mercoledì, gennaio 31, 2007

"Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação"

Foto: Francieli Rebelatto


Foi, assim que o encontrei, andando pelas ruas de Santa Maria. Numa realidade que poucos conhecem. Nas ruas, que poucos ônibus passam, a moradia é de risco, o lixo toma conta das ruas de terra onde os moradores tiveram que deixar suas casas para que ruas alternativas fossem abertas para os carros passar. Nas ruas de Santa Maria, em que, segundo Seu Carlos o policiamento não existe e que Dona Maria sofre com esgoto correndo ao lado da porta de casa onde as crianças brincam sem perceber o perigo. É ali que encontro o descaso da mídia que trata todos como bandidos, é ali que encontro o descaso da prefeitura que trata á todos como eleitores e nada mais.

Em meio a tudo isso eu encontro ele, na verdade eu encontro eles, encontro gente humilde que conversa sentado na frente da venda. Encontro um som alto bombando funk às nove da manhã, encontro o seu Ronaldo que por onde passa cumprimenta à todos. E principalmente é ali que encontro a melhor cuca que já comi na minha vida, e por apenas R$0,40 centavos. Acreditem, tudo isso eu encontro nas ruas de Santa Maria, mas não nas ruas que vocês estão acostumados a ver, nas ruas que poucos sabem que existe.

Mas, enfim em meio a tudo isso, eu encontro ele tão pequeno, assim a me olhar. E quem não entende esse olhar, não entende nenhuma das minhas palavras. Se bem, que em meio a tudo isso, ali na porta de uma casinha, mal ajeitada, dizia: Aqui mora uma família feliz. E eu então, acho que ali pude ser um pouco mais feliz, um pouco mais verdadeira.


Um desabafo, e um pouco da realidade da Zona Norte de Santa Maria. Minha indignação e apenas isso. E mais uma vez enquanto estava lá a fotografar a prefeitura aparecer, deu aquela espiadinha e ligou dizendo que na próxima semana tudo será solucionado. Enquanto isso, eu esbravejo e Dona Maria espera angustiada.

martedì, gennaio 30, 2007

Ao longe eles me interpelam, e eu me calo...

Sentar na janela empoeirada do quarto e fumar um cigarro vagarosamente, como se tentasse queimar todos os pormenores da nossa vida alheia, obscura e incompreensível.

Deitar à tarde, embrulhado num lençol velho trazido lá da casa da avó, abraçar o travesseiro volumoso e com ele dividir os medos da luz que está disposta em baixo da porta.

Andar pela casa estranha e dividir o ar com estes seres que já estranhos também lhe parecem ser. Andar disperso, pouco, inseguro, calado, apenas andar sob passos mal-feitos, intimistas o suficiente que até mesmo sopram filosofia pelo soalho violentamente desacreditado.

Silenciar perante o dia que inicia e a noite leve que repousa sob as opiniões alheias. Silenciar perante os braços fracos, a mente lenta e a incerteza do que não se quer transformar.


E em tudo isso se perguntar: Perguntas mansas, abruptas, descrentes, maldizentes. Perguntas caladas, perspicazes, sem sentido, sem volume, quanto mais resposta. Perguntas que pairam no olhar apagado e vulnerável do rosto encoberto pela barba mal-feita.

Calar, silenciar, pensar, refletir, ser, apenas caminhar, devagar, não ser mais. Quem sabe então respostas, e mais perguntas, e mais dúvidas e mais incertezas.

Tudo isso, amigo me dizes que sentes nesses dias incertos de calor e frio. Digo-te, então, meu caro amigo a vida é isso uma INCONSTANTE PERVERSIDADE DE DÚVIDAS OBSCURAS QUE DESAFIAM NOSSO SER INFINITAMENTE. Para quê? Se dentre tudo isso, a dor é tão grande, tão fria, tão desmerecida. Mas, a dor faz sentir cada parte de teu corpo, da tua alma, e da tua mente. A dor te faz ser de verdade e te faz encontrar quem de fato é. E mais nada, te digo, senão essa poesia. Mais nada te ofereço senão meu silêncio.

sabato, gennaio 27, 2007

It's Up to You!!!

Acredito no sorriso facero, e inocente. No sorriso tranquilo e perpicaz. Acredito na pele clara, negra, morena, vermelha, enfim, acredito na pele. Acredito no brilho do olhar maroto. Acredito no olhar quieto e desconfiado. Acredito na brincadeira mais feliz, dos passos mais marcados, ou apenas nos passos.


Acredito na vaidade bonita. Na beleza morena, na beleza da vida. Acredito na possibilidade, na infância e independente da idade. Acredito na tua fé, na minha fé, e na fé de quem crê em dias melhores.


