechei a porta.


A luz da porta se apagou, mas das janelas o sol ainda brilhava constantemente. Nas escadas mais uma vez aprecio aquela atmosfera de sobriedade da velha casa. Estive com o poeta que insiste em persistir dentro de mim, mas dele não quis nada, nem mesmo perceber seus traços, quero apenas a dignidade de suas poesias construídas no balançar da cadeira. E o sino a de tocar quando a próxima poesia nascer daquelas páginas e daquele ritmo constante de vida.


Poesia, luz, sombra, sem forma e cor, apenas vida... Fotos de uma simples igrejinha perdida no Campus da Universidade Estadual de Londrina.

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