Lembro-me perfeitamente das primeiras vezes que peguei uma fotografia na mão e comecei a entender o que se passava ali naquele papel, que era pequeno, P&B, ou então colorido com a cabeça do meu irmão, que era o maior cortada, mas enfim. E a máquina? Quando vi aquela máquina. Era quadrada, bem pequena, e uma coisa muito estranha se acoplava a ela, esse algo estranho era redondo, e quando posto na máquina girava. Sim, esse era o flash, mas se perguntam que máquina é essa, certamente não sei responder, pois essa uma relíquia é uma velha maquininha do meu pai, e que marcam nossas primeiras fotos em família.
Depois, já adolescente fui para o Beto Carrero e somente quando chaguei lá percebi que estava sem uma máquina fotográfica para registrar os melhores momentos. Não tive dúvidas resolvi comprar uma lá mesmo, por R$ 30,00 reais me lembro muito bem da façanha e da alegria de comprar uma máquina com detalhes verdes e que depois de cada foto tinha que tocar pra frente com o dedo para o filme se ajustar, num barulho muito constrangedor. Mas não é que a bichinha era boa, e muitas fotos interessantes guardo de dos filmes que ali gastei. E até hoje é certo a trago comigo. Minha “verdinha” como chama.
Mudadas as cores, a textura, mas jamais mudamos a essência
Não tardou muito e meu irmão um dia chegou em casa com uma baita máquina. Nossa, me lembro que na ocasião fiquei muito impressionada, a queria pra mim. Era uma zenit, uma simples zenit, mas que convenhamos é um espetáculo para tirar umas fotos, por mais que hoje ela não me surpreenda mais tanto.
Assim, quando entrei na faculdade resgatei a máquina do meu irmão para as aulas de fotojornalismo, e aí minha paixão começou a despontar de vez. Fechada no laboratório escuro, não me esqueço até hoje da sensação estranha de ver daquele papel jogado na bacia de produto químico nascer, e se concretizar por formas, por tons, enfim, um certo encantamento e dúvidas permeavam essa descoberta. Queria saber mais. Depois disso foi muito rápido que percebi as câmeras digitais e as analógicas profissionais.
Meu Deus, diafragma, obturador, lente, fotômetro, teóricos, fotógrafos, imagem, imagem. Isso, sim me pegou de vez, admito que meu círculo de amizade nesse momento já ficou recheado de ótimos e encantadores fotógrafos, que eu comecei a entender a paixão por esse dispositivo, ou arte? Que começou desde cedo naquela velha maquina enigmática do meu pai.
Foco, desfocado, tudo depende de como queremos compreender a vida
Hoje, sou apaixonada por máquinas, por fotógrafos e por fotografia, principalmente, mas muitas coisas me põem em confusão com essa arte. Sim, ainda reluto de certa forma, ao advento do photoshop, mas já o uso vagarosamente. Ainda não desisti da máquina analógica, mas já começo a perceber as qualidades da digital, a sua praticidade, e também a democratização que ela proporciona quanto ao seu acesso. Mas, como diz Fernando Ramos (o cara) me sinto feliz por perceber que mesmo estando no advento da máquina digital, nós passamos pelo advento da analógica e sabemos a magia de ver uma imagem saltando no papel, a espera de revelar um filme, de como funciona um diafragma e outros dispositivos que fazem à foto ficar desse ou daquele jeito.
Enfim, o importante é ser apaixonado, creio eu, ter força de vontade de ir atrás das coisas e óbvio ter feeling. Para aqueles que como eu acreditam ter fotografia na veia, ou desejo na alma, então recebam essa homenagem, como se fosse uma bela fotografia. E como diz meu colega Ricardo, OLHA O PASSARINHO! Ai vai dizer essa frase lembra cenas de filmes daquele barulho que sai de uma das primeiras máquinas e da fumaça que se espalha pelo ar. Quando criança sempre achava que tinha explodido a cabeça do fotógrafo por baixo do pano (hehehehehhe), criações de criança que eu acho que tem permanecer em nós para ver um bom momento de fotografar.