Acredito no medo, na fraqueza, acredito em que apenas quer viver. Acredito, no ciclo natural da vida e na certeza de que crescemos sem ao menos perceber. Acredito que o dia é possível, a noite é imprescindível e lado a lado podemos estar.



Acredito na esperança, na confiança. Acredito na criança em mim, na criança em ti, e em qualquer criança. Acredito na possibilidade da mudança e você já sabe no que acreditar. Que tal começar por acreditar em ti?

Uma breve homenagem ao pessoal da AIESEC Santa Maria, pela confiança, e ao Projeto Uhuru, que certamente vai ser mais brilho no olhar. Eu já acredito em tudo isso.

Nas fotos crianças Kaigangues de Charrua. Brincamos numa tarde de sol.

giovedì, gennaio 25, 2007

Suor e torpor...

Teria deixado derramar o suor tolo
Do corpo despedaçado que corrói
Preferi o desassossego da incerteza
Ao espelho nu e descrente


Teria descoberto o escorrer das mãos
Das pernas dilatadas e maldizentes
Preferi o refúgio do medo banal
Ao brilho escandaloso do sorriso que se abria

Teria descrito cenas sedentas
do sexo exageradamente falso
Prefiri esquecer os desejos lépidos
Ao tocar tua virilidade senil


Prefiri esconder-me em ti
Ao reconhecer minhas próprias mãos.

Ao perceber meu prórprio suor e meu próprio torpor.

Poesia: Francieli Rebelatto

Foto: Francieli Rebelatto

Ator: Cícero, lindão

martedì, gennaio 23, 2007

Furiosamente foste meu! Que ilusão!

Furiosamente me despi

das máscaras ocultas da minha alma

Furiosamente te seduzi

com frenética loucura incontida.


Furiosamente me entreguei

aos desejos desumanos das minhas entranhas

Furiosamente te possui

entre as coxas rijas de teu ser.


Furiosamente me desfiz

dos pudores malfeitos pelo dia

Furiosamente mergulhei

na perversidade maldita de teus olhos.


Furiosamente te amei

na presença ausente de teu ser

Furiosamente gozei

entre minha mão, você.


Furiosamente quero te sentir

na ausência de ilusão

Furiosamente viver

De fato essa perdição.



Nesses longas noites de devaneios sórdidos, sonho pensamentos lascivos sobre mm mesmo, sobre a possibilidade do encontro frenético de nossos corpos imensamente dilatados pelos desejos indecentes movidos pela saudade. Assim, descrevemos vidas, possibilidades, caminhos, descrevemos cenas, sonhos, verdades. Lembramos de pele, de cheiro, de atitude. Dos olhos, da boca, do gemido, da palavra no fundo da garganta, da sensação de tua presença. Lembramos o que fomos, vivemos o que poderíamos e escrevemos o que queremos.

E isso te basta Satania?

Não, isso só basta para que Satania, mais uma vez se desmascare perante a vida.

domenica, gennaio 21, 2007

O que dizer sobre cavalos?

Ai, os cavalos, o que dizer sobre os cavalos? Que são altos, velozes, bonitos. Que são esquivos, faceros e Bonitos ( de novo). Pois é, os cavalos. São como gente!

Sim, sai para aquele meu passei matinal de domingo (já ao meio-dia) para registrar algumas coisas dessa linda natureza (verde por sinal). E eles estavam ali separados por aqueles verdes amarras da vida, mas devagar roçavam seus pescoços, num ritual minucioso de acasalamento, quem sabe apenas de amizade fraterna, mas era visível que se amavam.

E é óbvio que eu viajei na minha sentimentalidade de poeta e trouxe isso para a vida de Satania, que se sentia assim presa as amarras verdes da vida, mas enfim, quantos cavalos, aliás pessoas não estão assim, a roçar mansamente quem amam por não poderem o contato brusco de um encontro possível?

Quem de nós um dia não se sentiu, assim, com vontade de pular aquele obstáculo ali do lado para ficar mais próximo, para amar de verdade. Pular os quilômetros, as horas, os anos, pular a impossibilidade, pular o passado e ter um presente com novos olhares. Pular as diferenças étnicas, financeiras, de personalidade. Quem? me diz, quem não fez isso, que atire a primeira pedra (nossa, mas que Clichê). Quem , será o primeiro a proferir tal injúria.

Satania que está aqui ao meu lado, diz que apesar de todas essas amarras e impossibilidades, sempre há motivos para o olho verde brilhar e para roçar devagar quem a gente ama...Até os cavalos fazem isso... E eu, amo cavalos (animais, claro).



