lunedì, aprile 03, 2006

Nada com um envolvente livro...

O Domingo a noite traz consigo um certo ar de melancolia. Mas naquele Domingo algo a mais batia no arvoredo, denunciando o inverno que se aproximava. Longe ouvia cachorros acoando e na penumbra do meu quarto abria um livro de suspense.

Sempre fui apaixonada por narrativas envolventes, onde personagens tomam vida própria e passam na minha mente a fazer parte desse mundo. Normalmente me envolvo nas histórias de tal forma, que recrio os lugares, seus rostos. E no livro A Sangue frio não estava sendo diferente, mergulhei naquele universo de Holcomb, às 00: 47 de Domingo e passo a recriar no meu imaginário todo aquela ar de suspense que envolve a trama.

Concentrada na leitura, nem percebo mais a penumbra que envolve aquela noite fria, até que de repente em meio aquela leitura meio que real e literária ouço do lado do meu quarto barulhos estranhos. No começo era barulho de um filme de terror assistido pelos vizinhos, mas aos poucos começo a confundir aqueles sons com a atmosfera de suspense que perpassa no livro.

Creio que Capote jamais imaginaria tal efeito na vida de um leitor. Transgrido ao mundo real e penetro naquele mundo de perversidade e crime. Os ruídos do quarto vizinho se atenuam, agora ouço passos e até mesmo gritos. Por momentos cheguei a acreditar que estava em Holcomb, onde se passa a história de A Sangue Frio e imagino que posso ser a testemunha do assassinato que está prestes a acontecer. Mas ali do lado ou na família do Sr. Clutter. Chego ao ápice da imaginação e já sinto o vento bater mais forte como sinal de morte.

Mas, então batem na porta do meu quarto, pensei que fosse Willie-Jay que Dick o assassino sanguinário não encontrou, ou então o Sr. Clutter se arrastando depois de um tiro, ou meus vizinhos assustados com o filme que viam. Pensei muito antes de levantar da minha cama e atender a porta, pois para isso teria de fechar o livro e desviar minha atenção, e por nada nesse mundo queria me livrar daquela sensação de Ter penetrado tão intensamente na história. O fato é que fechei o livro e abri a porta..

Abri a porta da realidade e fechei a fantasia que somente o livro e suas histórias são capazes de trazer. Essa é a magia que me faz todos os dias dedicar alguns minutos para a leitura de uma boa literatura.

Noite de outono, vento frio, Trumam Capote e luz baixa, um ótimo final de Domingo.

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