Minha Homenagem para os cavalos e para quem ama de verdade ...

giovedì, gennaio 18, 2007

Ando por aí tentando te encontrar: em cada esquina, em cada olhar!!!

Queria eu também encontrar uma tartaruga gigante com cara de leão e nela mergulhar como se mergulha na própria solidão. Fugiria do dia, da noite, da lamúria. Fugiria do sorriso, da falsidade, da maldade, da própria vida.

Lá dentro me alimentaria do contato com a pele interna da minha tartaruga e ela também de mim tiraria tudo que precisasse. Seríamos cúmplices de segredos perversos, de desejos indecentes. Caminharíamos de mão dadas pelos caminhos tortuosos e bonitos da face escondida de nosso futuro incerto.

Sentiria suas curvas e tessituras, me sentiria mais plena e segura. E então, depois da intimidade bonita de nossos dias resgataria daqui de fora também aquela face da qual desejaria dividir minha alegria. Aquela face que faz meu olho resplandecer, mergulhar sem sentido nas poesias indevidas.

Nós três passaríamos longas noites cantando ao sabor das nossas peles úmidas, delirando sonhos verdes como nossos olhos, seríamos amantes vulgares dentro da nossa tartaruga e seríamos conde e duqueza nas vielas internas de nosso mundo, do nosso refúgio encantado.


Enfim, queria eu viver dentro de uma tartaruga gigante, queria eu te roubar pra dentro dela: fugiria da tarde quente, da chuva fria, dos olhos invejosos e das possibilidades do findar do dia. Fugiria das minhas fraquezas, das minhas vontades fugidias e seria eu, seríamos nós: plenos, dignos, seríamos enfim verdadeiros e isso nos bastaria.

Porém, cá estou! Divagando em palavras descuidadas, entre decepções dilaceradas. Vivendo entre ilusões maltratadas, entre a saudade desolada. Entre tua falta e a procura de uma tartaruga. Por isso, sinto vontade de gritar ao mergulhar nas entranhas da minha tartaruga.

Venho até vocês, me refugiando em Satania, para lhes pedir que ao encontrarem uma tartaruga gigante, com cara de leão e que come pílulas coloridas que gritem bem alto, para que ao soar o final dessas palavras eu possa então me refugiar.

martedì, gennaio 16, 2007

Meus passos me levam a ti!!!!!

Passos consistentes
Numa tarde vazia
Passos certos
Da imagem que viria

O vi, e isso bastou aos meus passos
Constrangidos,
Orgulhosos, mal definidos
Passos em direção a ti



Passos de costas
Ouviam tua voz, tua risada fria
Passos de frente
E mais uma vez tais olhos veria

Raiva sentiam meus passos
De explicações imprecisas
Paixão sentiam meus passos
Pois te tinha um pouco naquele dia.



Passos machucados
Pelo caminho a que me condenas
Passos manchados
Pela incerteza que os veneras...

domenica, gennaio 14, 2007

Ilusões, Frustações e cadê a criança que existia em mim?

Creio que quando se é criança a vida é mais fácil! As ilusões não são percebidas e as frustações são tão pequenas, menores que nosso tamanho. Quando criança nos apaixonamos de verdade pelas coisas e batemos o pé quando as queremos. A nossa curiosidade de criança nos faz mais versáteis, mais poderosos. O limite é o dedo na tomada, é o pote que caí de cima do armário, é a palmada na mão.

Foto: Márcio Santos, na UFSM.

Às vezes tento ser criança, mas aí percebo já saber que dedo na tomada da choque; o pote não vai cair por que sou alta o suficiente para alcançá-lo e as palmadas da mãe vão ser substituídas por conversas demoradas, e muitas vezes incompreensíveis.

Quando deixamos de ser criança perdemos a emoção pela vida, a emoção de ver um verdadeiro olhar e levamos choque mesmo sem o dedo estar na tomada, derrubamos situações por não percebemos sua beleza, e não ouvimos a mãe, pois esta está longe.

Quando deixamos de ser criança percebemos que as ilusões nos machucam, que as frustações nos pertubam e que as paixões... Bom, as paixões nos deixam assim, chorosos, poetas, descrentes...porém vivos e com um restinho de brilho no olhar de quando éramos criança.

Este post é totalmente Francieli Rebelatto sem nenhum devaneio poético, sem nenhuma perspectica de mascarar a própria vida. É a Fran, tentando justificar seus erros por ser apaixonada e ainda muito emocionada com a vida. É a Fran se decepcionando com as ilusões, chorando pelas frustações. É a Fran lutando por vencer uma grande paixão. E acreditem é a Fran admitindo que não consegue ter domínio de seus sentimentos. Pois ela, aliás eu, amo de verdade a vida e tais olhos.

Pronto, agora fecho as cortinas, tiro o figurino e espero o público me aplaudir, nos batidores choro pois mais uma vez perceber que a personagem fui eu mesma.

mercoledì, gennaio 10, 2007

Se atreves a me dizer que tem muito verde!!!

Hoje tiveram a audácia de fazer um comentário sem graça de que meu blog teria muito verde. E eu muito poeta e apaixonada que sou, olhei nos olhos de tal pessoa e pensei comigo: Maldito se tu soubesse de tudo que vejo e penso sobre esse teu olhar verde.

Então, confirmei o que teria dito no dia anterior:
Amo o verde do teu olhar
Quero-o nos meus
Olha-me!
delonge ao menos enquanto ainda não é meu!


Falo de verde, por que não preciso falar do rosa das rosas. Elas falam por si, tem a poesia no mais íntimo das pétalas sobrepostas. Eu não falo do azul do céu, da beira do rio e da imensidão da natureza, por eles também já falam por si nas entrelinhas de sua grandeza.



Eu falo de teus olhos verdes somente, que carregam tudo isso em tão verdadeiro brilho, em tão desejado encontro... Sim, e depois disso chego a conclusão de que sou uma poeta brega, predestinada a morrer pela melancolia do desejo do teu olhar....

domenica, gennaio 07, 2007

Sabe quando falo das incógnitas da vida em meio a meus poemas?


Pois é, falo de pessoas que fazem o teu olho brilhar de verdade, que sua presença te deixam nervosa pela vivacidade de sua alma. As incógnitas são assim poéticas, misteriosas, presentes, ausentes. São bonitas, sinceras, pequenas, grandiosas...Incógnitas porém.

Em alguns trechos de nossos poemas caminhom nos ladrilhos amarelos da vida ao nosso lado, em outros momentos, percorrem as calçadas distantes dos nossos passos mansos, por que os passos se tornam apressados, quem sabe vagos, quem sabe mais pleno...Caminhos porém.

E os olhares de tais incógnitas. Neles encontramos caminhos, suavidade, destreza, vontade, o que de mais bonito existe nele e por isso existe em nós. Reflito-me em tais olhos, pois acredito que tais incógnitas também são parte de mim... Olhares, porém...És uma incógnita na minha vida, por isso é poesia, por isso és mais bonita, por isso te quero sempre nas entrelinhas dos meus dias e entre as escolhas do meu caminho...

Fran, com uma vontade enorme de celebrar a beleza da vida...a fragilidade da vida, a grandeza da vida..os trilhos da vida, os alicerces da vida...Os caminhos desconhecidos e possíveis que a vida me oferece...

venerdì, gennaio 05, 2007

2007...E as coisas importantes da vida...

Sessões nostálgicas de lembranças do passado. Família reunida, primos malandros, primas grávidas, todos quase adultos. A casa enorme fica pequena. Na memória e entre as conversas muitas recordações do que passou:

Sim, eu e minha prima vendemos um anel caríssimo do meu pai para uma colega a fim de comprar figuras de chiclete. Sim, eu brigava com todo mundo por que queria ser igual ao meu pai, para isso queria mijar de pé. Sim, nós brincávamos de carrinho de lomba e nos quebrávamos nas pedras que estavam no caminho. Sim, nós brincávamos de casinha e até hoje não sabemos quem desmanchava todos nossos brinquedos. Sim, nós éramos crianças, nós éramos feliz.

O cabelo era mais curto, alguns mais comprido. O peso era maior, ou então éramos mais magros. Futebol todas as noites, banho de rio, todos os dias no nosso Parque Aquático Paraíso, que segundo meus primos eu tinha o prazer de acabar com tudo que eles arrumavam anteriormente.

Dias de lembranças, de acusações: foi você que fez isso, não eu. Depois de dias tentando reviver um pouco disso tudo, nos despedimos mais uma vez. Choramos? Decerto, muito, choramos a falta, à distância, o tempo. O tempo que apenas passa e deixa rugas em nossa pele frágil que um dia foi de criança, entramos então em mais um ano e eu levo comigo neste ano a imagem da minha família e do amor que sinto por eles.

E é isso que creio ser o grande alicerce da vida, quando os anos passam e tudo passa os laços que temos com nossa família, com amigos de verdade. São esses que fazem ser menos banal a passagem insensata do tempo sem sentido, sem volta, sem destino. Então, 2007!!!

Luz, paz, justiça nas entrelinhas de todas as poesias, nas entrelinhas de toda a vida, nas entrelinhas de todas as rugas que insistem em fazer parte do nosso rosto coberto por lágrimas de saudade.